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Agronegócio: omissão do governo PT

É fácil, e ao mesmo tempo doloroso, afirmar que o Governo Lula não tem priorizado o setor que mais gera renda e emprego para o país. Nos últimos dois anos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento vem colhendo os frutos e os louros deixados pelo ex-Ministro Pratini de Moraes, que impulsionou o setor e deu nova vida aos agricultores, muitas vezes marginalizados e vistos com reserva pelo sistema financeiro nacional.

Uma das formas de avaliar a atenção que o Governo dedica a certos setores é a análise do gasto público, expresso no Orçamento Geral da União (OGU). Como se sabe, a peça orçamentária passa por um jogo de forças entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional.

A tecnicalidade e o grande número de rubricas no orçamento federal dificultam o processamento dos dados para chegar a conclusões incisivas. Apesar de todas as dificuldades de analisar a peça orçamentária, diversas conclusões podem ser retiradas sobre o tratamento que a agricultura não tem recebido no contexto do Orçamento da União.

No ano de 2004, o Ministério da Agricultura deveria ter recebido, de acordo com o Orçamento do Ministério do Planejamento, a título de despesas discricionárias, R$ 694 milhões, contra R$ 624 milhões do Gabinete da Presidência da República, R$ 822 milhões do Ministério das Relações Exteriores, e pasmem, R$ 1.300 bilhão do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Para o presente ano, o Ministério do Desenvolvimento Agrário terá seu orçamento – para despesas discricionárias – fortalecido e passará a contar com o montante de R$ 1.894 bilhão, ao passo que o Ministério da Agricultura, principal mola propulsora da economia nacional, terá pífios R$ 886 milhões.

A título de comparação, como um país que trata sua economia agrícola de forma mais agressiva e séria, defendendo os interesses dos seus contribuintes – que é o seu papel – os Estados Unidos da América pretendem gastar US$ 19.4 bilhões a título de despesas discricionárias, ao longo do ano de 2006.

A atual política econômica do Governo do Partido dos Trabalhadores (PT) deveria caminhar alinhada com os propósitos do agronegógio nacional que, ao meu ver, deveriam ser o de ampliar as oportunidades econômicas dos produtores e pecuaristas brasileiros, expandir as oportunidades de comércio com mercados internacionais, apoiar o desenvolvimento econômico internacional do agronegócio brasileiro e ampliar as alternativas de mercados para os produtos agrícolas.

A expansão de mercados agrícolas para os produtos do agronegócio nacional é tema crítico e crucial a ser analisado pelo Governo brasileiro. Os interesses comerciais e econômicos envolvidos são de excessivo vulto para a nossa economia.

O PT deve ter em mente que 90% da demanda por alimentos e produtos agrícolas advirão, principalmente, de mercados externos e que o Brasil será o maior produtor e provedor de alimentos para o mundo, até o final da década.

O que se presencia, no entanto, é o abandono das fazendas pelos agricultores devido às dificuldades enfrentadas para ter acesso ao crédito de um dos piores planos agrícolas dos últimos anos e a migração destas pessoas para as grandes cidades, criando um inchaço urbano e, conseqüentemente, maior pobreza para a nação.

Lamentavelmente, o Governo do Presidente Lula vem tratando o Orçamento não como uma obra de índole exclusivamente técnica, como mero reflexo das prioridades expressas pela sociedade, captados em diagnósticos técnicos e materializando em uma programação.

O Presidente Lula e sua equipe econômica, ao contrário, vêm se utilizando do Orçamento Geral da União como expediente de natureza político-partidária. Infelizmente, os resultados eleitorais, atualmente, condicionam a alocação de recursos.

0 Comments

  1. Helio Cabral Junior disse:

    “Agronegócio: omissão dos empreendedores rurais permite o descaso do governo PT”

    Este seria o título correto do artigo! Sejamos sinceros, todos nós empreendedores que militamos de alguma forma no agronegócio, quer sejamos micro (meu caso), pequenos, médios ou grandes somos ou estamos aprendendo a ser extremamente profissionais e competentes no desempenho de nossas atividades porteira à dentro… mas onde está nossa atuação da porteira para fora?

    Onde está nossa união em torno de temas, idéias e políticas que nos são pertinentes?

    Todo estado tem seu órgão representativo da classe empreendedora rural; temos a CNA a nível federal; os nossos atuantes sindicatos rurais municipais… Estes órgãos nos representam e dão eco aos nossos anseios, carências e objetivos! Mas ainda sim são apenas a sombra do “gigante” e não o próprio. Eu, você, o companheiro que luta lá nos rincões mais afastados, enfim, todos nós é que damos corpo e materialidade a este “gigante” o qual para ter seu valor plenamente reconhecido e respeitado deve se impor e se fazer perceptível à sociedade e principalmente aos representantes constitucionais desta sociedade!

    Quando foi que cada um de nós passou um e-mail, um telegrama ou um fax ou deu um telefonema aos nossos representantes políticos quer seja a nível municipal, estadual ou federal, apoiando as posições de nossas entidades representativas de classe (que são as nossas posições) e cobrando destes políticos apoios e atuações incisivas em torno dos temas que nos tangem?

    Nós temos que nos engajar mais! Há pouco mais de um ano o agronegócio “apareceu” para a sociedade brasileira, pois caiu nas graças da grande mídia nacional que se maravilhou (como de resto todo o mundo) com os seus resultados excepcionais, obtidos com a competência, arrojo e determinação dos empreendedores rurais aliados à excelência de nossos pesquisadores e extensionistas.

    Conheceram o resultado do nosso trabalho; vamos sair dos “bastidores” e mostrar a nossa cara e com isso exigir o reconhecimento e o respeito que fizemos por merecer!

    Cordialmente,

    Hélio Cabral Jr

    Dentista e micro empreendedor rural filiado ao Sindicato dos Produtores Rurais de Governador Valadares – MG

  2. Gilberto Theodoro dos Santos disse:

    Esse governo não tem quadros para deslanchar nenhuma área do setor produtivo, inclusive na área do agronegócio e não sabe o que é política econômica.

    Não tem criatividade para coisíssima alguma.

    O caso deles é botar fogo no nosso Brasil.E para isso a criatividade é enorme. Que o diga esse movimento arrasador de terras (MST), que assola o país com todo apoio governamental.

    Embora o competente Roberto Rodrigues do MAPA mostre à que veio, tenho certeza, que seu desencanto o fará jogar a toalha, num futuro não muito distante. E o Furlan, do Desenvolvimento, deverá também seguir o mesmo caminho.

    Gilberto Theodoro dos Santos
    Tenente-Coronel Reformado da FAB
    Produtor de gado de corte (Nelore/Nelorado), atuando apenas na fase de cria

  3. Jorge Humberto Toldo disse:

    Caro Otavio,

    Investir no agronegócio brasileiro para quê?

    Para o Brasil se tornar, muito em breve, a grande potencia mundial que naturalmente é?

    Para foratalecer a classe produtora e esses fazerem frente ao monopolio de três ou quatro multinacionais que detém tudo o que o agronegócio precisa, adubos, pesticidas e principalmente a própria produção?

    Para não ter mais como manter as estradas em péssimas condições e acabar com a indústria do tapa buraco, recapeia, e Cia Ltda?

    Para o Brasil crescer e se ver obrigado a investir em saúde e educação?

    E a lista seria longa… Háhhh, eu acho que seria uma boa idéia…

    Amigo, infelizmente há muito mais para barrar do que para ajudar. Saímos de uma ditadura militar “clara e assumida”, para uma “ditadura civil” disfarçada, oculta, enganosa, muito mais perigosa e traiçoeira do que a outra. Continuamos sem ter para quem reclamar. A imprensa continua sendo sensurada, só que dessa vez, paga por nós contribuintes, para noticiar somente o que o governo quer que ouçamos, nunca tive tanto desprezo pelo “Jornal Nacional – Globo”, é repugnante.

    O Brasil é essencialmente agropecuário, até porque nossas indústrias foram todas vendidas e não recebidas, cadê o dinheiro das privatizações??? Então continuaremos sendo colônia dos gringos.

    Unir, reclamar, dar o grito! Sim, produtores, é o caminho, mas fazer de forma ordenada e correta, agora os produtores acharam de brigar com o frigoríficos… ora esses também fazem parte da cadeia da carne, dependem do comércio nacional e internacional com todas suas exigências e determinações de preços, ou seja, não são os únicos culpados do fracasso da pecuária.

    O que está acontecendo é a falência múltipla da pecuária brasileira, pastagens degradadas, falta de infra estrutra em geral, pouca ou quase nada de tecnologia, despadronização de rebanho, falta de acabamento da carcaças, animais abatidos sem a mínima condição para isso… esses sim são os verdadeiros vilões do agronegócio brasileiro!

    Então pegam carona nesse oba oba quem? As nossas queridas entidades defensoras dos produtores que nunca fizeram absolutamente nada em prol da pecuária e agora se apresentam como os “SALVADORES DOS FRACOS E OPRIMIDOS”, ora façam o favor! Esses deveriam sim e já sem tempo, dar o grito em favor da classe produtora, mas não para fazer cortina de fumaça, instigar os produtores a não venderem seus animais, pelo amor de Deus, isso no máximo meia dúzia poderão atrazar seus abates e enxugar um pouco o mercado, e daí? Os verdadeiros problemas continuarão.

    Financiar frigoríficos pelo BNDES? Além de tudo ainda endividar os produtores! Quero ver se o frigorífico do produtor vai pagar mais caro pela arroba do boi, comprar animais fora do padrão comercial pelo preço normal!

    Por quê o Goiás Carne – de Goiânia não faz “milagres”? Ora, o assunto é sério esses “santos milagrosos” deveriam para de demagogia e atacar as verdadeiras causas dos problemas e não os efeitos: linhas de crédito a juros e prazos compatíveis para infra estrutura, subsídio sim para melhoramento genético, subsídio sim para produtos de mineralização e suplementação, enfim… dar condições para que os produtores possam abater animais acabados e dentro dos padrões exigidos pelo comércio, para que enfim se pare de abater animais magros e sem acabamento nesse país. Num mercado competitivo como vamos enfrentar a concorrência sem qualidade?

    É muito fácil falar e jogar pedras, difícil mesmo é encarar a realidade de frente e resolver de uma vez as causas dos problemas. Aliás, é uma norma brasileira atacar os efeitos e nunca as causas!

    Abraços,

  4. Fernando Ferreira Pinheiro disse:

    Se fosse apenas no agronegócio!

    O governo do PT fala em crescimento agarrado a números questionáveis e seguindo a risca uma cartilha deixada pelo governo anterior, o qual era duramente criticado, e não consegue passar para o próximo ponto da cartilha.

    Vamos ver até quando vai dar.