Mercado Físico da Vaca – 07/12/09
7 de dezembro de 2009
Mercados Futuros – 08/12/09
9 de dezembro de 2009

Abras lança selo para produção sustentável de carne

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apresentou, em evento realizado em São Paulo, o Programa Abras de Certificação de Produção Responsável na Cadeia Bovina. Em linhas gerais, os supermercados que aderirem ao programa se comprometem a não comprar produtos de frigoríficos que comprarem carne de pecuaristas que não adotarem boas práticas ambientais e sociais. O Mapa, os frigoríficos e os produtores (CNA), ainda não assinaram o acordo.

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apresentou, em evento realizado em São Paulo, o Programa Abras de Certificação de Produção Responsável na Cadeia Bovina. Em linhas gerais, os supermercados que aderirem ao programa se comprometem a não comprar produtos de frigoríficos que comprarem carne de pecuaristas que não adotarem boas práticas ambientais e sociais.

Para garantir que os requisitos básicos do programa estão sendo atendidos, os frigoríficos terão de contratar empresas certificadoras pré-selecionadas pela Abras. Esse trabalho de certificação garantirá aos produtos uma espécie de selo comprovando a prática sustentável no processo produtivo, o Certificado de Produção Responsável na Cadeia Bovina, que deverá ser usado na embalagem da carne exposta aos consumidores.

As três maiores redes varejistas do País (Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart) já assinaram o acordo, além de varejistas de médio porte. “Somente essas três redes representam de 45% a 47% do mercado total. Esperamos, ainda para este mês, 50% de adesão e acreditamos ser possível chegar a 60% no início de 2010”, afirmou o presidente da Abras, Sussumu Honda.

Apesar de a Abras ter divulgado uma lista, também preliminar, dos frigoríficos que aderiram ao programa, efetivamente as empresas não assinaram nenhum acordo. Fontes das indústrias consideram que a iniciativa da entidade é positiva, mas que as exigências feitas, principalmente em relação a assumir a responsabilidade do pecuarista, ainda precisam ser ajustadas. “Se os frigoríficos não aderirem, não existe programa. Estamos ouvindo as indústrias para podermos fazer os ajustes que forem necessários ao longo do tempo, já que o processo é evolutivo”, afirma Honda.

Nos bastidores, a principal reclamação se dá em torno dos custos ligados ao programa, pois os frigoríficos arcam, sozinhos, com o pagamento às empresas contratadas para fazer a certificação. Honda afirma, no entanto, que o programa não implicará em aumento de preço da carne bovina para o consumidor. “O impacto no preço é praticamente inexistente”, disse.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que não sabe qual será o custo do programa para os frigoríficos, mas confia na adesão de toda a cadeia. “Se você tem de um mesmo lado o consumidor consciente e o elo final dessa cadeia, que são os supermercados, os frigoríficos que não se adequarem ficarão fora do mercado”, disse Minc, lembrando que no acordo semelhante assinado por produtores de soja contra o desmatamento ilegal, em 2006, muitos também se recusaram no início. “Mas o programa foi um sucesso. O pacto foi cumprido em 97% dos casos e a soja deixou de ser um fator relevante para o desmatamento da Amazônia”, afirmou.

Quanto aos pecuaristas que alegam a possibilidade de formação de cartel a partir dessa iniciativa, já que os supermercados só podem comprar carne de frigoríficos que assinarem o acordo, Minc disse considerar “normal” que apareçam reclamações. “Sempre quando algum novo procedimento é posto em marcha, os setores mais atrasados, que não querem investir na modernização, costumam reagir. Acho que isso é normal. Mas se eles não entrarem na legalidade, não vão colocar a carne nos supermercados”, declarou o ministro, que também esteve presente no evento.

Os itens que serão avaliados para a obtenção do certificado da Abras, no entanto, já são requisitados por diferentes órgãos, como o Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Trabalho e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Não criamos nenhum requisito, compilamos as exigências que já existem”, explicou Honda.

A pontuação que os frigoríficos terão a partir do processo de avaliação poderá evoluir a partir do primeiro ano de implantação do programa, ou seja, o nível de exigência das práticas sustentáveis aumentará ao longo do tempo. “Mas os requisitos críticos terão de ser cumpridos de imediato, como o uso de trabalho infantil ou escravo ou ocorrência de desmatamento ilegal a partir de 31 de julho de 2009 (data em que a Abras e os principais frigoríficos assinaram um termo de compromisso)”, afirmou o superintendente da Abras, Tiaraju Pires.

A Abras também assinou acordo de cooperação com o Ministério do Meio Ambiente, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério Público do Pará e deve assinar em breve com o Ministério da Agricultura.

As informações são da Agência Estado e Valor Econômico, publicadas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Antonio Pereira Lima disse:

    Até agora todas as inovações só prejudicaram o produtor rural,o Sr Honda tem razão quando diz que este custo não vai ter impacto no preço da carne,mas com certeza vai ter no preço do boi.
    O Sr Minc também tem razão em dizer que fazemos parte de um setor atrasado,porque os setores evoluídos jamais aceitariam tantas imposições e o pior ,calado.Ao meu ver isto tudo é para desviar a atenção das quase 2 bilhões de pessoas que passam fome no mundo,eu gostaria de ter o poder de vender meus poucos,que ainda restam,bois,somente aos supermercados que distribuíssem 10% dos seus lucros aos famintos do mundo,se o produtor tivesse o lucro,e lucro incessante,como tem os supermercados,poderíamos nos dar o luxo de doar a metade do nosso lucro,que ainda assim estaríamos em situação melhor que hoje.
    Um abraço
    PS:publíquem por favor

  2. Luiz Paulo Piotto disse:

    E o produtor leva outro ferro!

    Qual será o novo imposto? Vamos aguardar…

    O paragrafo que resume o artigo:

    Nos bastidores, a principal reclamação se dá em torno dos custos ligados ao programa, pois os frigoríficos arcam, sozinhos, com o pagamento às empresas contratadas para fazer a certificação. Honda afirma, no entanto, que o programa não implicará em aumento de preço da carne bovina para o consumidor. “O impacto no preço é praticamente inexistente”, disse.

    Sorte a todos nos.

  3. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Precisamos de mais dialogo.

    Os pecuristas precisam ser ouvidos e considerados. Não podemos esquecer que há controversias não sanadas envolvendo a legislação aplicável e que o código florestal esta sendo revisto neste momento.

    Mas antes de tudo precisamos ser honestos e deixar claro que o processo de certificação implica em novos custos e que sua absorção pelos elos da cadeia precisa ser melhor discutida.

    E o consumidor final e varejistas precisam estar de acordo em pagar uma parte da conta.

    Att,

  4. Humberto de Freitas Tavares disse:

    Pelo desenho inicial a que tive acesso, o programa lançado pela ABRAS, combinado com a lei 12097 de 24 de novembro de 2009 (íntegra em
    https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
    2010/2009/lei/l12097.htm), tem tudo para revolucionar a pecuária
    brasileira.

    Teremos finalmente certificação de ORIGEM, combinada com total
    rastreabilidade por lotes fundamentada em lei federal, sem necessidade
    dos ridículos, caros e inúteis brincos preconizados pelo aparvalhado
    SISBOV.

    O processo de acreditação vai ser acompanhado por certificadora de
    idoneidade internacionalmente reconhecida. Isso é muito importante,
    face aos recentes escândalos que o MAPA constatou nas “rastreadoras”.

    Devagar as coisas vão entrando nos eixos. Cumprimentos à ABRAS pela lição de realismo.

    Enquanto isso, o “representante” dos pecuaristas (quem o elegeu?) em

    https://beefpoint.com.br/cna-diz-que-nao-foi-ouvida-pela-abras-para
    -criacao-de-selo-e-se-opoe-ao-projeto_noticia_59092_15_155_.aspx

    promove um pífio boicote ao programa, interessadíssimo que está na
    manutencão do status quo, que lhe garantiria o “gerenciamento” do banco
    de dados do SISBOV. Deus nos acuda!

    Parece incrível, mas teve que vir gente de fora para nos ensinar a
    trabalhar direito.

    SISBOV? Não brinco mais!

  5. levino dias parmejiani disse:

    O MANTO AMBIENTAL
    No entanto, a partir de 1.994 o Brasil iniciou um ciclo de administração com seriedade no combate ao déficit público e à inflação despertando nos americanos e europeus a certeza de que nosso País bem administrado por um período de duas a três décadas poderia sair do estágio de subdesenvolvido para tornar-se um País Soberano. Isto é, deixar de ser um produtor de matérias prima em quantidade, qualidade e preços por eles determinado para se tornar um concorrente em todas as áreas do comércio.
    Era necessário impedir o despertar do gigante adormecido identificando-lhe e atacando seu “calcanhar de Aquiles”.
    Um carro, se quebrar uma roda, o mesmo para. A economia é como se tivesse quatro rodas, ou seja, a da agro-pecuária, a do comércio, a da indústria e a de serviços.
    Na economia brasileira a roda motriz é a da agro-pecuária (privilegiados pela natureza somos uma potencia agrícola). Alguma dúvida sobre nosso “calcanhar de Aquiles”?
    A “quebra” do México, da Rússia, dos Tigres Asiáticos e em 2002 a iminente eleição de um Presidente do PT fragilizaram nossa economia levando o Brasil a pedir socorro ao FMI.
    Conhecido nosso “calcanhar de Aquiles”, os momentos certos para os ataques foram dados por nossos pedidos de socorro ao FMI e os mesmos foram consumados inserindo em nossa Legislação a Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9605/98), o Decreto que a regulamentou (dec. 3179/99) e a MP 2166/2002, a qual foi inserida na Lei 4771/65 (Código Florestal Brasileiro).
    Nos acordos do Brasil com o FMI (http://www.fazenda.gov.br/portugues/fmi/acordofmi.asp) observaremos que as datas dos mesmos coincidem com as datas das leis supracitadas.
    Não é de meu conhecimento que exista em qualquer País do Mundo o instituto jurídico denominado “reserva legal”.
    Quem tem menos de 1% de floresta nativa não tem moral para nos impor normas florestais.
    Não vamos nos fundamentar nos erros deles para projetar nosso futuro. Vamos criar nosso projeto de desenvolvimento sustentável respeitando nossas florestas Nativas (56%) com desmatamento zero, continuando a produção da energia mais limpa do mundo e respeitando nossos brasileiros que já converteram a floresta para produzir nossa alimentação e alavancar nossa economia.
    Essas leis que transformaram os produtores brasileiros em “bandidos” não têm legitimidade, pois não foram produtos de audiências públicas, não passaram pelo Congresso Nacional e quem as assinou, não o fez por decisão, mas por imposição. As elaborações das mesmas se deram com certeza em gabinetes da Europa e dos Estados Unidos.
    Hoje o Brasil não deve nada a ninguém, nem a maior das crises mundiais nos afetou. A dívida externa brasileira, nossas reservas cambiais e o empréstimo feito ao FMI foram possíveis graças aos sucessivos superávits da balança comercial do agronegócio.
    Esta na hora de decidir o que queremos ser: Um povo soberano ou uma tropa de burros cruzando com carneiros gerando descendentes com sangue de barata?
    Levino Dias Parmejiani
    levi.dias@hotmail.com