Sendo assim, é essencial a busca por alternativas seguras que maximizem a receita e diminuam os custos ao longo do ciclo produtivo, ou seja, a busca pela melhoria da eficiência reprodutiva, que é mais dependente do bom conhecimento e gerenciamento dos diversos fatores envolvidos no sistema de produção, quando comparado aos elevados investimentos.. Por Gustavo Freitas (Unesp/Jaboticabal-SP, ETCO).
Por Gustavo Freitas (Unesp/Jaboticabal-SP, ETCO)*
Quem está no ramo da pecuária, principalmente trabalhando com a fase de cria – considerada como a de menor lucratividade em todo o ciclo da pecuária de corte – não pode parar no tempo. É tempo de crescer, de obter informações e adotar estratégias de manejo que minimizem os custos de produção e maximizem a receita.
A fase de cria, especificamente, pode ser considerada como a de maior relevância em todo ciclo produtivo, pois é neste período que se obtém a matéria-prima: o bezerro. Trata-se de uma categoria que exige uma série de medidas a serem enfrentadas pelo pecuarista, estimulando muitas vezes o produtor a optar em criar animais nas fases de recria e engorda, garantindo maiores chances de índices econômicos e demandando menor investimento inicial.
Os investimentos na fase de cria são elevados, principalmente no que diz respeito à aquisição de matrizes e touros provados geneticamente, além da necessidade de maior mão de obra para cuidar dos animais. Os cuidados envolvem desde a fase de concepção da vaca até a desmama do bezerro, que deve estar apto a se desenvolver, recriar e produzir carcaça de boa qualidade e em menor tempo possível.
Muitos pecuaristas têm adotado de alguns artifícios na tentativa de reduzir o tempo de comercialização dos animais, seja com a venda a produtores de recria, engorda ou até mesmo encurtando o tempo de abate. Um exemplo disso é a grande variedade de tecnologias disponíveis atualmente aos produtores, como por exemplo, técnicas reprodutivas e uso de suplementos nutricionais (Oliveira et al., 1995), forçando as propriedades rurais se atentarem à necessidade de elaborar estratégias administrativas na utilização destas tecnologias.
No entanto, a escolha e adoção das tecnologias envolvem a relação custo-benefício, uma vez que a margem de lucro tem sido baixa na atividade de cria e qualquer ação ineficiente pode vir a levar à falência o sistema produtivo. Sendo assim, é essencial a busca por alternativas seguras que maximizem a receita e diminuam os custos ao longo do ciclo produtivo, ou seja, a busca pela melhoria da eficiência reprodutiva, que é mais dependente do bom conhecimento e gerenciamento dos diversos fatores envolvidos no sistema de produção, quando comparado aos elevados investimentos.
Ressaltando, que nada adianta o estabelecimento de estratégias de manejo, a fim de garantir a produção de um bezerro/vaca/ano, tais como o estabelecimento de estação de monta, se os manejos nas fases subsequentes forem inadequados. Para melhorar a eficiência reprodutiva do rebanho, levando em consideração que bovinos em gestação possuem perdas relevantes de suas reservas corporais, recomenda-se a suplementação mineral das vacas, atendendo às altas exigências de proteína e energia necessárias para o desenvolvimento do feto, principalmente no terço final da gestação (Hafez & Hafez, 2004).
Outras medidas usualmente adotadas, com o intuito de aumentar a eficiência reprodutiva em fêmeas paridas e com baixos investimentos são os manejos alternativos de aleitamento e desmama precoce dos bezerros. É notório que essas práticas podem auxiliar na elevação das taxas de fertilidade das matrizes, entretanto, requerem cautela a fim de minimizar o impacto do estresse gerado por essas ações sobre o desenvolvimento das crias. Um exemplo é a prática de manejos de mamada controlada, onde os bezerros são apartados de suas mães após 30-45 dias de idade, durante a estação de monta. Neste período, sugere-se que os bezerros sejam mantidos em pasto contralateral ao das vacas, tendo acesso às mães uma ou duas vezes ao dia para amamentação. Além disso, este período pode ser utilizado para observação de cio, garantindo a produção futura do rebanho (Bellows et al., 1974).
Com relação à mamada controlada, trata-se de uma prática que necessita de intensificação do manejo diário dos animais, demandando mais mão de obra e necessidade de instalações adequadas, com a utilização de cercas resistentes, forrageiras de qualidade, água e suplementação mineral à vontade.
Apesar de demandar manejos mais trabalhosos durante os dias iniciais de sua implantação, nota-se que quando executada de forma adequada, pode-se possibilitar aumentos consideráveis nas chances de manifestação e detecção do cio, além de melhores taxas de prenhez. Desta forma, pode ser uma boa alternativa para rebanhos de pequeno e médio porte. Além disso, nota-se que é possível obter animais menos reativos ao longo do período estudado (com manejos não aversivos), devido à maior interação homem-animal, facilitando o trabalho diário na fazenda e diminuindo os riscos de acidentes.
Em alguns estudos visando a melhoria da eficiência reprodutiva, no qual as matrizes foram submetidas a um período de estação de monta, cuja duração foi de 90 dias, juntamente com a adoção de manejos alternativos de suplementação e restrição de amamentação, foi possível a obtenção de ótimos resultados e tamanha viabilidade.
Sendo assim o controle/restrição da amamentação associado a uma boa suplementação mineral possibilitou o aumento dos índices reprodutivos e consequentemente a taxa de prenhez precoce – aos 45 dias da estação de monta.
Desta forma, as matrizes que emprenharam no início da estação de monta, possivelmente, terão maiores chances de parir no início da estação de nascimento e desmamar seus bezerros mais pesados, com boa condição corporal. Além disso, segundo Short et al., (1990), animais nessas condições possuem maior probabilidade de emprenhar novamente no início da estação de monta subsequente.
Portanto, o efeito de maior resultado no âmbito de melhoria da eficiência reprodutiva das matrizes, deve-se ao fato da associação entre o uso de um bom suplemento mineral e o manejo estratégico de mamada controlada. Com isso, os resultados desta associação sugerem que há opções para maximização dos índices reprodutivos, sem necessidade grandes investimentos, melhorando a rentabilidade da atividade de cria.
*Gustavo Freitas é graduando em Zootecnia em Jaboticabal (UNESP) e pesquisador do grupo ETCO – Grupo de estudos e pesquisas em Etologia e ecologia animal. Juntamente com a colaboração de: Paola Moretti Rueda, Désirée Ribeiro Soares, Tiago da Silva Valente.
Referências
BELLOWS, R. A., SHORT, R. E., URICK, J.J. et al. Effects of early weaning on postpartum reproduction of the dam and growth of calves born as multiples or singles. Journal Animal Science, v.39, p. 589-593, 1974.
HAFEZ, E.S.E.; HAFEZ, B. Reprodução Animal, 7 ed. Barueri-SP: Manole, 2004. 513p.
OLIVEIRA, J. A. L.; ALENCAR, M. M.; LIMA, R. Eficiência produtiva de vacas da raça nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa. v. 24, n. 3, p. 445-452, 1995.
SHORT, R.E.; BELLOWS ,R.A.; STAIGMILER, J.G. et al. Physiological mechanisms controlling anestrus and infertility in pospartum beef cattle. In: Jounal of Animal Science, Champaign., v. 68, p. 799-816, 1990.
TOKARNIA C.H.; DÖBEREINER J. & MORAES S.S. Situação atual e perspectivas da investigação sobre nutrição mineral em bovinos no Brasil. Pesq. Vet. Bras. 8(1/2):1-16, 1988.
2 Comments
É sempre muito bom ver que um amigo próximo, companheiro de faculdade, esta crescendo profissionalmente e transmitindo muito bem, de forma cativante suas experiências profissionais. Te admiro muito! Sucesso sempre! Beijos.
Gustavo, parabéns pelo artigo!
Muito bom e objetivo.
Com certeza de muita utilidade para o produtor de gado de corte.
Sucesso!
Abs.