Durante debate na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), nesta terça-feira (17/03), para discutir a crise da cadeia produtiva da carne bovina, Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Carne Bovina (Abiec) reforçou, "não estamos solicitando pacote". Para o executivo da Abiec, é preciso haver acesso a linhas de crédito tradicionais, mas com juros mais baixos e prazos maiores, assim como a compensação de créditos tributários relativos ao recolhimento de PIS e Cofins.
Durante debate na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), nesta terça-feira (17/03), para discutir a crise da cadeia produtiva da carne bovina, Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Carne Bovina (Abiec) reforçou, “não estamos solicitando pacote”. Para o executivo da Abiec, é preciso haver acesso a linhas de crédito tradicionais, mas com juros mais baixos e prazos maiores, assim como a compensação de créditos tributários relativos ao recolhimento de PIS e Cofins.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, indicou que a liberação dos créditos tributários vem sendo defendida dentro do governo. Empresas exportadoras têm dificuldades para obter o ressarcimento do PIS e Cofins e ficam com esse potencial de recursos armazenado, sem uso. São créditos acumulados ao longo da cadeia produtiva, relativa à incidência dessa tributação sobre os insumos.
“Reivindicamos condições mínimas para trabalhar”, disse Giannetti. Ele disse que esses créditos dariam uma injeção de R$ 600 milhões ao setor e argumentou que 80% das compensações do PIS e Cofins poderiam ser liberadas automaticamente. Sugeriu ainda que esses créditos sejam utilizados para abater outros tributos, como Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “Se não aplicado na própria empresa, poderia ser transferido para outra empresa”, disse o executivo da Abiec.
Giannetti reclamou que mecanismos estabelecidos pelo Banco Central para que os bancos comerciais tivessem fôlego para conceder capital de giro e financiamento às exportações não surtiram efeito. Segundo Giannetti, o crédito continua escasso, restritivo e caro. Conforme o executivo da Abiec, os Adiantamento de Contratos de Crédito (ACCs) estão sendo concedidos com prazo máximo de 60 dias, embora fossem necessários contratos com prazos entre 180 e 360 dias. O setor exportador de carne bovina precisa de cerca de R$ 1,5 bilhão para linhas de pré-embarque.
Oito senadores da Comissão de Agricultura manifestaram-se favoráveis a um pacote de socorro ao setor. “Não pode demorar esse socorro do BNDES. Peço ao ministro que fale com o diretor do banco”, disse o futuro líder da Maioria no Senado, Valdir Raupp (PMDB-RO). “Se o BNDES não der recursos para quem pediu recuperação judicial, a situação vai piorar”, emendou o vice-presidente da comissão, senador Gilberto Göellner (DEM-MT). Os pecuaristas estimam ter R$ 700 milhões para receber dos frigoríficos em recuperação. “Concordamos com a ajuda, mas queremos receber”, disse Antenor Nogueira, da CNA.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, negou o rótulo de “pacote” às medidas em estudo no governo, mas admitiu que o BNDES avalia o caso de alguns frigoríficos. “Não há nada de concreto ou específico. O BNDES está fazendo análise de alguns frigoríficos, mas não há discussão de pacote. Pedi para avaliar a situação, até porque [o BNDES] é sócio de alguns deles”, disse. “O governo está aberto a encontrar o melhor caminho, mas não podemos adotar medidas gerais”, defendeu o ministro, que participou de recente reunião com o presidente Lula, no Planalto, em que ficou decidido o apoio oficial ao setor. “Precisa uma discussão mais profunda para ter clareza. Sabemos os reflexos da crise, mas há dúvidas. O setor deve quanto e para quem?”, indagou. “Há divergências dentro da própria Abiec. Cada caso é um caso. Me preocupam os pecuaristas. Este é o meu foco”.
Inadimplência
Em uma sugestão para auxiliar também frigoríficos exportadores de carne suína e de frango, Giannetti defendeu a realização de umas “missão financeira” à Rússia para convencer bancos e importadores a honrar compromissos. “Não é só a Abiec que tem problema. Sadia e Perdigão também têm problema de pagamento lá”. Se houver inadimplência dos importadores, disse, a situação ficará muito mais difícil. Para ele, as medidas são “lentas e tímidas” e falta “mais coragem” ao governo.
As informações são da Gazeta Mercantil e do Valor Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.
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Diante dos resultados da crise em nosso pais, varios frigorificos com pedidos de recuperação judicial, deixando pecuaristas, fornecedores e funcionarios demitidos e sem pagar seus direitos, somente aqui na minha região o frigorifico deixou R$ 7 milhões reais a ser pagos desde do ultimo dia 26.01.09, devido seus pedidos de recuperação judicial. E o governo ainda diz que nosso pais não estar em crise, brincadeira isso, se não for tomada uma providencia rapida isso pode ficar muito pior.
Qualquer ajuda é bem vinda quando se está bem intencionado.
O elo da industria na cadeia produtiva da carne a muitos anos vem massacrando o produtor, esse não tem BNDES nem seguro, mas tem invasão de terra, é processado injustamente por dar emprego sendo taxado de promover escravidão no campo e hoje com 700milhões a menos. É engraçado pra caramba.
Os diretores da seguradora AIG americana embolsaram o dinheiro que o governo emprestou para sair da crise. Olha que tem muito diretor e dono de industria frigorífica com a mala pronta e o bolso doido para sair da crise também.
Senhora ABIEC, vocês ainda não se canssaram de pedir dinheiro, essa grande quebradeira que esta ai, é fruto de má gestão, dinheiro facil, custo barato, só que um dia vence, e todos os grande não faziam contas, simplesmente perdiam muito dinheiro na operação, não se importavam com os pequenos e agora querem mais dinheiro. Vocês não acham que a conta tem que ser mais simples?? Pagar o preço justo no boi, reavaliar custos, reavaliar os jatinhos e vender carne para ganhar dinheiro e pagar o que se deve e também ganhar para investir. Dar bom dia com o chapéu dos outros é lindo.
Abraços e espero de coração que os frigorificos do Pais ganhem muito dinheiro para tornar a cadeia produtiva viavel neste Pais, tanto para a industria como para os produtores.
Fiquem com Deus.
O que falta ao governo é cobrar o FUNRUAL que vocês não recolhem (mas descontam do produtor). O que falta na verdade é falta de vergonha na cara dos frigorificos, em pagar 63,00(MT) 68,00(MS), e por ai adiante e vender a carne a 4,60 em (SP). Remunerem o boi como se deve, para não matar a produção e vendam a carne com lucro, para ganhar dinheiro de verdade, para pagar as contas, os investimentos etc.
Que cada elo da cadeia produtiva cumpra suas obrigações. Nós produtores, base de sustentação e justamente o elo mais fraco e desorganizado da cadeia, contamos no governo com a ponderação e sensatez do ministro Reinhold Stephanes que tem manifestado apoio aos produtores, não só na questão dos frigoríficos como na ambiental. Momentos de crise exigem agilidade de decisões e infelizmente esta não é uma característica do governo, principalmente a Agricultura que depende de decisões de outros ministérios (Fazenda, Meio Ambiente, etc). Cada dia que passa, milhões de prejuízos se acumulam e o buraco só aumenta.
Como disse o Sr. Giannetti, o governo tem parte da culpa no cartório, quando “sonega” o que é devido aos frigoríficos em créditos tributários, o que não é pouco. Mesmo não sendo uma obrigação do governo o adicional de crédito aos frigoríficos é sim, de grande interesse econômico e social para toda a sociedade, desde que as causas do problema justifiquem. O setor tem sido um dos grandes destaques em exportações e geração de empregos. Que se vincule cláusula de pagamento prioritário a produtores e prestadores de serviços como condição para esses créditos, para que não se rompa um elo que é da base do sistema.