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Análise semanal – 15/03/2006

Desde 24 de fevereiro, sexta-feira de carnaval, o mercado do boi gordo permanece praticamente inalterado. Houve um decréscimo médio de 0,05%, nas 24 praças pesquisadas pelo Instituto FNP. Em relação ao início do mês de fevereiro, houve valorização média de 0,3% e em relação ao primeiro dia útil de 2006 (02/janeiro) os preços atuais estão em média 6% mais baixos nas praças pesquisadas.

O mercado futuro vem sinalizando melhores preços nos últimos dias. O impacto da gripe aviária no consumo mundial de frango, a recente barreira às exportações imposta pela Argentina e possível reabertura do mercado russo influenciaram positivamente os preços dos contratos negociados na bolsa.

No entanto, o valor da arroba em dólares segue se valorizando em 2006, acumulando uma alta de 6,9% no ano, quando o indicador da Esalq/BMF sinaliza uma queda de 3,2% em reais. Veja na tabela abaixo os valores da arroba praticados nas principais praças pecuárias, nos contratos da BMF e da carne bovina no atacado.

Tabela: valores do boi gordo e da carne bovina


No mercado interno, o consumo ainda não evoluiu e os preços praticados pelo varejo são um bom indicativo das dificuldades de aumentar o consumo. Analisando-se dados do Dieese, órgão que calcula o preço da cesta básica nas principais capitais brasileiras, percebe-se que o preço da arroba (indicador Esalq BMF) vem se distaciando do preço pago pelo consumidor final.

No gráfico abaixo, atualizado até fevereiro de 2006, é possível perceber que a queda do preço do boi ao longo dos últimos 26 meses não foi acompanhada pelo preço pago pela dona-de-casa.

Gráfico: comparativo dos preços da arroba e da carne bovina (janeiro 2004 = 100)


Atualmente, o cadeia da carne passa por um momento de oferta elevada, preços baixos ao produtor e influência da cotação do dólar nas exportações. O aumento das vendas no mercado interno é provavelmente a melhor saída para um aumento significativo das vendas da carne bovina brasileira.

Tudo indica que o varejo aumentou suas margens nos últimos dois anos, impedindo uma oferta abundante de carne a baixo preço para o consumidor brasileiro. Em outras ocasiões, o varejo usou seu poder de negociação para impedir aumento de preços de diversos produtos, chegando a ficar sem algumas marcas em suas gôndolas. Esse é o momento de buscar uma maior sincronia entre os preços da arroba e da carne.

O atual preço da arroba pago ao produtor (que, deflacionado, é um dos mais baixos das últimas décadas) permite preços muito convidativos no varejo, que serviria de estímulo ao consumo de carne bovina, reduzindo a impacto causado pela grande oferta de bovinos para abate.

0 Comments

  1. Antonio Luiz Junqueira Caldas Filho disse:

    Nós pecuaristas concordamos com sua análise, mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: como conscientizar o varejo a reduzir os seus lucros? Alguém nesse país gostaria de reduzir seus lucros? Será que poderiam fiscalizar, orientar?

    Quem sofre sempre são as pontas, o produtor e o consumidor.

    O consumidor não compra porque está caro ou está caro por que ninguém compra?

    Porque não se faz nada? Ou melhor: porque quando se faz algo, parece que piora?

    Alguém poderia sintonizar o Canal Rural para nosso Presidente às 11:30 hs

    Força!

  2. Paulo Afonso Braga Bornia disse:

    O mercado da carne precisa de uma forte campanha publicitária para que as vendas internas do produto deslanchem, afinal a propaganda é a alma do negocio.