Cinco meses depois de arrendar três abatedouros para o frigorífico Margen, o grupo Torlim, proprietário do frigorífico Amambai, vai retomar as unidades de abate. E, ao mesmo tempo em que retoma as plantas, o grupo inicia um processo de reestruturação, precipitado pela própria crise do Margen, admite o diretor-executivo e um dos sócios do grupo, Jair Lima.
Em agosto de 2004, conta Lima, o grupo decidiu arrendar as unidades por um ano para o Margen. “O objetivo era se reorganizar nesse período”, afirma Lima.
Mas a crise do Margen, deflagrada pela denúncia de sonegação fiscal, adiantou a decisão de iniciar agora a reestruturação da empresa. Para dar curso ao processo, o grupo procurou o Instituto Brasileiro de Gestão e Turnaround (IBGT) e contratou a Alliance Partners e a Cokinos Auditores e Consultores, empresas especializadas em profissionalização e gestão.
Diante dos problemas do Margen, os contratos de arrendamento foram rescindidos, explica Lima, e as plantas localizadas em Maringá (PR) e Ponta Porã e Amambai, ambas no Mato Grosso do Sul, voltaram às mãos do grupo. As unidades, que abatem 2.500 animais diariamente, voltarão a operar em fevereiro.
Com história semelhante a de outros grupos que atuam no abate de bovinos, Lima entrou no negócio de carne como proprietário de uma rede de açougues, em 1982, em sociedade com Waldir Torelli. O primeiro frigorífico dos dois sócios começou a operar em 1987. Hoje, além dos três frigoríficos que estavam arrendados para o Margen, o grupo tem uma planta em Paranatinga (MT), alugada para o Marfrig, e duas unidades de abate no vizinho Paraguai, nas cidades de Concepção e em Assunção, que faturam sozinhas US$ 80 milhões.
Com a reestruturação, que visa melhorar a rentabilidade e a eficiência da produção e reduzir os custos financeiros por meio da integração entre venda e produção, o Amambai espera dobrar, em um ano, o faturamento com as unidades brasileiras, que foi de R$ 800 milhões em 2003.
Além disso, o Amambai quer ampliar a receita com as exportações de carne bovina, que até o ano passado correspondiam a 30% do faturamento. “Queremos elevar as exportações para 80% da receita em um ano”, observa Lima.
A empresa, que tem habilitação para vender para Europa, Rússia, Chile, entre outros países, aposta no bom desempenho das exportações este ano para chegar a esse resultado.
Para atingir as metas, haverá ampliação de turno de produção em Maringá, que abate 1.500 animais por dia e pertenceu à americana Cargill. Serão contratados 400 novos funcionários na unidade, que emprega 1.100. Em Amambai são 500 e em Ponta Porã 300.
Com a reestruturação, a empresa também vislumbra a entrada no mercado de capitais e se prepara para buscar um parceiro estratégico no exterior, no futuro, diz Jorge Queiroz, do IBGT. O grupo reconhece, porém, que a profissionalização, ainda incipiente no setor, é fundamental para que isso ocorra.
Na avaliação de Eduardo Lemos, da Alliance, e de Marco Antônio Costa, da Cokinos, outros frigoríficos devem investir na profissionalização, a exemplo do Amambai.
A reestruturação do Amambai ocorre num momento em que o grupo trava uma disputa na Justiça para não recolher Funrural dos pecuaristas. Em março de 2004, teve propriedades rurais indisponibilizadas pela Justiça Federal, por conta da acusação de que deve R$ 67,3 milhões ao INSS. Lima afirma que o valor se refere ao Funrural não repassado ao INSS. Segundo ele, o grupo se ampara numa liminar da Justiça Federal, de 2000, que deu à empresa o direito de não recolher o imposto. “Não somos repassadores”, argumenta ele.
Fonte: Valor (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint
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O artigo não comenta que no passado recente, o grupo Torlim deu um prejuízo enorme aos pecuaristas do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Tinha como certo pelo noticiado na época que esse grupo estaria afastado das atividades de abate por um longo período. Agora já estão eles de volta, prontos para reeiniciarem suas atividades como se nada houvera.
Um absurdo.