O ex-ministro da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa), Marcus Vinicius Pratini de Moraes, está convencido de que os acordos bilaterais são o melhor caminho para contornar as barreiras impostas pelos Estados Unidos e União Européia (UE) aos produtos agrícolas do Brasil. Ele entende que o governo brasileiro vai insistir nessa direção diante da dificuldade de se chegar a um acordo comercial amplo que contemple a questão agrícola, como ficou demonstrado na recente rodada de Cancún da Organização Mundial de Comércio (OMC).
“O programa agrícola não se resolverá no plano multilateral, até porque o novo nome do protecionismo é sanidade animal e vegetal. Essas questões não se resolvem multilateralmente, mas sim com acordos entre os países”, disse Pratini, atual presidente do conselho da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Ele ressaltou que, desde a rodada de Doha, já se conversava nos bastidores sobre as dificuldades que seriam enfrentadas para terminar as negociações em 2005. “Isso não é surpresa”.
O ex-ministro enumera três fatores para ilustrar o grau de dificuldades para a conclusão de negociações comerciais, notadamente na área agrícola: eleições presidenciais nos EUA em 2004, “os fazendeiros votam em massa no Partido Republicano, do presidente Bush”, o fim dos mandatos dos comissários da UE e a recessão mundial. “Não há acordos comerciais importantes em períodos de recessão, o que, na minha maneira de ver, é um erro dos governos. Uma negociação comercial poderia ser um fator de apoio à retomada econômica”.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Riomar Trindade), adaptado por Equipe BeefPoint