Análise Semanal – 14/01/04

Após alguns reajustes positivos, o mercado físico do boi gordo passou a trabalhar em ambiente mais equilibrado.

As programações de abate atendem, em média, 4 ou 5 dias. Se por um lado ainda são curtas para alimentarem um movimento de baixa, por outro também não justificam aumentos, ainda mais diante do fraco desempenho do mercado atacadista.

Ao longo da última semana o equivalente físico acumulou baixa de quase 2%, elevando sua defasagem em relação a cotação da arroba do boi gordo paulista para algo próximo a 12%.

O aumento da oferta de fêmeas, normal nessa época do ano (descarte), também deve ajudar os compradores a segurarem as cotações da arroba.

Nota-se que apenas em algumas regiões do Mato Grosso os frigoríficos trabalham com escalas consideradas longas, à vezes superiores à uma semana, o que pode tirar as sustentações dos preços. No demais, salvo algumas oscilações pontuais, a tendência é de preços estáveis para o curto.

Vale destacar que em São Paulo, na negociação com frigoríficos de mercado interno, é possível conseguir R$60,00/@, a vista, livre de Funrural pelo boi gordo, o que equivale a pouco mais de R$63,00/@, a prazo, para descontar o Funrural.

E o assunto do momento ainda é a vaca louca norte-americana. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que as exportações de carne bovina do país devam se restringir a 100 mil toneladas equivalente carcaça em 2004, um “rombo” de mais de 1 milhão de toneladas.

Em 2003 os embarques norte-americanos devem ter se aproximado de 1,2 milhão de toneladas, atrás apenas do Brasil. O faturamento pode beirar os US$3,5 bilhões.

Cerca de 50 países já decretaram embargo à carne dos Estados Unidos. Anuncia-se um baque para a economia estadunidense, porém, para o resto do mundo, as consequências ainda são incertas. Perde-se um grande exportador, mas os Estados Unidos são também os maiores importadores. Além do mais, quem antes fornecia aos norte-americanos sairá à caça de novos clientes, e o mercado praticamente se equilibra.

Devemos considerar também que a histeria gerada pela doença afasta os consumidores. Ponto para os produtores de frango e suíno. O Brasil, é verdade, tem uma oportunidade para conquistar novos mercados, mas a disputa vai ser pesada. Preço competitivo, sanidade e origem asseguradas são as armas nacionais.