Jóia: um ano de aftosa
23 de agosto de 2001
Argentina: redução nos focos de aftosa
27 de agosto de 2001

Aftosa continua sendo notícia

Nesses últimos dias, entre as notícias divulgadas na imprensa sobre pecuária de corte, voltaram a prevalecer as relacionadas à febre aftosa. No Zimbábue o surto de aftosa acabou no corte das exportações de carne desse país para a Europa. Na Argentina, com muitos focos ainda ativos da doença, os prejuízos continuam se avolumando. Na Inglaterra, protestos contra a atuação do governo no ressarcimento dos prejuízos continuam. No Brasil, as notícias abrangem vários aspectos, alguns dos quais achamos dignos de registro nesse comentário.

A questão do abate dos animais que estiveram em contato com animais doentes nas áreas limítrofes à da incidência da doença no Rio Grande do Sul ainda continua pendente, apesar da determinação para execução até 31/07/01. A principal razão para a não execução do abate está relacionada ao pagamento dos animais aos proprietários. Em um país em que a pecuária de corte é um importante componente do agronegócio, e que nos últimos tempos vem trabalhando na divulgação das qualidades da carne brasileira, a não execução de uma medida preventiva após sua determinação pode caracterizar falta de seriedade e ser explorada pelos concorrentes. A não ocorrência de novos focos até o momento entre os animais que tiveram seu abate determinado, pode caracterizar que esses animais de fato não representariam riscos, e que a medida tenha sido muito rigorosa. Entretanto, dois aspectos importantes devem ser considerados: primeiro, que a medida foi tomada para diminuir os riscos de novos focos; segundo, que o montante de recursos para ressarcir justamente os proprietários dos animais é muito pequeno diante dos prejuízos que novos focos poderiam ocasionar. Portanto, a conclusão lógica é que continuam faltando empenho e seriedade por parte dos organismos e das autoridades responsáveis.

Uma notícia encorajadora foi o registro de que o surto de aftosa que teve início em Jóia há um ano (agosto de 2.000) está completamente controlado, mostrando a eficiência das medidas tomadas. Isso mostra, que apesar dos desentendimentos entre autoridades federais e estaduais sobre vários aspectos das medidas tomadas, o registro imediato e ações rápidas de controle de focos da doença são condições essenciais para o seu controle. O exemplo contrário aconteceu na Argentina, cujo não reconhecimento de focos no seu início levou à situação de alastramento da doença por todo o país.

Um exemplo de seriedade e de zelo, embora muitos possam discordar de algumas restrições, é o do governo de Santa Catarina, que continua fazendo todos esforços possíveis no sentido de manter a vigilância efetiva nas fronteiras com a Argentina e com os estados do Rio Grande do Sul e do Paraná. Nos casos de prevenção, é sempre melhor pecar por um pouco de exagero do que por omissão ou descuido.

Finalmente, a posição do Senhor Secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul em favor da realização de exames de sorologia no Circuito Centro Sul parece sensata, lógica e de acordo com as normas para prevenção, controle e erradicação da aftosa do Centro Panamericano de Febre Aftosa.

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