Para abocanhar maiores fatias do comércio internacional de carnes e outros produtos do agronegócio, o Brasil precisa urgentemente melhorar sua estratégia de negociação de acordos comerciais, sobretudo bilaterais.
Maurício Cardoso de Moraes, sócio da PwC Brasil, está entre os muitos especialistas que encaram a postura da gestão Bolsonaro nessa frente com ressalvas, especialmente depois das cotoveladas na China e o imbróglio com países árabes envolvendo a embaixada do Brasil em Israel.
Mas a inépcia do país nesse tipo de negociação não é uma marca apenas do atual governo. Preso ao Mercosul e lento para identificar avanços de exportadores concorrentes em mercados com demandas expressivas, o Brasil vem perdendo oportunidades há anos.
“O país não tem conseguido negociar bons acordos comerciais, e eles são fundamentais para dar segurança e previsibilidade para quem investe em produção. O agronegócio vem investindo muito, com destaque para as novas tecnologias que estão sendo adotadas pelas principais cadeias produtivas do setor, mas os riscos ainda são elevados”, diz Moraes. “Potências como os Estados Unidos vêm avançando e países de menor expressão também estão conseguindo fechar bons acordos. O Brasil precisa melhorar nesse campo, e a ministra [da Agricultura] Tereza Cristina sabe disso”, afirma o sócio da PwC.
De acordo com Moraes, o país não pode viver de “solavancos” como o gerado pelas disputas comerciais entre EUA e China, por mais que, neste caso, tenha sido beneficiado com o aumento da demanda chinesa de produtos como soja e algodão, por exemplo. Com uma estrutura de 17 escritórios espalhados por diversos Estados, a PwC conta também com um Centro de Excelência em Agro que gera informações diárias para abastecer serviços como assessoria financeira, renegociação de dívidas, auditoria, planejamento tributário, governança e implantação de sistemas, entre outros.
“O agronegócios vai continuar preponderante no país. Esperamos que 2019 seja de mudanças, com a aprovação da reforma da Previdência e a melhora da situação financeira dos Estados. E essas mudanças vão ajudar o setor”, diz Maurício Cardoso de Moraes .
Fonte: Valor Econômico.