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Análise semanal – 20/09/2005

O boi parou de cair. O mercado, finalmente, encontrou o fundo do poço. E que poço fundo!

Em São Paulo a cotação do boi gordo reagiu R$1,00/@, retornando a R$51,00/@, a prazo, para descontar o Funrural. É a primeira valorização do boi no Estado desde 18 de fevereiro, quando a cotação da região de Barretos passou de R$58,50/@ para R$59,00/@.

Todavia, em reais corrigidos pelo IGP-DI, o preço atual ainda é o mais baixo dos últimos 35 anos, pelo menos. Pode até ser mais, mas a série histórica de preços da Scot Consultoria tem início em 1970.

Acompanhe na figura 1 as cotações do boi gordo, em R$ nominais, em 20 de setembro dos últimos anos.

Figura 1: Cotações do boi gordo em Barretos – SP em 20 de setembro – R$/@ a prazo.


O valor atual está 15,7% abaixo do registrado no mesmo período de 2004, 15,0% abaixo do registrado em 20 de setembro de 2003 e é exatamente o mesmo observado em 20 de setembro 2002. Isso tudo em reais nominais!

A boa notícia, para os produtores, é que tem comprador em São Paulo afirmando que, se aparecerem lotes grandes, o valor ofertado pode bater os R$52,00/@. Sinal de que o mercado deve voltar a reagir em curto prazo.

Quem sabe na virada do mês, mediante um aquecimento das vendas de carne.

Além do ajuste na oferta de animais terminados, por conta da redução do volume de gado confinado, outro fator deve contribuir para a recuperação das cotações da arroba: o mercado se mostra relativamente favorável aos frigoríficos, apesar da retração dos preços dos derivados do boi.

É que o equivalente físico – índice que apura o que o frigorífico recebe com a venda de carne no atacado – alcançou, em setembro, a cotação da arroba. Este ano, é a primeira vez que isso acontece. O equivalente físico está cotado em R$50,97/@. Em tese, a carne já paga o boi.

Considerando o Equivalente Scot – que leva em consideração, além da carne, o couro e o sebo – a margem dos frigoríficos, em termos de preços pagos e recebidos (sem considerar custos de produção), é de mais de 7%. O Equivalente Scot está cotado em R$53,61/@.

Portanto, a tendência é de mercado firme para as próximas semanas. Mas o dólar baixo é um contra-ponto forte a valorizações significativas da arroba.

0 Comments

  1. sergio macedo cardoso disse:

    Nós precisamos agir como empresários, e reduzir a produção de boi, assim, não tentaremos mudar a lei da oferta & procura.

    Teremos 3 chances de compensar a perda de faturamento:

    1- aumento do preço da arroba,
    2- menos gado na fazenda permitira melhor acabamento,
    3- menos procura na reposição = melhoria na taxa de reposição

  2. Sergio Caetano de Resende disse:

    Sou um pequeno pecuarista e estou tendo prejuízo, como a imensa maioria de produtores. Duvido que os grandes produtores, a indústria e os varejistas também estejam tendo prejuízo.

    Ninguém me convence que existe excesso de oferta de carne enquanto os frigoríficos estiverem matando muita vaca, enquanto estiverem buscando gado a três mil quilômetros de distância, enquanto tiver aumento de 40% no número de bois magros confinados e enquanto estiverem aumentando a exportação de carne de forma explosiva (isso gera excesso nos subprodutos).

    Acho que as informações usadas para desvalorizar a arroba na porteira deveriam ser conferidas com mais responsabilidade pelos comentaristas, porque têm fortes aspectos manipuladores.

    Por exemplo, os comentaristas deveriam pesquisar com mais detalhes e certeza, para responder:

    – Qual é o preço REAL pago pelos importadores estrangeiros?
    – Qual é o preço REAL pago pela indústria (frigoríficos) aos grandes confinadores?