Em 2006, as exportações brasileiras acumularam no primeiro semestre 709.659 toneladas, com receita cambial de US$ 1.716,89 milhão no geral, entre carne bovina in natura, industrializada e miúdos. Com a elevação dos preços exportados da carne bovina, principalmente na carne industrializada, o pequeno crescimento de 0,78% em volume, relativo ao primeiro semestre de 2005, representou um incremento de 16,24% na receita exportada. A tabela abaixo contém dados referentes às exportações de carne bovina (geral).
Tabela 1: exportações de carne bovina (geral)
As exportações de carne bovina in natura acumuladas no primeiro semestre foram de 536.095 toneladas, com receita cambial de US$ 1.305,98 milhão. Devido à valorização do produto no mercado internacional, apesar de haver um pequeno aumento no volume embarcado (+1,33%) em relação ao primeiro semestre de 2005, a receita exportada cresceu 12,34%. O preço médio no período acumulado foi de US$ 2.436/tonelada, 10,86% de valorização em relação ao primeiro semestre em 2005.
Analisando apenas o mês de junho, este comportamento é mais evidente. Apesar de uma queda de 6,48% no volume embarcado em relação a junho de 2005, a receita cresceu 8,85%. Em relação a maio, mês que teve o pico no preço médio tonelada de carne in natura, o volume cresceu 0,83% e a receita caiu 0,06%.
Tabela 2: exportações de carne bovina in natura
Gráfico 1: exportações de carne bovina in natura, em toneladas
Tabela 3: exportações por mercado no ano (in natura)
Em destaque, as exportações para o Egito em junho cresceram 82,70% em volume e 98,87% em receita comparadas a junho de 2005. O Egito foi acometido por casos da gripe aviária no início do ano, o que destruiu a indústria avícola no país abrindo espaço para exportações de carne, conforme explicou O´Callaghan.
Na UE apesar de os embarques terem caído 6,15% no primeiro semestre em 2006, a receita cresceu 6,28%, alta provocada pela elevação nos preços médios de 13,24%. No total, foram exportados à UE 113.049 toneladas, por US$ 469,548 milhões no semestre (média de US$4.153/tonelada). Observando junho deste ano, a alta nos preços fica mais evidente: de uma queda de 10,36% no volume embarcado, a receita cresceu 17,60% comparada a junho de 2005. No total, em junho foram embarcados 20.598 toneladas por US$ 100,535 milhões à UE. O preço médio em junho foi de US$ 4.881, 31,18% acima do valor médio em junho de 2005.
Os países da Europa Oriental, importaram do Brasil 160.693,5 toneladas de carne bovina in natura, por US$ 306,796 milhões durante o primeiro semestre (preço médio de US$ 1.909,2/tonelada). O crescimento foi de 4,54% no volume embarcado e 16,29% em receita.
Os preços indicam que há um desequilíbrio no fornecimento de carne bovina no mercado internacional. A Argentina, que sempre foi importante exportadora, principalmente à UE, teve os embarques de carne prejudicadas por uma restrição voluntária imposta pelo Governo Kirchner no início de 2006. As exportações de carne bovina argentinas, não incluída a cota Hilton, caíram 45% em volume e 35% em receita no semestre. Em maio, a Argentina exportou apenas 983 toneladas, de acordo com dados do Senasa. Compare o volume exportado pela Argentina no período analisado com a série histórica de preços exportados pelo Brasil, dados apresentados nos gráficos abaixo.
Gráfico 3: exportações argentinas de carne bovina in natura
Gráfico 4: preços médios da carne bovina in natura exportada pelo Brasil
As informações da Secex mostram que a participação das exportações para países em desenvolvimento cresceu no primeiro semestre em volume, de 69,98% em 2005 para 71,64% em 2006. Em receita, cresceu de 49,67% em 2005 para 56,59%, considerando apenas o primeiro semestre nas análises. Vale observar que o preço médio exportado para países em desenvolvimento foi de US$ 1.924,42/tonelada, e para países desenvolvidos foi de US$ 3.728,56/tonelada em 2006. De acordo com O´Callaghan, fatores como crescimento populacional, crise no setor aviário devido à gripe do frango e embargos impostos com o surgimento da aftosa no Brasil, tiveram papel importante em estimular uma diversificação dos destinos. “Isso faz com que atendamos mais o mercado novo do que o mercado velho”, afirmou.
A maior parte das exportações se concentrou na faixa de preços de R$ 2.000 a US$ 3.000/tonelada, com 47,79% de participação dessa faixa de preços em 2006, bem acima dos 4,32% em 2005. Isso ocorreu principalmente devido ao aumento nos preços médios da carne no mercado internacional. Entretanto, a participação das exportações na faixa de R$ 3.000/tonelada ou mais, reduziu-se de 22,35% em 2005 para 14,86% em 2006. Veja a distribuição dos preços médios no gráfico abaixo.
Gráfico 5: faixas de preços da carne bovina in natura exportada
Gráfico 6: fatia do total embarcado de carne por cada estado (in natura)
No semestre, as exportações de carne bovina industrializada somaram 130.420 toneladas, por US$ 349,983 milhões. Apesar da redução de 1,31% no volume embarcado, a receita cresceu 33,62%. O preço médio cresceu 35,39%, para US$ 2.684/tonelada.
Apenas em junho, foram embarcados 22.703 toneladas, por US$ 61,426 milhões. Em relação a maio, o crescimento foi de 1,06% em volume e 1,26% em receita; em relação a junho de 2005, crescimento de 11,35% em volume e 64,34%.
Miúdos
De miúdos, foram embarcadas no semestre 43.144 toneladas, por US$ 60,917 milhões, crescimento de 0,41% em volume e 15,92% em receita. Apenas em junho, foram embarcadas 6.862 toneladas, por US$ 8,922 milhões. Crescimento de 1,35% em volume e queda de 0,14% em receita em relação a maio e queda de 15,02% em volume e 10,86% em receita em relação a junho de 2005.
Otavio Negrelli, Equipe BeefPoint
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Mais uma vez estamos vendo na prática que apenas um elo da cadeia produtiva vem lucrando, principalmente no MT. Pois consumidores estão pagando mais caro pela carne bovina e produtores rurais recebendo menos.
Breno Augusto de Oliveira
Zootecnista
Angra-Consultoria Agrop. Sustentável
Confresa/MT