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25 de fevereiro de 2002
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27 de fevereiro de 2002

Aliança para exportar carne bovina

Frigoríficos brasileiros estão se unindo para ampliar as exportações de carne bovina. Para isso já foi formada a “aliança da carne”, uma parceria com as indústrias de frango e suíno para discutir políticas comuns ao setor no mercado internacional. Agora a meta é instalar escritórios em quatro países-chave para negociar por todo o setor. Os locais mais cotados são Washington, Genebra, Bruxelas e Tóquio, por serem considerados pontos estratégicos.

Criados, em princípio, como braço avançado da entidade do setor no exterior, estes escritórios podem ser transformados no futuro em empresa de comercialização, mas a criação de uma trading é um projeto a longo prazo. O importante é que o primeiro passo para internacionalizar a carne está sendo dado, avalia o diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Ênio Marques.

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Depois de atingir receita recorde com exportação de carne bovina em 2001, de US$ 1,013 bilhão, valor 28% maior que o registrado no ano anterior, os frigoríficos brasileiros partem para ações mais agressivas para consolidar a participação no exterior. A primeira, já colocada em prática, é a formação da “aliança das carnes”, parceria com as indústrias de frango e de suínos, para discutir políticas comuns ao setor no mercado internacional. A outra estratégia, mais ousada, é a instalação de escritórios em quatro países-chave, diz o diretor da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Ênio Marques.

A iniciativa de montar uma estrutura no exterior já foi tomada individualmente pelos principais frigoríficos do País, como o Bertin, de Lins (SP), maior companhia brasileira exportadora de carne em 2001, que mantém uma base no Chile, e pelo Friboi, de Araçatuba (SP), vice-líder no ranking, com escritórios em Londres e nos Estados Unidos. “Queremos uma estrutura maior para negociar por todo o setor, com escritórios instalados nas próprias embaixadas”, diz Marques. Os locais mais cotados são Washington, Genebra, Bruxelas e Tóquio, considerados pontos estratégicos para ampliar a comercialização da carne brasileira e ter uma relação mais estreita com os potenciais clientes.

Criados, em princípio, como braço avançado da entidade do setor no exterior, estes escritórios podem ser transformados no futuro em empresa de comercialização. A criação de uma trading, a exemplo da Sadia e Perdigão, com a BRF Trading Company, que negocia desde o ano passado os produtos das duas companhias em mercados considerados emergentes, ainda é um projeto a longo prazo. “Mas estamos dando o primeiro passo para internacionalizar nossa carne”, afirma Marques.

“Primeiro, precisamos abrir mais o mercado, que diferentemente do setor de frangos e suínos, é totalmente fechado, com a imposição de cotas e barreiras fitossanitárias”, diz o diretor de comércio exterior do Bertin, Marco Bicchieri. Com escritório há três anos no Chile, o Bertin tem uma relação mais estreita com os consumidores daquele país. “Temos uma noção maior do perfil de nossos importadores”, afirma.

Os escritórios internacionais devem ser instalados ainda neste semestre. Segundo Ênio Marques, as conversas com as embaixadas estão em estágio bem avançado.

“Ainda não somos, de fato, exportadores de nossa carne bovina. As tradings fazem uma espécie de leilão para comprar nossos produtos”, afirma um executivo do setor. Segundo a fonte, a carne brasileira embarcada perde a identidade. “O mais importante agora, com a maior aceitação do produto brasileiro, é fortalecer a nossa marca”, diz.

Colocada em prática, a “aliança das carnes” conta com o apoio da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef) e da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Os três setores proporcionaram receita com exportação de quase US$ 2,5 bilhões em 2001. “É uma iniciativa que tem tudo para dar certo”, diz o diretor das entidades de frango e de suíno, Claudio Martins. “A aliança das carnes não passa pelo entendimento comercial, apenas político”. Segundo ele, um representante das indústrias exportadoras de carne bovina, por exemplo, tem autorização para discutir abertura de mercado para a comercialização de carne suína ou vice-versa, durante uma viagem oficial a um país considerado estratégico. Em abril, uma missão vai para a China discutir a entrada da carne bovina brasileira naquele País.

Para o presidente do Frigorífico Minerva, Edivar Vilela de Queiroz, de Barretos (SP), as indústrias de carne bovina ainda engatinham, enquanto as de frango estão mais avançadas nas discussões de abertura de maior mercado. Bicchieri diz que o Bertin tem todo interesse em apoiar a “aliança das carnes”, instrumento que pode fortalecer todo o setor.

Beneficiado pelos problemas da “vaca louca” na Europa e febre aftosa, verificados no gado da Argentina e da União Européia, o Brasil conquistou uma maior participação no exterior, o que se refletiu no aumento das exportações. O dólar valorizado frente ao real também estimulou os embarques. “Conquistamos o mercado da Argélia e teremos uma missão na China para negociar a entrada de nossa carne bovina naquele país”, diz Marques.

A perspectiva para este ano é de aumentar as exportações ou, no mínimo, manter os mesmos volumes embarcados no ano passado, de acordo com dados da Abiec.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Mônica Scaramuzzo), adaptado por Equipe BeefPoint

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