No decorrer da última semana, o mercado físico do boi gordo operou em ambiente extremamente frouxo.
A valorização do Real, que levou à redução das margens dos exportadores, deu início a um forte movimento baixista. Os preços caíram na maioria das praças pecuárias.
De janeiro a meados de abril, a cotação do boi gordo paulista saiu de R$59,00/@ para R$57,00/@, uma desvalorização de apenas 3,4% em mais de 3 meses.
Agora, somente na última semana, a cotação despencou de R$56,00/@ para R$53,00/@, pontuando uma variação negativa de 5,4%.
Além da pressão exercida pelos compradores, a proximidade do período seco e a necessidade do produtor em conseguir caixa e espaço para realizar a troca (comprar animais magros), levaram ao aumento da oferta de gado gordo, sustentando o movimento.
Porém, após vários ajustes seguidos, os frigoríficos passaram a encontrar certa resistência de venda. Em algumas regiões do Mato Grosso e Paraná por exemplo, as programações de abate voltaram a atender apenas 2 ou 3 dias.
Também em São Paulo a situação não é confortável, principalmente para frigoríficos que atuam apenas no mercado local. Alguns compradores mais adiantados ainda podem optar pela imposição de novos recuos, porém os espaços estão ficando limitados.
Além disso, o dólar voltou a subir. A cotação da arroba brasileira caiu para algo próximo a US$17,30, ficando quase 10% abaixo da cotação da arroba argentina, US$19,20.
É verdade que em relação ao início do ano a margem dos exportadores diminuiu sensivelmente, porém a situação agora não pode ser considerada desconfortável (se é que já foi).
Outro dado interessante. No decorrer da última semana, o mercado atacadista operou em ambiente totalmente estável. Já a cotação do boi gordo paulista, como dito anteriormente, acumulou baixa de 5,4%.
A defasagem entre o equivalente físico e a cotação do boi gordo, que no início do ano era de 21,3%, caiu para 18,8%. Para os frigoríficos, ao menos com relação às vendas para o mercado interno, a situação é um pouco mais confortável.
O problema maior agora é o couro, responsável por aproximadamente 12% da receita dos frigoríficos, e cuja cotação recuou 8,4% em uma semana. É mais um fator que deve ajudar a alimentar as pressões baixistas, ainda mais agora que o clima (frio) começou a jogar do lado dos compradores.