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Além das fronteiras: a dinâmica da comercialização da carne bovina na América do Sul está mudando

Com o aumento da demanda global por carne bovina, os produtores sul-americanos estão priorizando as exportações em detrimento dos mercados internos, segundo um relatório recente da RaboResearch. Apesar de uma projeção de contração na produção para 2025, os volumes de exportação continuam a crescer, impulsionados pela forte demanda internacional, especialmente da China. Essa mudança está remodelando a dinâmica do consumo local e dos preços, com implicações significativas para o setor.

Espera-se que a oferta de carne bovina na América do Sul contraia em 2025
A produção nos quatro maiores países produtores e exportadores de carne bovina da América do Sul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – deverá se contrair em 2025.

“Esperamos que o Brasil, que representa 63% da oferta da América do Sul, reduza sua produção em 500 mil toneladas métricas este ano”, afirma Angus Gidley-Baird, analista sênior de proteína animal da RaboResearch. O alto nível de abate de fêmeas, impulsionado pelos preços elevados em 2022 e 2023, é o principal motivo da queda na produção.

Volumes de exportação continuam crescendo

Apesar da queda na produção, a redução do poder de compra dos consumidores e o menor consumo interno de carne bovina levaram os frigoríficos a focarem no crescimento do volume exportado. Essa estratégia resultou em uma queda no consumo local nos quatro países. Na última década, as exportações superaram significativamente os aumentos de produção, em grande parte devido à crescente demanda da China por proteínas animais sul-americanas desde 2019. Em 2024, a América do Sul forneceu 76% do total das importações chinesas de carne bovina, com Brasil, Argentina e Uruguai contribuindo com 47%, 21% e 8%, respectivamente.

Crescimento das exportações às custas do fornecimento doméstico deve continuar
O mercado de exportação será o principal foco dos produtores de carne bovina da América do Sul no próximo ano. Embora a carne bovina represente uma parcela muito maior da dieta sul-americana em comparação com outras regiões do mundo, as pressões econômicas internas, a crescente disponibilidade de outras proteínas e o aumento da demanda dos mercados de exportação têm levado à queda do consumo per capita de carne bovina. As condições econômicas mais fracas e a concorrência dos mercados externos fizeram com que o custo da carne aumentasse. Entre 2020 e 2024, o volume de carne bovina que podia ser adquirido com o salário básico caiu em todos os países. No Brasil, o consumidor médio agora obtém 20% menos carne com o salário básico do que há quatro anos.

“Acreditamos que essa tendência continuará nos próximos anos, tornando mais carne disponível para o mercado de exportação. A carne de frango já é a proteína mais consumida no Brasil, Paraguai e Argentina. Mas outras proteínas, como carne suína e frutos do mar, têm uma participação menor na dieta do que em outros mercados e, portanto, em nossa visão, têm potencial para crescer”, explica Gidley-Baird.

No entanto, o apelo cultural da carne bovina permanece forte, e por isso não se espera que os níveis de consumo per capita caiam muito mais. A indústria precisará encontrar um equilíbrio entre sinais de preços mais fortes para crescer os mercados de exportação, licenciamento e aproveitamento de carcaças. Pode ser que um setor de processamento mais informal se desenvolva para atender às necessidades de consumo interno.

Perspectiva global da carne bovina: disparidades de preços, queda na produção e incerteza comercial

Os preços do gado na América do Norte estão subindo em 2025 devido ao baixo estoque e à forte demanda, enquanto os produtores do Hemisfério Sul operam com preços quase pela metade. Os preços do gado no Brasil dispararam no final de 2024, mas devem cair no segundo trimestre à medida que a oferta aumenta.

A produção global de carne bovina deverá diminuir em 2025, com reduções significativas previstas na Nova Zelândia e no Brasil. Além disso, as novas propostas tarifárias da administração dos EUA sobre México e Canadá introduziram incertezas comerciais, o que pode impactar os mercados globais.

Fonte: Drovers, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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