Sisbov: novo nome, novas regras e mesmo conceito
22 de agosto de 2006
Lagoa adquire touro Nelore no Megaleilão CFM 2006
24 de agosto de 2006

Análise das exportações argentinas até julho de 2006

As exportações argentinas de carne bovina in natura, após caírem significativamente no primeiro semestre em 2006, voltaram a crescer em junho e, em julho, o volume foi quase equivalente ao exportado em fevereiro de 2006. A queda nas exportações foi decorrente de uma medida imposta pelo governo argentino que, com objetivo de aumentar a oferta de carne no mercado interno, criou severas restrições às exportações de carne bovina em 2006.

As exportações argentinas de carne bovina in natura, após caírem significativamente no primeiro semestre em 2006, voltaram a crescer em junho. Em julho, o volume foi quase equivalente ao exportado em fevereiro de 2006. A queda nas exportações foi decorrente de uma medida imposta pelo governo argentino que, com objetivo de aumentar a oferta de carne no mercado interno, criou severas restrições às exportações de carne bovina em 2006.

No fim do ano passado, preocupado com a elevação dos índices de inflação na Argentina, o governo Kirchner aumentou o imposto de exportação de carne bovina de 5% para 15%, com objetivo de direcionar a oferta de carne para o mercado interno. Ainda em dezembro de 2005, a tarifa foi elevada novamente, para 25%. Insatisfeito com o resultado do controle regulatório, no início de março, o presidente argentino Néstor Kirchner anunciou a proibição das exportações de carne bovina por 6 meses. O ministério da Economia considerava que as exportações de carne bovina, que cresceram 34,10% em volume e 41,54% em receita em 2005, foram responsáveis pela elevação da inflação interna.

A proibição excluiu as exportações dentro da cota Hilton, cortes de qualidade elevada que são exportados à UE sob tarifa menor (20% ad valorem – incide sobre valor + frete), e que mesmo assim teve momentos de queda em 2006. As vendas acordadas antes da medida também mantiveram a permissão. No início de junho, o governo flexibilizou a medida e permitiu o embarque do equivalente a 40% do volume exportado no mesmo período em 2005.

Não incluídas as exportações dentro da cota Hilton, de janeiro a julho de 2006 as exportações argentinas foram de 123.603 toneladas por US$ 339,301 milhões, queda de 46,10% em volume e 34,82% em receitas, comparado a igual período em 2005. O preço médio das exportações argentinas de carne in natura foi de US$ 2.745, 20,93% acima de 2005.

Analisando as exportações mensais, julho teve um desempenho melhor em relação aos 2 meses anteriores. Em maio deste ano, as exportações ficaram somente em 1.111 toneladas, 3,28% da média exportada por mês em 2005. Em julho de 2006 se recuperaram 110,90% em volume em relação a junho e, em receita, 93,26%. O total exportado em julho foi de 19.831 toneladas, por US$ 65,548 milhões. Comparado ao mesmo mês em 2005, a queda foi de 52,87% em volume e 33,87% em receita.

Gráfico 1. Evolução das exportações de carne bovina in natura da Argentina


Fenômeno semelhante ao ocorrido nas exportações brasileiras, os preços médios da carne bovina exportada tiveram um aumento expressivo, resultado da queda na oferta e crescimento da demanda internacional pela carne bovina. O preço médio da carne exportada em julho foi de R$ 3.305/tonelada, 40,31% acima do valor médio de julho de 2005. Como referência, o preço médio da carne exportada pelo Brasil em maio, mês cujo preço foi historicamente elevado, foi de US$ 2.636/tonelada. Acompanhe no gráfico 2 a evolução do preço médio da exportações argentinas.

Gráfico 2. Evolução dos preços médios da carne bovina in natura exportada pela Argentina


A Rússia é um mercado importante para a carne bovina argentina. Entretanto, devido às restrições às exportações, os embarques caíram 44,60% e a receita com as vendas à Rússia 33,97% de janeiro a julho, para 68.090 toneladas, por US$ 143,067 milhões. Em julho de 2006, a Argentina exportou para a Rússia 12.535 toneladas, por US$ 31,183 milhões, queda de 54,44% em em volume e 41,20% em receita em relação ao ano passado.

O mercado russo absorveu 63,21% do volume e 47,57% da receita exportados em julho de 2006.

Gráfico 3. Evolução das exportações de carne bovina in natura da Argentina para a Rússia


Cota Hilton

A cota Hilton é distribuída entre os países exportadores de carne bovina e pode entrar na UE sob tarifa de importação de 20% de acordo com o MDIC. A cota total é de 56 mil toneladas anuais e a Argentina tem direito a 28 mil. De acordo com o MDIC, a importação fora desta cota (tarifa cheia) paga o equivalente a 114,52% em tarifa ad valorem.

Dentro da cota Hilton, de janeiro a julho de 2006 as exportações argentinas de carne bovina somaram 15.147 toneladas, com receita cambial de US$ 136.517 milhões. Neste período, as exportações na cota Hilton foram 9,47% maiores, e a receita cresceu 29,19%. O preço médio no período acumulado das exportações na cota Hilton foi de US$ 9.013/tonelada. As exportações na cota Hilton responderam por 18,15% do volume e 34,46% da receita do total exportado no período.

Somente em julho, as exportações à UE na cota Hilton foram de 1.859 toneladas, por US$ 20,519 milhões, crescimento de 38,32% em volume e 86,13% em receita em relação a julho de 2005. O preço médio em julho de 2005 foi de US$ 11.038/tonelada, 34,57% acima do preço médio de julho/05.

Gráfico 4. Exportações de carne bovina da Argentina na cota Hilton


De acordo com informações do jornal argentino La Nación, a medida que restringe as exportações de carne bovina naquele país, apesar excluir as exportações na cota Hilton, criou uma burocracia excessiva que acabou por atrapalhar os embarques de cortes Hilton (veja a notícia). Conforme pode ser observado no gráfico 3, de março para abril o volume exportado de cota Hilton caiu 74,94%. Naquele mês foram embarcadas 712 toneladas na cota, por US$ 6,873 milhões.

Os comentários estão encerrados.