Produtor não se beneficia do bom desempenho das exportações
As cotações do boi gordo voltaram a recuar em algumas praças importantes, como Triângulo Mineiro, Sul de Goiás e Dourados (MS). As programações de abate nessas regiões permanecem longas, atendem em média 10 dias, abrindo espaço para os ajustes.
Em São Paulo já tem frigorífico fechando as matanças de setembro, pressionando por um recuo de R$1,00/@. Alguns já abriram ordens de compra de balcão a R$61,00/@, para descontar o Funrural, ou R$60,00/@, livre do imposto. Ambos a prazo.
O mercado segue firme no Norte do país, onde a oferta de animais terminados em pastejo se reduziu significativamente e há pouca ou nenhuma oferta de animais de cocho (confinamento e semiconfinamento). Negócios acima do preço referência vêm sendo registrados em Rondônia, Tocantins e Pará.
Para o curto prazo a tendência, na maioria das praças, ainda é de preços estáveis.
De acordo com dados preliminares do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) o Brasil exportou, em agosto deste ano, cerca de 104,26 mil toneladas equivalente carcaça, aumento de 85% em relação a agosto do ano passado.
O faturamento chegou a US$176,80 milhões, alta de 116% em relação aos US$81,89 milhões de agosto de 2003. O preço médio da tonelada equivalente carcaça, no mesmo período, saltou de US$1.455,13 para US$1.695,76, alta de 17%.
Trocando a moeda, o preço da tonelada equivalente carcaça da carne bovina exportada passou de R$4.365,38 para R$5.087,28, alta também de 17% (a cotação do dólar, nos dois períodos, estava em R$3,00). Já o boi passou de R$58,67/@ para R$62,66/@. Logicamente, um reajuste de 7%, ficando abaixo da inflação do período (algo em torno de 10% de acordo com o IGP-DI).
O produtor investe em sistemas mais modernos de terminação (vide o aumento do confinamento e do semiconfinamento), em genética, em sanidade (vide os recordes de vendas de vacina contra febre aftosa) e em rastreabilidade. Contudo, não faz parte do elo da cadeia que tem se beneficiado do bom desempenho das vendas externas.
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Infelizmente o produtor está a mercê dos grandes frigoríficos.
A cotação da arroba nunca esteve tão ruim. Os gastos do pecuarista aumentam em progressão geométrica enquanto que o mercado se mantém estagnado e em algumas praças até em queda. Por outro lado, os grandes frigoríficos exportadores vivem um momento excepcional, com fechamento de grandes negócios e com a cotação em ascensão constante.
O lucro das exportações não é repartido com os produtores. O bolo não é repartido com a base de toda a cadeia. Enfim, os frigoríficos exportadores estão se enriquecendo às custas do sangue e do suor do pecuarista brasileiro enquanto que o governo assiste toda esta monopolização do mercado de braços cruzados.
Isto é lamentável.