Por ironia, o novo caso de febre aftosa já era do conhecimento dos participantes da feira de alimentos de Anuga, na Alemanha, onde a Abiec mantém um estande para mostrar as qualidades e o potencial de exportação brasileiros da carne bovina.
Para o analista do Instituto FNP, José Vicente Ferraz, o prejuízo pode ser grande, mas seguramente quem perde mais será o pecuarista de Mato Grosso do Sul. É que todas as fronteiras dos vizinhos serão fechadas e, sem ter para onde vender a carne, os preços devem cair.
O mesmo pode não ocorrer nos demais estados, na avaliação de Ferraz. O mercado mundial necessita de carne bovina e não pode deixar de comprar o produto do Brasil. A oferta menor poderá elevar os preços nos estados aptos a exportar.
Guedes diz que a espera de Mato Grosso do Sul para a reabertura de mercado pode ser de até dois anos, o que vai trazer sérias dificuldades não só para produtores, mas também para frigoríficos exportadores que aumentaram a capacidade instalada na região.
A região onde ocorreu a febre aftosa merece maior atenção das autoridades sanitárias devido ao trânsito fácil de animais por vários países, segundo analistas. Esse é o terceiro caso em poucos anos. Dois tinham ocorrido do lado paraguaio.
A longo prazo, a grande perda será, mais uma vez, o adiamento da abertura do mercado norte-americano para a carne in natura brasileira, segundo Ferraz. Quando o país estava próximo de conseguir esse mercado, ocorreu um surto no Rio Grande do Sul. Agora, esse novo surto vai adiar ainda mais essa abertura.
Fonte: Folha de S.Paulo (por Mauro Zafalon), adaptado por Equipe BeefPoint