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Análise semanal – 06/10/2005

Mercado firme e em alta. Está difícil, inclusive, estabelecer valores de referência. Os preços de balcão não valem muita coisa. Negócios diferenciados pipocam para todos os lados.

Hoje (05/10) em São Paulo, por exemplo, o preço “referência”, para o boi gordo, é R$56,00/@, a prazo, para descontar o Funrural. No entanto, a Scot Consultoria registrou negócios de R$57,00/@, também a prazo, mas livre de imposto. Na prática, é uma diferença de mais de R$2,00/@.

Desde o dia 19 de setembro, quando o mercado passou a trabalhar em alta, a valorização da arroba já alcançou 14% no Sul de Goiás, 12,5% no Triângulo Mineiro, 12,2% em Dourados (MS) e 12,0% em São Paulo. Na verdade, dentre as 25 praças pesquisadas pela Scot Consultoria, apenas em Santa Catarina foi registrada variação negativa (-1%). No Rio Grande do Sul os preços se mantiveram estáveis.

E o mercado deve reagir mais, uma vez que as escalas de abate atendem, em média, apenas 3 ou 4 dias. Já tem frigoríficos pulando dias de abate. A redução, ao estritamente necessário, do número de cabeças abatidas ao dia, é prática comum.

Outro fator altista é que, além da oferta reduzida, os frigoríficos ainda têm fôlego para suportar novos aumentos. Por exemplo, desde outubro de 1996 a relação de preços entre carne no atacado e boi gordo não se mostrava tão favorável aos frigoríficos, como pode ser observado na figura 1.

Figura 1. Boi gordo e Equivalente Físico em SP – médias mensais em R$/@


Em setembro a margem média do equivalente físico em relação à cotação do boi gordo paulista ficou em 1,04%. Desde fevereiro de 1997 ela não era positiva.

Hoje, a margem ficou em 1%. Considerando, além da carne, o couro e o sebo (Equivalente Scot), a margem dos frigoríficos está em 6%. Além dos preços firmes do atacado, o sebo está em alta.

Pode-se argumentar que, para os exportadores, a margem está diminuindo, já que a cotação do boi gordo paulista atingiu algo próximo a US$25,00/@, a maior, para esse período, desde 1997.

Mas apesar do estreitamento, ainda há margem. Sem contar que, nos últimos anos, a relação de preços esteve favorável à indústria, uma vez que a cotação da carne exportada reagiu, e a do boi gordo caiu. Se estivessem com problemas de caixa, os exportadores não estariam investindo tanto na compra, construção e/ou ampliação de plantas.

É importante destacar também que, tão logo o mercado passou a apontar para a valorização da arroba, os frigoríficos intensificaram as ações do mercado futuro, fazendo hedge de compra.

Essa é uma das explicações para o aumento de 75% no número de contratos de boi gordo negociados na BM&F em setembro último em relação ao mesmo período de 2004. Em relação ao mês anterior (agosto), a alta foi de 24,5%.

Em síntese, há pouco gado disponível para abate, os frigoríficos de mercado interno estão com margens que há tempos não eram registradas, e boa parte dos exportadores, que por sinal têm muitos contratos a cumprir, estão “travados” na BM&F, assegurando os rendimentos.

O mercado, portanto, deve se manter na trajetória de alta.

0 Comments

  1. HUMBERTO DO NASCIMENTO disse:

    Não seria um comentário especificamente sobre o artigo mas, sou do RS da região das missões e, estou acompanhando o mercado futuro do boi da BM&F e vejo uma ótima alternativa para nos produtores de gado, onde a oscilação de preço vem sacrificando nossa atividade.

    Pergunto: Por que não é realizado contrato futuro aqui no sul, pelo menos em nossa região não e, como calcular o preço base, pois este é um diferencial, pois a referência é Araçatuba.

    Veja meu exemplo:
    vendemos 120 bois = 86000,00, no físico
    Na bolsa se tivesse travado o preço em 03/05 este seria de 70,90/@, então, os mesmos 120 bois = 225000,00 , está certo?

    Caso estiver é assustadora a diferença!

    Abraços e aguardo retorno

    Humberto do Nascimento

    Comentários do autor:

    Prezado Humberto,

    É isso mesmo. A Bolsa é um eficiente instrumento para redução de risco e, particularmente nos últimos 2 anos, a diferença entre os preços apontados nos contratos futuros, em relação àqueles efetivamente registrados no mercado físico, foi muito grande.

    O problema para quem trabalha no Rio Grande do Sul é justamente a formação do preço base, uma vez que os preços gaúchos não obedecem as oscilações das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Enquanto em São Paulo é entressafra, no Rio Grande do Sul é safra, em função das pastagens de inverno.

    Eu particularmente não conheço produtores do Rio Grande do Sul que façam hedge na BM&F, mas com base numa boa série histórica de preços de SP e RS, talvez seja possível estabelecer um referencial.

    Sugiro que entre em contato com algumas corretoras, para se informar sobre essa opção. Temos um parceiro, corretor de mercadorias a futuro, que pode lhe esclarecer essa questão.

    Cordialmente,

    Fabiano R. Tito Rosa
    zootecnista
    Scot Consultoria