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Análise Semanal – 16/02/2005

Preços estáveis para o boi gordo na maioria das praças pecuárias pesquisadas pela Scot Consultoria (25 ao todo). As cotações já recuaram demais, levando os produtores a adotar uma estratégia de venda mais comedida, a fim de impedir que ocorram novos ajustes.

Vale destacar também que a classe produtiva tem se levantado contra a nova tabela de compra de animais terminados, imposta pelos frigoríficos exportadores. No Triângulo Mineiro, por exemplo, os produtores relutam em aceitar, principalmente, o deságio de 3% sobre o boi gordo entre 15 e 16@. Segundo as novas determinações, só boi castrado, nelore ou de cruzamento industrial, acima de 16@, é que será comercializado pelo “preço padrão”.

Os grandes frigoríficos paulistas, buscando gado fora do Estado, sustentam escalas razoáveis (de até 1 semana), e forçam R$58,00/@, a prazo, para descontar o Funrural no boi rastreado. Contudo, correm negócios a R$59,00/@, nas mesmas condições, e até acima disso, com frigoríficos de mercado interno. Lembrando que a maioria dos pequenos compradores não exige que os animais sejam rastreados.

Ao longo deste mês, o equivalente físico reagiu cerca de 10%, o que, por um lado, ajudou a aliviar as pressões baixistas sobre o boi gordo em algumas praças. No Sul do Tocantins, por exemplo, as cotações da arroba chegaram a subir.

Contudo, os frigoríficos exportadores se mostram bastante apreensivos diante do recuo do dólar, que agora caiu para baixo de R$2,60. A competitividade da carne brasileira está diminuindo, assim como a margem das indústrias.

Só para se ter uma idéia, estudos da consultoria GRC Visão mostram que, hoje, o real é a quarta moeda mais valorizada do mundo. Para atingir o que eles chamam de “câmbio justo”, que seria uma cotação que estimulasse os exportadores, seria preciso haver uma desvalorização de 21,5%.

A cotação da arroba carrega uma forte relação com o dólar (figura 1), que vem se estreitando mais em função do avanço das exportações, sendo que em 2004 o Brasil já exportou cerca de 23% da produção nacional de carne bovina.


Caso as ofertas de animais terminados se mantenham ajustadas, as cotações da arroba tendem a se manter estáveis. Contudo, diante do câmbio frouxo, dificilmente os frigoríficos, notadamente os exportadores (que são os que dominam o mercado), cederão reajustes. Só se realmente chegar a ponto da dificuldade de compra ameaçar o atendimento dos contratos.

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