O mercado anda de lado e trabalha de forma bastante heterogênea, mesmo dentro de um único Estado.
As ofertas de animais terminados aumentaram em algumas praças. Destaque para São Paulo e Mato Grosso do Sul, onde as chuvas favoreceram as vendas de gado confinado. Tudo indica que, mesmo com o custo de produção elevado, o produtor não reduziu o número de cabeças confinadas em relação a 2002.
Tem quem preferiu vender para aproveitar as relações de troca favoráveis (gráfico) ou para escapar da vacinação. Entrou muito gado “escorrido”, pois boi terminado em pastejo, salvo algumas regiões do Mato Grosso para cima, ainda não tem.
Quem optou pelos recuos, agora fecha negócio com dificuldade. Contudo, mesmo comprando no pingado, algumas unidades têm conseguido manter as escalas longas.
É interessante ressaltar alguns pontos. Em São Paulo, por exemplo, os grandes frigoríficos tentam colocar R$61,00/@, a prazo, para descontar o Funrural no boi rastreado, enquanto frigoríficos de mercado interno trabalham em até R$59,00/@, a vista, livre de Funrural com o boi comum. Isso equivale a quase R$62,50/@, a prazo, para descontar o Funrural.
É difícil o produtor aceitar receber menos pelo boi rastreado. Lembrando que as exportações são recordes (volume e faturamento), que o preço da carne brasileira in natura negociada no mercado internacional já acumula alta de 35% ao longo do ano e que o câmbio voltou a subir.
Os frigoríficos sabem que a hora de pressionar é agora, pois em dezembro a oferta de animais terminados deve diminuir (pouco boi de cocho e pouco boi de pasto), as exportações tendem a manter o ritmo e o consumo interno pode se recuperar um pouco (festas e 13o salário).
Vale ressaltar que esse ligeiro afrouxamento do mercado não é geral. Em Goiás, por exemplo, as escalas são curtas (principalmente no Sul do Estado) e frequentemente vêm sendo registrados negócios acima do preço referência.
Em Minas Gerais os compradores também já se ressentem da falta de boi. A pressão só não é maior uma vez que os agentes paulistas reduziram as buscas no Estado.
A dificuldade de compra é particularmente grande no Paraná e Bahia, onde as escalas não superam 3 dias. Na região de Salvador, por exemplo, já foram registrados negócios a R$60,00/@, a prazo, para descontar o Funrural.
O ambiente está bastante conturbado, mas o mercado deve voltar a trabalhar em ambiente mais firme a partir do início do mês que vem.