No entanto, o frio levou a um novo aumento de oferta em determinadas praças. Em São Paulo, alguns frigoríficos já conseguiram fechar as escalas de agosto, o que praticamente elimina qualquer possibilidade de recuperação dos preços para o curto prazo.
Vale lembrar que São Paulo é a praça “balizadora” de preços no Brasil. Via de regra, os demais mercados seguem o comportamento paulista.
É verdade que o consumo de carne bovina reagiu na virada do mês. Além do mais, os preços da carne bovina estão competitivos, atraindo os consumidores. Esse chegou a ser o tema de uma das matérias do Jornal Nacional no início da semana.
O bom comportamento das vendas não deixa de ser um fator de sustentação dos preços. Porém, na outra ponta, a oferta elevada impede que ocorram reajustes.
Com relação à oferta, as estimativas da Scot Consultoria apontam para uma redução de 20% no número de cabeças semiconfinadas e 18% no de confinadas este ano, em relação a 2004. Veja a figura 1.
Mas na rechecagem, ao final de julho/início de agosto, o quadro se inverteu. Os boitéis pesquisados reportaram redução no número de estadias. Muitas indústrias de suplementos minerais afirmaram que, em relação a 2004, as vendas de suplementos para engorda intensiva caíram significativamente. A demanda por sais proteínados é que aumentou bem.
Fora isso, alguns frigoríficos passaram a abater animais escorridos, que deveriam ter ido para o cocho, mas não foram. Sinal de desistência.
Isso se deve ao desânimo generalizado, em função das perspectivas pessimistas com relação ao comportamento dos preços. Veja só: já se chegou a meados de agosto, e nada do mercado esboçar reação. É a primeira vez, desde 1997, que o mercado não reaje em agosto.
O custo do confinamento, para o Centro-Sul do Brasil, está oscilando entre R$52,00/@ e R$55,00/@. Isso quando se vem com o animal a pasto, para entrar no cocho pesado, com cerca de 14@. O confinamento exclusivo – compra boi magro de 12 ou 13@, coloca no cocho, e vende boi gordo – tem gerado custos da ordem de R$61,00/@ a R$65,00/@. Em boitéis ficam, por vezes, acima de R$70,00/@.
Mas apesar da tendência de ajuste de oferta para o final da entressafra, o real supervalorizado deve limitar a recuperação das cotações da arroba.
O dólar comercial fechou, ontem (09/08), em R$2,295. Cotação mais baixa desde abril de 2002.
O boi em São Paulo chegou a US$22,88/@. Em dólares é a cotação mais alta, para agosto, desde 2000, quando alcançou US$23,16/@.
Em contrapartida, em reais, está em R$52,50/@, valor mais baixo dos últimos 35 anos, provavelmente da história. Isso quando se analisa uma série de preços corrigidos pelo IGP-DI.
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Mesmo com essa queda relativamente significativa do números de animais confinados e semi-confinados não há perspectivas de melhoras?
Concordo plenamente com a conclusão do articulista, quando percebe que os atuais preços são os mais baixos dos últimos 35 anos, acredito também que o momento é de inflexão na curva, pois ocorreu um forte abate de fêmeas, adequando a oferta futura.
O problema é o crescimento mundial, se este cair, o que faremos com toda nossa produção de carnes?