Não se trata de especial novidade valorizar o conhecimento em todas as suas formas – educação, ciência e tecnologia, engenharia de produtos e processos, métodos modernos de gestão empresarial, marca e logística. Há, entretanto, com a circulação de informações em escala mundial – na atual era da informação -, muitos desencontros e discordâncias. Todos têm direito de expressão e ouve-se de tudo.
O que se deve ter em mente, nesse caso, é que por vezes temos muitas informações à nossa disposição e pouco conhecimento. Faz-se, dessa forma, de todo importante analisar as informações a que temos acesso, no sentido de produzir conhecimento, compreensão e solução dos processos, a fim de solucioná-los com cada vez mais eficácia, menos perda de tempo e confusão.
O Brasil tem um enorme potencial de vantagens competitivas, pela sua abundância e riqueza de recursos naturais, porém temos – se comparado em níveis globais – todo um desafio à nossa frente no sentido de adequar nossa população, no campo da educação, passando pelo conhecimento e pela especialização profissional. A verdade é que ainda há um atraso que precisa ser resgatado pelo Estado e pela sociedade brasileira.
Como de praxe, devo analisar estas questões do ponto de vista do agronegócio brasileiro. O agronegócio representou, em 2004, 40,44% do total das exportações brasileiras, com um saldo comercial fundamental da ordem de US$ 34.135 bilhões – pois formou a base exportadora brasileira -, apesar de ser o setor que mais sofre com a incidência do cruel protecionismo dos países desenvolvidos.
Nesse contexto, cabe registrar que o agronegócio brasileiro deixou de ser um setor arcaico. Os resultados alcançados pela agricultura brasileira nos últimos e, em especial, recentes anos se devem à sofisticação tecnológica que a ela foi imposta pelas forças de mercado. Hoje se exige controles de qualidade – sanitários e fitossanitários – altamente rigorosos, para que os produtos brasileiros tenham acesso aos mercados e para que possamos, de fato, competir.
Sem essa mentalidade, e com a vulnerabilidade externa inerente ao setor, não seria possível chegarmos a resultados tão positivos. Como iríamos exportar cada vez mais?
No entanto, há que se deixar claro que tudo isso se deveu, e, ainda se deve, ao trabalho de pessoal altamente qualificado e competente – que sabe administrar informações e gerar conhecimento – ao investimento em pesquisa e tecnologia (principalmente EMBRAPA), e à capacidade técnica daqueles que atuam no setor.
Todo o desenvolvimento da agricultura brasileira ocorreu de forma muito firme, consistente e confiante. Passamos de uma produção de 76,5 milhões de toneladas de grãos, na safra 1997/1998, para 122,4 milhões de toneladas de grãos, na safra 2002/2003, com um incremento de menos de 9 milhões de hectares de área plantada.
O mesmo pode se dizer da pecuária brasileira, que, em 1999 exportava menos de US$ 800 milhões em carne bovina. Em 2004, após ter assumido em 2003 a posição de maior exportador de carne bovina do mundo, acumulou um saldo exportador da ordem de US$ 2,5 bilhões. Portanto, imaginar que aplicação de conhecimento deve ser restrito a setores de alta tecnologia não é correto.
Devemos avaliar nossas deficiências, nossas carências, sem, do mesmo modo, deixar de exaltarmos nossos pontos fortes e virtudes para garantir e manter a inserção do agronegócio brasileiro no cenário internacional, sempre atentos para a inevitável onda da “era do conhecimento” e informação.
Tenho presente que as ações desencadeadas pelo agronegócio nacional, ao longo da última década, no sentido de se adaptar às novas exigências globais e se tornar competitivo no mercado internacional, não são mais compatíveis com a histórica e atual permissividade, passividade e ausência de políticas públicas claras, objetivas e determinadas que visem a manutenção da ordem econômica, política e social do Estado brasileiro.
A implementação de instrumentos que apresentem garantias de cumprimento da estabilidade nacional é condição “sine qua non” para o contínuo crescimento do moderno e invejável agronegócio brasileiro. Do contrário seu futuro estará comprometido.
Finalmente, é de todo necessário reduzir as distorções sociais que comprometem a competitividade do agronegócio nacional, como o baixo nível educacional e de treinamento, a pobreza, os gastos governamentais questionáveis, a burocracia desnecessária, a corrupção e o desemprego.
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Mais uma vez o brasileiro tem mostrado seu valor. No meio rural temos alcançado níveis de produtividade cada vez maiores, às vezes o tempo não ajuda, como no RS, mesmo assim alguns não perdem a esperança.
As instituições de pesquisa fazem trabalhos valorosos para o campo, de forma a aumentar nossa capacidade produtiva e em muitos casos dando efeitos positivos.
Mas entristece saber que, muito que o campo e até os centros urbanos fazem são inúteis, pois o Brasil ainda está pobre, as pessoas estão em situações piores, a segurança é péssima, não temos segurança e muito menos educação.
Onde está o dinheiro das exportações? Do que nos serve este espetáculo econômico?