PR: missão européia conhece controle sanitário
31 de janeiro de 2006
Brachiaria híbrida Mulato no IZ: assista o video
2 de fevereiro de 2006

Análise semanal – 01/02/2006

Esperava-se que o fundo do poço tivesse sido registrado em setembro de 2005, quando o preço médio do boi gordo na região de Barretos/SP, para pagamento a prazo, fechou em R$50,88/@, em valor nominal, ou R$51,40/@, corrigido pelo IGP-DI (base dezembro/05).

Até então, tomando-se como referência preços deflacionados, reunidos em uma série histórica iniciada em janeiro de 1970, essa era a cotação mais baixa já registrada. Aliás, antes de 2005, a pior cotação havia sido registrada em junho de 1996: R$54,29/@. No ano passado, esse “recorde” foi quebrado primeiro em julho (R$53,43/@), depois em agosto (R$52,35/@) e, finalmente, setembro (R$51,40/@).

Foi quando o mercado passou a trabalhar em alta, em função da retração significativa na oferta de animais terminados (entressafra + redução dos confinamentos), do bom desempenho das exportações de carne bovina e de um leve aquecimento do consumo interno.

Em 10 de outubro o boi gordo, em Barretos – SP, já se aproximava de R$60,00/@. Foi então que veio a notícia de febre aftosa no MS. Depois de alguns dias de indefinição, os preços começaram a cair. Após uma semana, voltaram a se recuperar, pois mesmo os embargos internacionais não se mostraram suficientes para elevar em demasia o nível de ofertas.

No entanto, com a liberação da comercialização de gado e carne do Mato Grosso do Sul para outros estados, descoberta de um foco de aftosa no Paraná, aumento das restrições comerciais internacionais, dólar baixo, especulações, pessimismo exacerbado e chegada do boi de pasto, o mercado voltou a afrouxar.

Assim, 2006 começou com preços em baixa. A situação se agravou mediante a retração das vendas internas de carne bovina, graças à queda do poder de compra do consumidor (em função das despesas típicas do período) e das férias escolares.

Acompanhe na tabela 1 a variação dos preços médios do boi gordo de janeiro de 2006 em relação a janeiro e setembro de 2005, em todas as praças pesquisadas pela Scot Consultoria.

Tabela 1. Preços médios e variações das cotações do boi gordo, com base em valores nominais – R$/@ a prazo.


Veja que, em relação a setembro/05, os preços reagiram em algumas praças, notadamente em MG, MT, GO e RS, que passaram a exportar mais em função das restrições comerciais impostas a SP, MS e PR (reflexos da aftosa).

Porém, em relação a janeiro de 2005, as cotações despencaram em todas as regiões.

Os preços estão extremamente baixos. No entanto, o mercado sinaliza que encontrou o piso. Em São Paulo, por exemplo, está difícil comprar boi a R$49,00/@ (cotação que vigorava nos últimos dias). A maioria dos negócios já ocorre em R$50,00/@, mas ainda assim com dificuldade.

Para o curto prazo, é possível que ocorram correções positivas em algumas praças, visto que as escalas de abate dos frigoríficos encurtaram bem. Uma possível melhoria nas vendas de carne, em função do fim das férias escolares, ajudaria no aquecimento do mercado.

Mas convém não esperar pelo início de um movimento de alta consistente. Para tanto, seria importante contar com o arrefecimento dos embargos à carne bovina brasileira, principalmente por parte de Rússia, Chile e União Européia, três dos maiores clientes brasileiros.

0 Comments

  1. Geonedis Ledesma Peixoto disse:

    Muito bem feita sua análise.

    Acho que a classe pecuarista deveria aproveitar o momento de dificuldade, e por a casa em ordem. Somos reféns do mercado, dos frigoríficos, governo, entre outros.

    Perdido, perdido e meio. É hora de fazer pressão, não vender, para enxugar mais ainda o mercado de carne. Em um levantamento feito por nós, chegamos a uma conclusão que tem muita gente ganhando dinheiro às nossas custas: supermercados, casas de carnes,distribuidoras de carnes. Veja que o preço da carne não tem caído para o consumidor, como tem caído o preço do boi para o pecuarista.