Apesar da evolução na conquista de novos mercados nos últimos anos, o Brasil pode não ter carne bovina em volume suficiente para atender às exportações já a partir do primeiro trimestre de 2005. Isso porque a crescente onda de boatos sobre a não-obrigatoriedade ou até mesmo do fim do Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov), exigência essencial para a venda de carne bovina para o exterior, vem desestimulando os pecuaristas a aderir ao sistema.
A queda drástica de adesões – o número de animais inscritos foi de 6,14 milhões em maio de 2004 e não deve ultrapassar 660 mil em dezembro, segundo dados da Associação das Empresas de Certificação e Rastreabilidade Agropecuária (Acerta), faz com que já no primeiro trimestre de 2005 faltem animais rastreados voltados ao fornecimento de carne para o atendimento do comércio externo.
“O trabalho feito ao longo de anos, que abriu as portas de mais de 140 países para a carne, pode ser afetado devido à descontinuidade no fornecimento provocada pelo não atendimento das exigências básicas para a exportação do produto”, ressalta o engenheiro agrônomo Luciano Médici Antunes, presidente da Acerta.
Um fato que contribui para o agravamento da situação é que, devido à falta de informação, os pecuaristas não apenas estão deixando de aderir ao sistema, como também estão cancelando os pedidos já realizados.
Fonte: Gazeta do Paraná, adaptado por Equipe BeefPoint
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Diante dos fatos, cabe-nos uma pergunta:
Até onde vai a insanidade e inconseqüência daqueles que se posicionam contra o SISBOV?
É claro que o processo de “identificação” dos bovinos e bubalinos, por si só, não atende às exigências dos mercados estrangeiros, principalmente o europeu, que se faz responsável por praticamente 65% do mesmo. Sendo assim, faz-se necessário a adoção de acompanhamento mais detalhado desses animais, para que tenhamos registros sanitários, alimentares, reprodutivos e, também movimentações, para atingirmos o significado da palavra “rastreabilidade”.
Porém, deparamo-nos com um problema cultural! Todo esse incremento na pecuária de corte não pode se dar do dia para a noite… Requer tempo, amadurecimento e, atitudes pró ativas dos nossos governantes, em especial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no sentido de não recuar nas decisões técnicas, que se mostram de extrema importância neste momento, em favor de interesses políticos, que tornam o país tão vulnerável.
A “rastreabilidade” já é passado! Não podemos ir na contra-mão do processo!…
Precisamos unir as partes de toda cadeia produtiva, para alcançarmos juntos o reconhecimento deste trabalho e, agregarmos maior valor ao nosso produto.
O problema não está na “ausência de obrigatoriedade da rastreabilidade”, que se tenta conquistar às custas de lobby do setor de frigorífico, mas na diferença de preços entre boi convencional e boi rastreado.
Infelizmente o Brasil ainda é um país que se diz economia de mercado, mas tudo depende de leis que beneficiem um determinado seto da economia, em detrimento dos demais integrantes da cadeia produtiva.
Se as empresas de exportação desejam atender à demanda externa, comecem a remunerar condignamente aos produtores de bois e vacas, que não falatará carne para exportação. Agora, alegar que falata lei obrigando isto ou aquilo, em um País regido pela economia de mercado, é adotar visão simplista, unilateral, e sem parâmetros na realidade que move os interesses econômicos.