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Análise Semanal – 04/05/2005

As cotações do boi gordo, ao longo da última semana, voltaram a recuar em algumas praças. No entanto, o ritmo dos ajustes diminuiu um pouco em boa parte do país. Vale lembrar que, na semana anterior, foram registradas retrações em quase todas as 25 regiões pesquisadas pela Scot Consultoria. As variações desta semana estão dispostas na tabela 1.

Tabela 1. Variações das cotações do boi gordo na última semana.


A sustentação dos preços se deve à retração das ofertas. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, região de Dourados, os produtores estão resistindo às vendas em R$50,00/@, a prazo, para descontar o funrural. As escalas de alguns compradores encolheram para 5 dias.

Em São Paulo, as escalas não chegaram a encolher. Os grandes frigoríficos paulistas, buscando animais fora do Estado, trabalham com programações de abate de 7 a 12 dias. No entanto, quem tentou derrubar o boi para R$54,00/@, a prazo, para descontar o funrural, não comprou nada. É preciso pagar R$1,00/@, ou até R$2,00/@ a mais.

Além do ajuste de ofertas, o pagamento dos salários, com a chegada do novo mínimo (R$300,00), tende a aquecer as vendas de carne, ajudando na manutenção das cotações da arroba. Em síntese, para o curto prazo, a tendência é de preços estáveis.

Agora, o que todo mundo quer saber é: será que o boi não cai mais? Chegou ao fundo do poço? Difícil saber. Aliás, será que esse poço tem fundo?

As cotações vigentes hoje estão entre as mais baixas da história, quando se considera valores corrigidos pelo IGP-DI. Pode ser que os preços tenham atingido uma barreira “psicológica” (se é que esse é o termo correto), ou seja, podem não cair mais justamente porque já caíram demais. Porém…

É preciso saber se essa redução da disponibilidade de animais terminados já é sinal de final de safra (o boi está acabando) ou se foi induzida (ainda tem boi, é o produtor que está segurando). A maioria dos compradores, corretores e produtores consultados pela Scot Consultoria aposta na segunda opção.

Nesse caso, o clima não joga a favor do produtor. Depois de uma seca escabrosa, veio o frio, castigando ainda mais a capacidade de suporte das pastagens. Assim, fica a dúvida: até quando vai ser possível segurar o gado na fazenda?

Fora isso, o dólar continua em queda. Na terça-feira, fechou a R$2,493, cotação mais baixa dos últimos 3 anos. Tudo isso graças ao forte fluxo de entrada de dólares no país em função dos elevados superávits comercias e juros altos (que atraem capital especulativo). Sem contar que o Banco Central não tem feito nenhum tipo de intervenção no mercado para, ao menos, tentar segurar o câmbio.

Sabe-se que, por conta das exportações, as cotações da arroba estão atreladas ao dólar. Se o real se valoriza, as cotações em dólares sobem, e os frigoríficos tendem a derrubar os preços. O boi de R$55,00/@ em São Paulo vale US$22,06/@. Está, por exemplo, acima do boi da Argentina (algo em torno de US$22,30/@).

Detalhe: a maioria dos especialistas aponta que o câmbio pode cair ainda mais. Será??

Só para colocar mais lenha na fogueira, vai aqui mais uma penca de questões sem respostas: E os Estados Unidos, vai levantar um embargo total contra a carne bovina brasileira, liberar as importações de carne in natura, ou manter tudo como está? E o SISBOV, muda ou não muda? E a economia, vai crescer cerca de 4% como aponta o governo, menos de 3,5% como sugerem os economistas ou entrar em recessão como acreditam alguns empresários? Confinamento e semiconfinamento… aumentam ou diminuem? Quanto?

Em meio a tanto reboliço, o melhor a se fazer é confiar, com a devida cautela, em previsões de curto prazo, ficar “com pé atrás” frente previsões de médio prazo e desconfiar das de longo prazo. É preciso acompanhar o mercado diariamente, fazendo, sempre que necessário, as devidas correções de prumo.

0 Comments

  1. julio monken silva disse:

    É… está igualzinho ao filme “A PAIXÃO DE CRISTO”…

  2. Fernando Manhaes disse:

    Fabiano,

    O mercado nos mostra como anda a realidade do nosso “confiável” Brasil.

    Estamos chegando a um ponto que os frigoríficos vão comandar os preços, pois eles vão se alto se abastecer e o pecuarista terá de aceitar a sua vontade.

    Quem manda é quem tem o poder da barganha, e o pecuarista tem que honrar suas dividas e aceitar a migalha que lhe são oferecidas.