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Análise semanal – 10/08/2005

No entanto, o frio levou a um novo aumento de oferta em determinadas praças. Em São Paulo, alguns frigoríficos já conseguiram fechar as escalas de agosto, o que praticamente elimina qualquer possibilidade de recuperação dos preços para o curto prazo.

Vale lembrar que São Paulo é a praça “balizadora” de preços no Brasil. Via de regra, os demais mercados seguem o comportamento paulista.

É verdade que o consumo de carne bovina reagiu na virada do mês. Além do mais, os preços da carne bovina estão competitivos, atraindo os consumidores. Esse chegou a ser o tema de uma das matérias do Jornal Nacional no início da semana.

O bom comportamento das vendas não deixa de ser um fator de sustentação dos preços. Porém, na outra ponta, a oferta elevada impede que ocorram reajustes.

Com relação à oferta, as estimativas da Scot Consultoria apontam para uma redução de 20% no número de cabeças semiconfinadas e 18% no de confinadas este ano, em relação a 2004. Veja a figura 1.


Em maio, um levantamento preliminar havia apontado tendência de crescimento, ainda que comedido. Apesar dos preços relativamente baixos da arroba, as relações de troca favoráveis, tanto para a compra de concentrados, quanto de animais de reposição, além da aceleração do ritmo de aplicação de tecnologia ao longo dos últimos anos, sustentavam essa posição.

Mas na rechecagem, ao final de julho/início de agosto, o quadro se inverteu. Os boitéis pesquisados reportaram redução no número de estadias. Muitas indústrias de suplementos minerais afirmaram que, em relação a 2004, as vendas de suplementos para engorda intensiva caíram significativamente. A demanda por sais proteínados é que aumentou bem.

Fora isso, alguns frigoríficos passaram a abater animais escorridos, que deveriam ter ido para o cocho, mas não foram. Sinal de desistência.

Isso se deve ao desânimo generalizado, em função das perspectivas pessimistas com relação ao comportamento dos preços. Veja só: já se chegou a meados de agosto, e nada do mercado esboçar reação. É a primeira vez, desde 1997, que o mercado não reaje em agosto.

O custo do confinamento, para o Centro-Sul do Brasil, está oscilando entre R$52,00/@ e R$55,00/@. Isso quando se vem com o animal a pasto, para entrar no cocho pesado, com cerca de 14@. O confinamento exclusivo – compra boi magro de 12 ou 13@, coloca no cocho, e vende boi gordo – tem gerado custos da ordem de R$61,00/@ a R$65,00/@. Em boitéis ficam, por vezes, acima de R$70,00/@.

Mas apesar da tendência de ajuste de oferta para o final da entressafra, o real supervalorizado deve limitar a recuperação das cotações da arroba.

O dólar comercial fechou, ontem (09/08), em R$2,295. Cotação mais baixa desde abril de 2002.

O boi em São Paulo chegou a US$22,88/@. Em dólares é a cotação mais alta, para agosto, desde 2000, quando alcançou US$23,16/@.

Em contrapartida, em reais, está em R$52,50/@, valor mais baixo dos últimos 35 anos, provavelmente da história. Isso quando se analisa uma série de preços corrigidos pelo IGP-DI.

0 Comments

  1. Rodrigo do Nascimento disse:

    Mesmo com essa queda relativamente significativa do números de animais confinados e semi-confinados não há perspectivas de melhoras?

  2. fábio andreazza disse:

    Concordo plenamente com a conclusão do articulista, quando percebe que os atuais preços são os mais baixos dos últimos 35 anos, acredito também que o momento é de inflexão na curva, pois ocorreu um forte abate de fêmeas, adequando a oferta futura.

    O problema é o crescimento mundial, se este cair, o que faremos com toda nossa produção de carnes?