O lançamento dessa nova marca é interessante pois é um indicativo do crescimento do segmento de carnes especiais no Brasil. Com o aumento da renda, além do crescimento de todas as carnes, há um maior interesse por cortes e marcas especiais. Ainda há poucas empresas atuando fortemente nesse mercado e parece que temos muito espaço a ser explorado.
Semana passada o Marfrig fez o lançamento da carne Seara Angus, sua linha de carnes especiais para churrasco. Estive presente no evento, na ótima churrascaria Fogo de Chão, que curiosamente tem mais unidades nos EUA do que no Brasil.
O lançamento dessa nova marca é interessante pois é um indicativo do crescimento do segmento de carnes especiais no Brasil. Com o aumento da renda, além do crescimento de todas as carnes, há um maior interesse por cortes e marcas especiais. Ainda há poucas empresas atuando fortemente nesse mercado e parece que temos muito espaço a ser explorado.
Foi interessante ouvir os principais executivos do Marfrig dedicados a carne bovina e ao mercado interno brasileiro falarem sobre esse mercado para uma série de parceiros comerciais. Os principais açougues e casas de carne de São Paulo estavam presentes no almoço de lançamento, além da imprensa.
Algumas informações interessantes que destaco entre o que foi falado:
Brasil hoje tem carne de qualidade, há alguns anos era muito difícil fornecer qualidade com constância e frequência.
Com a lançamento da marca Seara para carne bovina, vendas de carnes especiais do Marfrig cresceu 400%, frente a um volume bem pequeno (a carne Seara não é uma marca premium, mas se posiciona acima das carnes sem marca). A marca Seara Angus quer se posicionar como premium.
O Marfrig tem um programa de fomento para produtores de carne com genética Angus. Nesse projeto, o foco é ter qualidade baseada em suporte técnico ao produtor, controlando o processo de produção (e não apenas o produto final – carne). Já tem cerca de 60 mil matrizes sendo inseminadas anualmente e a meta é crescer ainda mais. Número similar ao programa de carne Taeq, do Grupo Pão de Açúcar, que se propõe a produzir uma carne macia, com pouca gordura e sabor mais suave.
O movimento de várias empresas, em diferentes elos da cadeia, de se dedicar mais a venda de carnes especiais e mais cara, é uma demonstração de que a demanda existe e é crescente. Uma “prova” antiga é a picanha ser o corte que mais se vende, apesar de ser o mais caro (ou um dos mais). O mercado no Brasil é mais comprador de traseiro (mais caro) do que de dianteiro (mais barato) há anos. Mais uma demonstração que o consumidor está buscando algo além do preço. Pode ser: sabor, maciez, facilidade e até status.
Não existe carne de segunda em carcaça de primeira. Há tempos se fala nisso, mas dessa vez parece que estão realmente apostando nisso, pois lançaram uma série de cortes de dianteiro.
Outro ponto interessante desse lançamento do Marfrig é a venda de cortes especiais não tradicionais, incluindo formas diferentes de se vender a costela (similar ao que é feito nas melhores churrascarias), cortes para grelhar com músculos do dianteiro (que é uma tendência nos EUA), e até formas não usuais de venda de cortes tradicionais. Um que me chamou a atenção foi o filé mignom com osso, imagino que deva ter um sabor mais acentuado pela presença do osso, com a inigualável maciez do filé.
O Marfrig está planejando oferecer suporte de marketing para vender cortes especiais de dianteiro. As opções são muitas (vamos pedir as fotos e descrição de todos os cortes ao Marfrig, para apresentar aqui no BeefPoint). Esse suporte será feito de diversas formas: a principal é informação, incluindo receitas, treinamentos e ações no ponto de venda. Prometeram uma cartilha completa de como preparar cada um dos cortes. Isso é comum em outros países: a promoção de carnes está ligada a ensinar o consumidor a usar bem o produto. Informação de preparo e melhores maneiras de se usar cada corte reduzem o risco de se preparar um prato ruim, e aumenta a satisfação de quem consome. Precisamos lembrar que o cliente paga por um pedaço de carne, mas está comprando uma refeição. Se a informação facilita que esse pedaço de carne se transforme numa ótima refeição, o valor do corte aumenta.
Uma das dúvidas que levantei em relação as marcas do Marfrig é como ficará o posicionamento de cada uma. A explicação deles é que a Seara será a marca grill, especializada em churrasco e a marca Bassi será mais voltada para alta gastronomia. Os preços da Bassi e Seara Angus serão similares. Eu ainda fiquei na dúvida, e perguntei (em breve entrevista em vídeo): Se eu quiser fazer um churrasco caprichado para uns amigos, devo comprar a picanha Seara Angus ou a Bassi? Conseguir diferenciar e posicionar para que uma não concorra com a outra será um dos desafios, que parece ainda não resolvido.
Um ponto interessante, e muito pouco falado na pecuária é qual o rendimento de desossa de carcaças especiais? Isso é interessante, pois falamos muito de rendimento de carcaça (percentual do peso vivo que é carcaça), mas quase não se fala (nem se mede) qual o percentual da carcaça que é carne. O valor real da carcaça é a quantidade de carne ali presente. Imagino que animais com conformação frigorífica, o que poderia ser medido, avaliado e selecionado com ultrassom, por exemplo, produzam mais carne, pelo mesmo peso vivo ou pelo mesmo peso de carcaça. Talvez esteja aí uma outra explicação do porque vale a pena pagar mais por animais de qualidade, com melhor conformação frigorífica. Uma conta que frigoríficos e produtores parecem ainda não estar fazendo.
Em tempo, JBS e Minerva também deveriam lançar marcas de carne especiais. Nos EUA, a Swift (JBS) tem uma grande experiência com venda de carnes com marca e certificação Angus. Faz todo sentido trazer esse conhecimento para o Brasil, que está demandando mais e mais carne de qualidade.
Acredito que essa concorrência vai se acirrar no futuro. Bom para produtores e bom para consumidores.
23 Comments
O mercado tende a segmentar-se. A iniciativa do Marfrig é válida e espero que seja bem sucedida.
Como professor no curso de Gestão de Marketing com a disciplina de Desenvolvimento de Produto, Serviços e Brandig de uma grande universidade brasileira e como um ex-colaborador do Marfrig, só tenho que desejar muito sucesso, pois o setor está indo no caminho certo e sem volta; Se eles posicionarem bem a linha Seara Angus essa não irá canibalizar a marca Bassi que já tem sua imagem e clientes cativos.
Srs,
O MARFRIG esta usando uma classificação demasiado severa, fica desestimulante tentar atingir o grau de terminação exigida.Creio que é o padrão americano, onde adicionam ate 2,5% de sebo nas dietas.
O que podem fazer para melhorar?
Grato.
Modesto.
qual a origem dos animais angus da seara? sao os angus abatidos no marfrig de Bagé RS?
Enquanto toda a cadeia produtiva vive uma eterna disputa por margens cada vez mais apertadas, a Marfrig responde com parcerias bem sucedidas, desde a cria com genética Angus, até o mercado final…..Parabéns pela iniciativa.
Miguel, obrigado pelo artigo.
Aproveito para esclarecer essa sua dúvida sobre o posicionamento de Seara Angus e Bassi.
“Churrasco caprichado, com variedade de carnes nobres como é o caso do Seara Angus” é território da Seara.
“Jantar sofisticado, receita requintada” é território da Bassi.
80% dos cortes de Seara Angus não tem similar no portifólio Bassi.
É claro que sempre tem aquela Picanha que não pode ficar fora de nenhuma das duas linhas. Mas mesmo aí a Seara Angus tem suas particularidades. Pela conformação mais robusta da raça, a Seara Angus também oferece versões de picanha mais pesadas enquanto Bassi restringe-se as peças pequenas.
A verdade é que ambas são de excelente qualidade e qualquer que seja sua escolha pode ter certeza que estará saboreando o que há de melhor em qualidade de carnes.
Quem mais ganha com isso com certeza é o consumidor. Na dúvida pode levar as duas.
Grande abraço
Walter Scheufler
Gerente de Marketing – Divisão Bovinos e Food Service
Marfrig Group
É sempre bom ver uma empresa da área de bovinos buscando a descommoditização,isto é sem duvidas tudo que o seguimento necessita,e se partindo de uma empresa do porte da Marfrig,melhor ainda,pois esta é formadora de opiniões.
Parabéns,mais uma vez,a visão de Marcos Molina!
Há pouco tempo ele já falava em,na necessidade,agregar valor aos cortes bovinos,ai esta,muito bom!
Este,com certeza,é um bom exemplo do que se fazer com os aportes do BNDEs.
Iniciativas como esta comprovam,que lá atrás,quando escrevi a “trilogia” (rsrs) “De Commodities a Marca,de Frigorífico a Indústria de Alimentos”,eu estava certo.
Saudações,
EVÁNDRO D. SÀMTOS.
Prezado, Miguel!
Parabéns pelo artigo! Com explanações certamente certeiras e indagações que nos estimulam a refletir.
Walter,
muito obrigada pelo esclarecimento!
E sucesso à essa nova “abocanhada” do Marfrig, que mais uma vez se antecipou ao mercado.
Há 11 anos no setor vi alguns frigoríficos pagarem um preço caro por não apostarem no mercado interno. Outros tantos apostaram com a carta errada vendendo somente commodities pregando ‘preço’ como diferencial. Porém, somente os frigoríficos que trabalharam diferenciação baseada em qualidade, processos, atendimento, equipe de vendas focada no PDV, ou seja, estudando as dificuldades dos clientes e lacunas do mercado, estes romperam paradigmas, e continuam firmes em sua proposta desbravando o mercado até hoje.
Parabéns a Marfrig pelo trabalho que ajuda a expandirmos cada vez mais o segmento, a visão e a preferência do consumidor pelas ‘super carnes’.
Excelente o artigo!
Concordo com o Wagner em relação a escolha da Seara Angus para churrasco, como eu já disse em comentário anterior, provavelmente esta marcar terá carnes com mais marmoreio (por conta da raça Angus que tem um trabalho de seleção há muito tempo para as características de qualidade de carne).
A qualidade dessa marca é ótima, se equipara a famosa “carne argentina” e ouso dizer que pode superar!
Trabalho com avaliação de carcaça por ultrassom e vejo diariamente a melhora na qualidade da carne brasileira, e a iniciativa do Marfrig em fomentar a produção de carne de qualidade superior, conseguindo fazer com frequencia e quantidade é realmente muito empolgante pra nós que trabalhamos no setor e que também somos consumidores de carne.
Aos poucos estamos nos educando e aprendendo a reconhecer a qualidade da carne. Sem dúvida nós, consumidores, somos os maiores beneficiados!
Parabéns ao Marfrig e a todos os parceiros (fazendas, empresas, etc.), que tenham ainda mais sucesso!
Parabéns ao grupo Marfrig, em especial ao gerente de marketing, Sr. Walter Scheufler, ao Miguel pela cobertura do evento de lançamento da marca, e cumprimentos aos leitores que comentaram até agora.
Sobre os rendimentos de desossa de carcaças das novas marcas de carne que estão surgindo, tema para o qual o Miguel chamou atenção, eu aplicarei aqui uma das equações que desenvolvi para tal finalidade na minha tese de doutorado há muitos anos. Eu ainda era jovem e acreditava que fosse ver tudo isso que está acontecendo no mercado do boi e da carne.
Admitindo-se que as médias de peso de carcaça quente e a AOL sejam de 284 kg e 73 cm2 (um valor de regular a bom para gado de corte comercial), respectivamente, e fazendo variar apenas a EG (espessura de gordura ajustada, 12ª. Costela) de 3 a 5, a 8 e a 10mm, teremos um rendimento de cortes comerciais brasileiros (CCB%), com gordura aparada a 5mm, sem incluir a ponta de agulha, de 62,7%, 61,8%, 60,4%, 59,5%.
Vê-se que ao passar de uma EG sobre o olho de lombo na 12ª. costela, de 3mm a 10mm, que imagino vá ser a média que as carcaças desses novilhos cruzas de Angus terão numa dessas carnes diferenciadas no estilo americano (eu não diria “carne de qualidade” para evitar a vinculação com muita gordura), haverá uma quebra de rendimento de cerca de 3,2kg/100kg de carcaça. À primeira vista é fácil compensar isso vendendo a ponta de agulha mais gorda a preços maiores.
Até aí creio que estaremos compensando quebra de rendimento de desossa com 50 a 60 centavos a mais nos cortes de CCB e agregando valor na ponta de agulha. Mas é bom atentarmos para o fato de que não será muito simples agregar valor a todos os cortes (que o Miguel acha que serão todos de “primeira” porque o gado é de primeira, mas não é bem assim, primeira é carne para bifes, ou seja, preparo rápido com calor seco).
Digo que não será simples, porque no mercado interno não dá para valorizar o pescoço, músculos de garrão, lagarto, c. mole, c. duro, peito, capa, aba e fraldinha. O nosso lado mais otimista manda fazer um “square chuck”de paleta com acém, com osso, fatiar e fazer um bom trabalho de conscientização de que se pode grelhar essa carne, e haja trabalho de conscientização para mudar hábitos arraigados na população em geral e nos gerentes de restaurantes em particular.
Enfatizo que os 10mm de EG são necessários para se ter a marmorização necessária a um produto gourmet. E enfatizo, também, que não importa a cor, a raça, ou a alimentação do boi, coxão mole, coxão duro, patinho, etc., continuarão sendo vendidos aos e nos supermercados como commodities. É o que eu vejo aqui e em países onde o mercado é mais sofisticado.
É um grande orgulho trabalhar em uma empresa pioneira no mercado e com um grande futuro pela frente.
Parabéns por mais esta iniciativa Marfrig.
Caro professor,
Concordo em quase tudo com o senhor,apenas me permito,pela experiência profissional que tenho no seguimento na área de vendas,que se os supermercados bem atendidos nos quesito prestação de serviços,treinamento adequado aos manipuladores e marketing bem estudado,também estes os cortes do coxão,os que o senhor se refere,podem ser descommoditizados.
Outras formas de ofertar estes cortes também podem descommoditizá-los,exemplos:
Porcionados em embalagens termo formadas com atmosfera modificada,bifados,cubos,iscas,preparações diferenciadas,inclusive para cortes do dianteiro,apresentados e ambalados também em termo formados e atmosfera modificada,podem ser uma boa saída.
Os supermercadistas querem agregar valor à qualidade e a facilidade de gestão de seus açougues,sendo este um grande problema para eles hoje.
No modelo “bica corrida”,commodities os muitos supermercadistas compram os cortes de carnes,sabem quanto pagaram por eles,mais não fazem idéia se estão ganhando,empatando ou perdendo,mesmo aplicando margens supostamente altas.
E estas margens supostamente altas também insultam o consumidor que pagam caro por um produto,muitas vezes muito carregado em “sujeiras” e produto de baixa qualidade,como de fato se vê no atual modelo de comercialização.
Saudações humildes,
EVÁNDRO D. SÀMTOS
Caro Prof.Doutor Pedro de Felicio,
Seu conhecimento é respeitadissimo mundo a fora e concordo com quase tudo o que o senhor comenta.
Discordo somente a inalteravel condiçao de comodite que os sonhor coloca nos cortes de carne.O mercado da carne bovina tem um caminho gigantesco a percorrer.
Nao existe informaçao neste mercado, nao existe promoçao, nao existe um bom trabalho de marketing, até entao nunca tivemos um padronizaçao garantida.
Portanto o que conhecemos do mercado da carne bovina até hj é igual a nada, pois na verdade nada foi feito até entao.
Se descasca o boi e se vende, seja ele bom ou ruim em 90% dos casos.
Os frigorficos até hoje atenderam o mercado, nunca desenvolveram mercado.
Ferramentas de marketing comprovadissimas que dao certo em tudo, nunca foram usados corretamente no boi.
Começa pela falta de padrao, sem padrao fadado ao fracasso.
Estes nomes ridiculos(coxao duro, aranha, lagarto, fraldinha)
Concordo com o miguel, boi de primeira nao tem carne de segunda, já comi Acem grelhado e achei um delicia.
Quantas opçoes de carne de boi temos nas gondolas do mercado?compare com as opçoes de carne de frango.
Nos supermercados tem prmotores de vendas de chinelo a café e nunca vi um de carne de boi.
Acredito que o marfirg está começando a mudar este cenario.
Nao tem como dar errado, pois dá certo em todos os outros seguimentos da industria.
Prezado Evandro
Considero bastante válidos os seus argumentos. Contudo, tenho notado muita resistência à utilização da tecnologia de termo-formados com atmosfera modificada, que foi introduzida na Europa no início dos anos 80 e, desde então, vem sendo ensaiada aqui por algumas empresas sem sucesso, seja pela contaminação no fatiamento que leva a uma deterioração mais rápida da carne, seja pela dificuldade do transporte de embalagens com muito espaço vazio, sem falar nos custos de produção que aumentam muito.
Acho que v. está certo ao dizer que (alguns) “supermercadistas querem (…) a facilidade de gestão de seus açougues”. Há muito tempo eu vi em Belém um supermercado de nome japonês que cedia espaço para um frigorífico manipular e vender carne e este havia construído em material transparente uma mini-desossa, no fundo da loja, que era um verdadeiro modelo a ser copiado.
Independente de tudo que estamos falando aqui, o importante mesmo é que estão surgindo alternativas aos famigerados machos não castrados de 24 meses ou mais. Surgindo também um esboço do que virá a ser algum dia uma tipificação de carcaças, através da qual cada indústria pagará um diferencial de preço para ter a matéria prima que desejar por saber que haverá demanda no comércio.
Obrigado pelo comentário.
Prezado Ernesto Coser Netto
É muito bom esse seu otimismo, mas quando eu falo das dificuldades ou até da impossibilidade de se agregar valor ao c. mole, c. duro, patinho, etc. eu me refiro a países onde existe tipificação de carcaças e a compensação pelo que a indústria paga a mais pelo boi tem que ser compensada na venda do contrafilé e, por incrível que pareça, porque não parece muito lógico, do filé mignon. Aqui no Brasil, acho que é melhor a situação porque alcatras pesadas e gordas são vendidas com ágio às churrascarias.
De qualquer modo acho válido seus argumentos, ao menos enquanto não houver muita concorrência nesse mercado (lembra-se da carne de avestruz que seria vendida a 60 reais aos restaurantes sofisticados?), pois quando houver maiores quantidades, a tendência é a cairmos todos na boca do maior de todos os predadores carnívoros que é o supermercado. Ah! mas sempre temos a opção do mercado externo, só que será preciso recuperar o da União Europeia que perdemos em 2008.
Obrigado pelos seus comentários.
Prezado senhor Modesto,
Esclarecemos que os critérios para certificação das carcaças são determinados pela Associação Brasileira de Angus (ABA). Também, que nosso sistema não se baseia no modelo americano. Na verdade, exigimos critério de acabamento mediano para certificação – de 3 a 6 mm de gordura de cobertura – que já é aplicado para cortes de melhor classificação no mercado. Padrões abaixo desta classificação não podem gerar produtos diferenciados ou “Premiun”.
Para que os produtores não se sintam desestimulados em buscar este acabamento exigido na terminação, lembramos que a empresa compra animais recriados para confinamento e que os prêmios para os animais machos nestas categorias (recriados) são maiores do que o máximo alcançado para animais na terminação – uma opção para os que não querem correr o risco de depender de acabamento para premiação.
Atenciosamente,
Luciano Andrade
Gerente de Fomento
Prezado Sr. Roberto Trigo
Eu também quero que isso aconteça, mas sou realista, deixo sempre para comemorar o jogo após o apito final. Quando o “flat iron” (7 da paleta, raquete, músculo infraspinatus) foi lançado há alguns anos, nos EUA, como uma alternativa a um “loin” ou “rib” steak (bife de filé de costela ou do contrafilé lombar), houve muita agitação na imprensa especializada, e até pegou, mas como alternativa de menor custo ao “steak” de contrafilé. E aí o referido corte ficou meio na reserva, porque para fazer os bifes dele v. precisa removê-lo por inteiro, e assim, prejudica-se o corte de acém + paleta com osso que vende bem. Então, não se faz muito disso.
Vamos ver, eu estou na torcida como todo mundo e não quero ficar aqui argumentando para defender o que eu disse antes.
Quanto à vitela, agora me lembro da nossa troca de emails a respeito, mas a comparação não é válida. Não se pode comparar vitela com qualquer outra carne bovina, porque embora sejam da mesma espécie animal não têm mais nada em comum. Estou falando da verdadeira vitela, não de bovinos jovens chamados por alguns de ternero ou vitelo.
Obrigado pelo comentário ao meu comentário (o Miguel deve estar se divertindo com o trabalho que estou tendo, enquanto ele aproveita a praia de Ipanema esperando para entrevistar o presidente Obama)
Prezado professor,
Longe de mim desejar polemizar,considerando meu conhecimento técnico enormemente parco,entretanto,cabe perguntar:
Como poderia ser aumentado o risco de contaminação em produtos porcionados,bifados ou cubados ou ainda em iscas?Os riscos me parecem ser bem toleráveis,pois este risco não é muito maior ao que se corre no abate,desossa e toalete.
Carne porcionada embalada a vácuo já é uma realidade,mas do ponto de vista do aspecto visual é impossível embalar bifados,cubos ou iscas a vácuo,a carne escurece.Mesmo apenas,se embalados em termo formado o mesmo ocorre,daí a necessidade da atmosfera modificada.
Quanto à validade,mesmo diminuída me parece que para os supermercadistas é melhor que o modelo por eles hoje utilizado:
Hoje eles compram as peças,porcionam,bifam,fazem cubos ou iscas e embalam em bandejinhas de isopor e envolvem IWF,neste modelo a durabilidade indicada é de,apenas,3 dias,além do que,me parece,o risco de contaminação é muitíssimo mais presente.
Estes produtos se porcinados,bifados,em cubos ou iscas produzidos pela indústria e em ambiente adequado embalado em termo formado e utilizando-se de atmosfera modificada a validade se saltar para 30,ou mesmo para 20 dias (que é apenas 50 ou 33,5%,da validade usual das carnes embaladas a vácuo),me parece melhor que apenas 3 dias.
O transporte não me parece ser o maior problema,hoje todas as empresas do ramo sabem das necessidades de se ter entrepostos nas praças em desejam atuar.Poderiam manipular estes produtos nestes entrepostos.
Com relação a estes produtos com propostas nesta modalidade,me parece que a questão maior ser comercial e nem tão técnica,ainda que esta seja imprescindível.
Comercialização de tais produtos exige organização operacional e inteligência comercial,logo para se produzir e fornecer estes tipos de produtos é imprescindível que se tenha programação e que desta forma se dê a produção.
Relativo aos preços finais,destes produtos,aos consumidores creio que haja necessidades de repasse,visto,os preços atuais contemplarem perdas,associadas à contaminação e a vencimento muito curto,os tais 3 dias.Na verdade os supermercados provavelmente aumentariam suas margens,ou as diminuiriam para ter em suas lojas mais consumidores
A tipificação das carcaças é sem sombra de duvidas necessária,mais muito mais necessário,me parece,é os pecuaristas atentarem que a classificação a partir de já passa a ser dos animais:
Se confinados super precoces,precoces,se terminados em confinamentos,padrão,peso homogêneo,cobertura desejável,em fim…
Saudações,
EVÁNDRO D. SÀMTOS.
Prezado Evandro d. Santos – Eu repito aqui as suas palavras: “longe de mim polemizar”. Há algum tempo orientei uma pós-graduanda na elaboração da dissertação de mestrado a respeito do tema. Ela sabia muito mais do que eu sobre as embalagens em atmosfera modificada, porque tinha trabalhado por uns 10 anos como engenheira de vendas técnicas de sistemas de embalagens com gases numa multinacional. Minhas opiniões a respeito do tema vem daí e de tudo que vimos na ocasião de tentativas de empresas de porte que se aventuraram por esse caminho e sairam frustradas.
Contudo eu concordo com muito do que v. disse e não tenho nada contra a tecnologia (fiz os primeiros testes no país, em 1982/83 com 60% de O2 usando uma máquina de embalar salsicha que estava em reforma na Selovac em SP) e até considero da maior importância se bem utilizada. A questão da contaminação está documentada em artigo científico do CETEA-ITAL, onde ficou registrada uma redução da vida útil da carne porque ao longo do processo a máquina de fatiamento ficava contaminada por bactérias deterioradoras e ia distribuindo esses microrganismos a todas as fatias seguintes. Por tudo isso, eu não confirmaria essa informação de 20-30 dias de validade, a menos que v. utilizasse monóxido de carbono, que é outro assunto muito polêmico.
De novo Evandro, vamos deixando por aqui essa discussão porque nós caímos num desvio do assunto principal.
Agradeço novamente os seus comentários que demonstram os seus conhecimentos sobre o tema.
Ok professor,
Apenas uma lembrança,existe atualmente máquinas de fatiamento,e porcionamentos diversos a laser.
Saudações,
EVÁNDRO D. SÀMTOS.
Senhores
Nao serao, veterinários, zootecnistas e agronomos ou outros tipos de tecnicos que vao tirar a carne de qualidade da vala comum.
Precisamos do cara que tirou o Yogurte da condiçao de comodite, prometendo dinheiro de volta para quem nao tivesse seu transito intestinal acelerado.
Precisamos do cara que fez chinelo de dedo virar grife.
Precisamos do cara que fez Fiat (fui Inganado agora é tarde)vender mais que Volks e acabar com este preconceito erroneo
O mercado nao é soberano, está sempre aberto a novos produtos e novas ideias.
A picanha nao é o corte mais procurado em outros paises.
Portanto se basear em exemplos externos, ao meu ver, tambem nao é e soluçao.
O que sei é que produto bom, com boa promoçao vai vender muito.
Vamos deixar os tecnicos para cuidar da produçao, do preparo e deixar a venda para quem entende.
Ferramentas de marketing dao certo para tudo o que conheço se bem usadas e empregadas.
A maioria do produtos lideres de mercado que conheço nao sao as mais baratas.
Acredito que vou ver ainda isto acontecendo com o boi.
Pena que com todo este investimento e divulgação a Seara nem se dá ao trabalho de sequer responder pelo SAC onde o consumidor consegue achar os produtos desta linha. A Seara só se preocupou com o marketing.