Embargos à carne brasileira (reflexo da febre aftosa); dólar baixo; consumo interno muito fraco (graças às férias e despesas típicas do período) e oferta relativamente elevada. Todos os fatores que influenciaram negativamente o comportamento das cotações da arroba, ao final de 2005, se mantêm presentes.
O resultado não podia ser outro. O mercado veio abaixo nesses primeiros dias de 2006, como pode ser observado na figura 1.
Figura 1. Variações da arroba do boi gordo, em R$ a prazo, ao longo de janeiro de 2006
É um piso baixo. Mas R$50,00/@ é melhor que R$48,00/@, valor que um grande frigorífico de São Paulo chegou a abrir. Voltou atrás no dia seguinte.
Mas existe alguma perspectiva de alta? Com base nos fundamentos vigentes, não. O mercado deve mesmo, ao menos no curto prazo, se manter de lado.
A possibilidade de um repique parece estar atrelada ao arrefecimento das restrições comerciais internacionais à carne de São Paulo. Em síntese, a queda do embargo da União Européia viria em boa hora.
Além do aumento da demanda por carne e, conseqüentemente, por boi, o produtor, sentindo que o momento é bom, poderia passar a reter os animais em engorda, forçando o mercado a trabalhar em ambiente firme.
De toda forma, mesmo que os europeus abram a guarda, não é bom esperar por um forte movimento de alta. Afinal, é safra.
A BM&F, por exemplo, aponta, para os próximos meses, valores R$2,00/@ acima dos que vêm sendo praticados atualmente. Essas são as apostas.
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Acontece que a classe pecuarista é totalmente desunida. É necessário um embargo, mesmo que seja temporário, na oferta de bois aos frigoríficos pelos produtores. Paralisar tudo, em todo o Brasil.
Existe cartelização dos frigoríficos e ninguém faz nada.
Existe aumento desproporcional dos insumos e ninguém faz nada.
Até quando você, pecuarista, irá suportar estes desmandos dos intermediários na cadeia de produção da carne?
Você pecuarista, está em uma posição privilegiada: no início da cadeia produtiva. Portanto, tome uma atitude em prol de sua sobrevivência na atividade.
Caro Articulista
No final de 2003 até o ano de 2005 verificou-se uma tendência de alta nos arrendamentos para pecuária. Saltou de um preço histórico de 10% da @ do boi por cabeça mês para 15% e até 20%, no Mato Grosso do Sul.
Naturalmente, atrás dessa alta estava presente a velha e incontrolável lei da oferta e da procura, o rebanho estava maior que a oferta de capim disponível. A agricultura ajudou, o rebanho aumentou etc.
O novo ano veio com uma nova realidade, grande oferta de pastos para arrendamento pecuário e uma baixa procura, o resultado não poderia ser outro. Mesmo com a @ em baixa, voltamos a operar com preços em torno de 10 a 12% da @ do boi por cabeça mês. Sinal inequívoco de que nosso rebanho vem encolhendo rapidamente.
Da mesma forma que aquela procura desenfreada por pasto terminou com uma super oferta de bovinos para abate e deu nos baixos preços que deu.
Estou tendendo a acreditar que dias melhores virão, com baixas ofertas de bois terminados, diminuição do rebanho e a sonhada volta da rentabilidade no setor.
Prezado Leonardo,
Concordo com você. Acredito que os preços começarão a se recuperar a partir do segundo semestre deste ano.
Além da redução de oferta, até lá provavelmente teremos revertido a maior parte dos embargos internacionais, o consumo interno pode se aquecer um pouco (aumento do salário mínimo e dos gastos do governo) e o dólar pode reagir, nem que seja de forma comedida, em função das especulações típicas de anos de eleição.