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Análise semanal – 14/12/2005

As cotações do boi gordo, ao longo da última semana, voltaram a recuar em algumas praças importantes, como pode ser observado na tabela 1.

Tabela 1. Variações das cotações do boi gordo (R$/@) ao longo da última semana


As justificativas para os novos ajustes são as mesmas que perambulam pelo mercado há semanas: dólar baixo, embargo às exportações, possibilidade de ampliação das restrições comerciais e aumento de oferta, por conta da chegada do boi de pasto.

Mas apesar do cenário adverso, alguns fatores indicam que os preços encontraram, ou estão próximos de encontrar, o limite. Ao menos para os próximos dias.

Isso porque a disponibilidade de animais para abate já não se mostra tão alta. Explica-se: além dos produtores estarem se afastando dos negócios, – afinal é final de ano, época de festa (não de esquentar a cabeça com negócios) – alguns frigoríficos, que estavam fora de mercado, retomaram as atividades, já que os pedidos aumentam nessa época.

Por conta disso, apesar das pressões intensas, o boi não caiu para R$50,00/@ em São Paulo, e voltou para R$53,00/@ no Triângulo Mineiro, após tentativas de derrubá-lo para R$51,00/@.

Algumas especulações em torno do arrefecimento dos embargos por parte da Rússia e Chile também contribuíram para o enfraquecimento das pressões baixistas. O mercado futuro do boi gordo, inclusive, chegou a trabalhar em forte alta na última terça-feira.

No entanto, acreditar em um movimento de alta para este final de ano já é um pouco demais. Mas ao menos as cotações devem parar de recuar.

Vale destacar que o produtor amarga, sem dúvida alguma, um dos finais de ano mais magros da história, como pode ser observado na figura 1.

Figura 1. Boi gordo, em R$/@ a prazo, em meados dos meses de dezembro


Vale destacar que as comparações foram feitas com base em valores nominais! As perdas reais foram muito maiores. Outro ponto que merece atenção: o boi do MS vale, hoje, praticamente o mesmo que o do PA. Detalhe, na região de Paragominas (PA), os compradores ofertam atualmente R$47,00/@, a prazo, livre de Funrural, pelo boi gordo.

E o que esperar para o começo de 2006? Por enquanto, tem-se praticamente como certas duas coisas: o dólar deve se manter baixo e a oferta de animais terminados tende a aumentar gradualmente. Além da venda de animais terminados em pastejo, vale lembrar que é tradicionalmente nesse período que as fêmeas de descarte vão para abate.

Estes são, sem dúvida nenhuma, fatores baixistas. Portanto a possibilidade dos preços não cederem ainda mais ao longo da safra que está começando está atrelada, principalmente, à reversão dos embargos à carne brasileira. Ninguém espera que todos eles sejam resolvidos rapidamente, mas seria interessante conseguir algum relaxamento das restrições comerciais, principalmente junto a União Européia, Rússia e Chile.

0 Comments

  1. Ricardo Vinhas disse:

    Prezado Fabiano,

    Parabéns pela análise!

    Gostaria que fosse colocado junto ao gráfico os preços nominais praticados no RS, para que possamos ter um comparativo com o restante do Brasil.

    Se permitires poderíamos traçar um paralelo com o mercado Uruguaio e Argentino no mesmo período para verificarmos os preços praticados nos demais paises da América do Sul e que são francos exportadores, desta forma poderíamos entender um pouco melhor as distorções de nosso mercado.

    Somente para finalizar, como esta o estoque de gado gordo para 2a quinzena de janeiro, fevereiro e 1a quinzena de março? Como ficarão os preços?

    Os estoques diminuíram, devido ao incremento de abate de matrizes nos últimos anos, as exportações não foram afetadas pela aftosa conforme as informações oficiais.

    Como os preços se mantêm em baixa?

    Atenciosamente,

    Ricardo Vinhas