De uma hora para outra…pressão baixista
O mercado do boi gordo vinha trabalhando em ambiente firme, com tendência de alta em algumas praças, apesar da forte resistência por parte dos compradores. Porém, de uma hora para outra, a situação se inverteu.
O dólar, que já recuou cerca de 12% em relação ao início do segundo semestre, é o principal “inimigo” da valorização da arroba. Interfere negativamente na margem dos frigoríficos exportadores, que, reconhecidamente, são os que exercem maior influência sobre o comportamento dos preços.
Além do câmbio frouxo, o preço da tonelada equivalente carcaça da carne bovina exportada caiu neste final de ano, e a cotação do boi gordo, em dólares, apresentou comportamento oposto (gráfico). Vale lembrar que, até setembro, a carne vinha subindo mais que o boi.
Veio então a notícia da prisão de várias pessoas ligadas a um dos maiores frigoríficos do país, sob acusação de sonegação de impostos e fraude do INSS. A referida indústria tem capacidade de abate, somando todas as suas unidades, superior a 7 mil animais/dia, ou cerca de 2,1 milhão ao ano. Isso representa, grosso modo, 5,5% do total abatido pelo país, de acordo com estimativas da Scot Consultoria.
Vieram as especulações e o redirecionamento de animais terminados para outros frigoríficos. Essa leva inesperada, somada ao início da oferta de animais terminados em pastejo, principalmente em algumas regiões do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e à redução dos volumes de abates diários, permitiu que alguns frigoríficos alongassem as escalas. Não muito, é verdade, mas suficiente para dar início a um movimento de baixa, meio “forçado”.
Parte dos produtores, temendo quedas mais acentuadas, partiu para a venda, alimentando o movimento. Vale ressaltar que em certas regiões onde as escalas permanecem ainda muito curtas, como Sul de Goiás e Triângulo Mineiro, os frigoríficos também optaram pelos recuos. Foram no embalo, aproveitando o clima.
A intenção é pressionar, e ver se o produtor cede. Porém, alguns fatores favorecem a sustentação dos preços. Primeiro, ainda não tem muito gado terminado disponível no mercado. Depois, o Banco Central dá sinais claros de que deve agir toda vez que o câmbio ameaçar cair abaixo de R$2,70. O valor é considerado baixo pelo mercado, mas pelo menos não deve piorar.
Por fim, com o pagamento dos salários e da primeira parcela do 13o, as vendas de carne no atacado e varejo dão mostras de aquecimento. Se o produtor manter a estratégia de venda compassada, o mercado do boi gordo deve voltar a trabalhar em ambiente firme. Quem sabe, com recuperação dos preços em algumas das praças onde foram registrados recuos.
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Acho que a explicação está certa… Pelos menos justifica o atual status… Mas a maior preocupação dos pecuaristas, homens de negócios no final das contas, está em redescobrir se este segmento de negocio é viável ou não…
A princípio só há dúvidas… O primeiro aspecto a ser encarado é se há equilíbrio ou não na oferta e demanda. A primeira vista parece que há maior oferta que procura… A demanda está sendo atendida não só pelo boi, mas também pelo abate de vacas. Isto quer dizer que o pecuarista de cria não está satisfeito com o atual retorno do seu investimento.
O segundo aspecto é quanto a exportação, é bom lembrar que a exportação é quase sempre cost+plus, o que quer dizer nem sempre tão lucrativo quanto se acha e que o que conta é o mercado interno… Aí acho que está o problema… Qualquer outra explicação é meramente colateral sendo que o foco do preço deve ser analisado em virtude da demanda interna que deve ser por volta de 70% da oferta…
Ora, a concorrência da carne branca, de preço per capita mais acessível e outros substitutos da mistura é que devem estar afetando o desempenho do preço da carne, além do exposto no seu comentário.
Acredito que contentará havendo desfrute de vacas por mais seis meses, o preço da carne não vai reagir tão cedo porque falta coesão e gerenciamento por parte da classe de pecuaristas, o bezerro só irá valorizar-se no fim do primeiro semestre quando a bezerra voltará a encostar no preço do bezerro por pequeno período de tempo e no futuro se verá uma diminuição do rebanho comercial no país.
Esta é a minha visão,
Grato,