A cada dia que passa, jornais e revistas divulgam uma quantidade enorme de gráficos, estatísticas, balanços e até mesmo previsões. Inflação, Dólar, Balança Comercial, os melhores investimentos, todos estes temas são amplamente difundidos pela impressa. Tudo bem detalhado para que o Brasileiro esteja informado sobre os mais importantes indicadores que afetam o seu dia-a-dia. Entretanto, um desses indicadores, particularmente, merece toda a nossa atenção pelo papel que exerce na estabilização da economia nacional.
Até 2002, a vulnerabilidade externa do Brasil era o assunto mais comentado nos meios de comunicação. O País apresentava um déficit em transações correntes (que é a diferença entre dólares que entram e que saem do País) em torno de 4% do PIB, o que nos colocava em uma situação de crise eminente, dependendo sempre de investimentos estrangeiros para “fechar a conta” nacional e tendo que nos sujeitar a altas taxas de juros para atrair este capital externo. Isso acontecia porque o Brasil não conseguia gerar um forte superávit comercial, fazendo com que esta dependência externa continuasse a existir.
Contudo, já no final de 2002, apresentamos um superávit comercial superior a US$ 13 bilhões, saldo este que aumentou para quase US$ 25 bilhões em 2003. Tudo isso já foi amplamente divulgado pela mídia, mas o que está por trás destes números? Da onde veio esta melhora substancial em tão pouco tempo?
O setor de agronegócios apresentou um superávit de US$ 25,8 bilhões em 2003, com as exportações alcançando a marca de US$ 30,6 bilhões, correspondendo a quase 41% da pauta de exportações nacional. Isso significa dizer que, não fosse o excelente desempenho agroexportador do Brasil, amargaríamos mais um ano de déficits comerciais, visto que a soma de todos os outros setores da economia Brasileira apresentaram um resultado deficitário de US$ 1 bilhão.
Ao analisarmos o segmento do agronegócio, o setor de carnes merece destaque. Ele foi responsável pelo segundo maior superávit neste segmento, ficando atrás apenas do complexo da soja. As exportações de carne bovina in natura foram as que mais cresceram em 2003, passando de US$ 776 milhões para US$ 1,154 bilhão, o que corresponde a um crescimento de 48,7%. Fatores como a adoção do SISBOV, o controle sanitário e o processo produtivo do setor ajudam a explicar este expressivo resultado.
Quando comparamos o crescimento deste setor no ano passado ao crescimento geral da economia Brasileira, notamos que o Agronegócio cresceu à taxa superior a 8%, enquanto o Brasil apresentou expansão negativa de 0,2%.
Jack Welch, ex-presidente da General Eletric e considerado o maior executivo do século passado tem uma frase que diz: “Se não é core business, terceirize”. Embora esta frase seja relacionada ao foco que uma empresa deve ter no seu negócio, podemos muito bem trazê-la contexto brasileiro. Se possuímos um setor onde produzimos com qualidade, a um baixo custo e com um potencial enorme de crescimento, porque não centrarmos nossas ações para a profissionalização e o desenvolvimento constante do mesmo?
Em nenhum momento sugere-se aqui uma volta ao Brasil colonial, que exportava apenas matéria-prima, ou mesmo a algumas décadas atrás, quando importávamos praticamente toda a tecnologia utilizada aqui, tendo que pagar royalties e taxas sobre o uso das mesmas e apresentando uma forte dependência externa. Acredita-se apenas que se deve investir mais em um setor em que somos tão competitivos e que vem sendo responsável, ano após ano, por quase todos os bons indicadores de nossa economia.
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Rodrigo,
Parabéns pelo artigo! É importante mencionarmos também, o que o comércio do couro vem contribuíno atualmente em todo o cenário de nossa economia:
Segundo dados do CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil), nosso país produziu 34,5 milhões de couros em 2002, representando 10,54% da produção mundial de couros. O Brasil possui ainda o maior rebanho bovino comercializável do mundo apresentando um conjunto de frigoríficos e curtumes modernos e bem equipados. Além disso, as exportações de couro totalizaram mais de US$ 1 bilhão em 2002, representando um crescimento de 9% em relação ao ano de 2001, desse total ainda, a maioria (US$ 930 milhões) foi de couros bovinos. Dáí a necessidade de agregar maior valor aos produtos e subprodutos cárneos. É necessário portanto, priorizar a qualidade, melhorando as etapas de todo processo produtivo de couro. dessa forma, seguramente, toda a indústria eo setor produto poderão aumentar os lucros, incrementar as exportações, além de gerar novos empregos e divisas para nosso país.
Um abraço,