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Análise Semanal – 08/12/2004

De uma hora para outra…pressão baixista

O mercado do boi gordo vinha trabalhando em ambiente firme, com tendência de alta em algumas praças, apesar da forte resistência por parte dos compradores. Porém, de uma hora para outra, a situação se inverteu.

O dólar, que já recuou cerca de 12% em relação ao início do segundo semestre, é o principal “inimigo” da valorização da arroba. Interfere negativamente na margem dos frigoríficos exportadores, que, reconhecidamente, são os que exercem maior influência sobre o comportamento dos preços.

Além do câmbio frouxo, o preço da tonelada equivalente carcaça da carne bovina exportada caiu neste final de ano, e a cotação do boi gordo, em dólares, apresentou comportamento oposto (gráfico). Vale lembrar que, até setembro, a carne vinha subindo mais que o boi.


Diante desse cenário, os frigoríficos vinham operando abaixo da capacidade normal de abate, às vezes com falhas, com preços diferenciados para lotes grandes localizados próximos às unidades de abate, etc. Tudo para evitar a valorização da arroba. Mas, até aí, não havia nada que levasse a crer em recuos, já que as ofertas de animais terminados permaneciam bem ajustadas.

Veio então a notícia da prisão de várias pessoas ligadas a um dos maiores frigoríficos do país, sob acusação de sonegação de impostos e fraude do INSS. A referida indústria tem capacidade de abate, somando todas as suas unidades, superior a 7 mil animais/dia, ou cerca de 2,1 milhão ao ano. Isso representa, grosso modo, 5,5% do total abatido pelo país, de acordo com estimativas da Scot Consultoria.

Vieram as especulações e o redirecionamento de animais terminados para outros frigoríficos. Essa leva inesperada, somada ao início da oferta de animais terminados em pastejo, principalmente em algumas regiões do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e à redução dos volumes de abates diários, permitiu que alguns frigoríficos alongassem as escalas. Não muito, é verdade, mas suficiente para dar início a um movimento de baixa, meio “forçado”.

Parte dos produtores, temendo quedas mais acentuadas, partiu para a venda, alimentando o movimento. Vale ressaltar que em certas regiões onde as escalas permanecem ainda muito curtas, como Sul de Goiás e Triângulo Mineiro, os frigoríficos também optaram pelos recuos. Foram no embalo, aproveitando o clima.

A intenção é pressionar, e ver se o produtor cede. Porém, alguns fatores favorecem a sustentação dos preços. Primeiro, ainda não tem muito gado terminado disponível no mercado. Depois, o Banco Central dá sinais claros de que deve agir toda vez que o câmbio ameaçar cair abaixo de R$2,70. O valor é considerado baixo pelo mercado, mas pelo menos não deve piorar.

Por fim, com o pagamento dos salários e da primeira parcela do 13o, as vendas de carne no atacado e varejo dão mostras de aquecimento. Se o produtor manter a estratégia de venda compassada, o mercado do boi gordo deve voltar a trabalhar em ambiente firme. Quem sabe, com recuperação dos preços em algumas das praças onde foram registrados recuos.

0 Comments

  1. Hugo Antonio Varela Santos disse:

    Acho que a explicação está certa… Pelos menos justifica o atual status… Mas a maior preocupação dos pecuaristas, homens de negócios no final das contas, está em redescobrir se este segmento de negocio é viável ou não…

    A princípio só há dúvidas… O primeiro aspecto a ser encarado é se há equilíbrio ou não na oferta e demanda. A primeira vista parece que há maior oferta que procura… A demanda está sendo atendida não só pelo boi, mas também pelo abate de vacas. Isto quer dizer que o pecuarista de cria não está satisfeito com o atual retorno do seu investimento.

    O segundo aspecto é quanto a exportação, é bom lembrar que a exportação é quase sempre cost+plus, o que quer dizer nem sempre tão lucrativo quanto se acha e que o que conta é o mercado interno… Aí acho que está o problema… Qualquer outra explicação é meramente colateral sendo que o foco do preço deve ser analisado em virtude da demanda interna que deve ser por volta de 70% da oferta…

    Ora, a concorrência da carne branca, de preço per capita mais acessível e outros substitutos da mistura é que devem estar afetando o desempenho do preço da carne, além do exposto no seu comentário.

    Acredito que contentará havendo desfrute de vacas por mais seis meses, o preço da carne não vai reagir tão cedo porque falta coesão e gerenciamento por parte da classe de pecuaristas, o bezerro só irá valorizar-se no fim do primeiro semestre quando a bezerra voltará a encostar no preço do bezerro por pequeno período de tempo e no futuro se verá uma diminuição do rebanho comercial no país.

    Esta é a minha visão,

    Grato,