O mercado do boi gordo teve uma semana otimista na maioria dos indicadores. O indicador Esalq/BM&F, que mede os preços do boi gordo em São Paulo, acumulou alta de 2,64% na semana, cotado em R$ 50,49/@. O mercado sugere que a oferta de boi terminado, principalmente em São Paulo, encontra-se bastante restrita. Resta saber se terá força para manter a tendência altista nos próximos dias. O mercado de reposição vem recuando desde junho, com o indicador Esalq/BM&F bezerro – MS cotado a R$ 357,13/cabeça, 3,01% desvalorizado no mês. Resultado de tendência opostas no boi e bezerro, a relação de troca está em 2,33 bezerros/boi gordo.
Gráfico 1: evolução do indicador Esalq/BM&F
O mercado futuro confirma esse otimismo. Os contratos para julho/06 tiveram valorização de 1,22% na semana e hoje estão ajustados em R$ 51,52, R$ 1,03 acima do indicador Esalq/BM&F a vista. Isso significa que o mercado está esperando essa valorização até o final de julho. Para a entressafra, a expectativa também é grande. O contrato para entrega em outubro/06 está ajustado em R$ 58,26/@, 0,88% valorizado na semana e R$ 7,77 acima do físico. Até o pregão de ontem, a BM&F apresentava uma diferença maior em relação ao físico, e houve um certo equilíbrio no último fechamento, com baixa na maioria dos contratos e alta no físico. O gráfico 2 representa a diferença a cada dia entre o primeiro vencimento no futuro e o indicador Esalq/BM&F. Observe como essa diferença esteve alta em julho em relação a outros meses.
Gráfico 2: diferença entre o primeiro vencimento e o indicador Esalq/BM&F
No Mato Grosso, a redução das ofertas só não foi sentida na região norte, onde existe um regime de chuvas mais distribuído e concentra grande parte do rebanho matogrossense. Cuiabá/MT foi cotado à R$ 47,00/@, valorização de 2,17% na semana. Segundo Luciano Vacari, analista de mercado do CentroBoi no MT, a região de Barra do Garças/MT também já começa a sentir uma redução na oferta de boi terminado.
Variação dos preços no mercado do boi
No mercado interno, apesar de o consumo não apresentar sinais de melhora, a redução da oferta de carne com osso pressionou os preços no atacado. Segundo a Intercarnes, os negócios 1×1 vêm se firmando em R$ 3,70xR$ 2,30, e o equivalente físico do boi está cotado em R$ 43,61/@, 3,09% de valorização na semana considerando preços máximos. O equivalente está 12,47% abaixo do início do ano.
Na semana passada a Rússia, importante mercado para exportação de frango do RS, anunciou a suspensão das importações do frango gaúcho devido ao foco de Newcastle em aves. A má notícia é que o produto que não é exportado tem que ser absorvido pelo mercado interno. O frango, que já tem sido bastante ofertado, pode atrapalhar as vendas de carne bovina. Segundo o MDIC, as exportações do setor carnes tiveram uma queda de 0,7% na média diária dos embarques na segunda semana de julho. A média diária de julho é 15,3% inferior ao mesmo mês em 2005, queda que pode ter sido provocada por um desempenho fraco nas exportações de frango.
Otavio Negrelli, Equipe BeefPoint