Análise Semanal – 23/04/03

Após os feriados, o cenário do mercado físico do boi gordo manteve-se o mesmo: poucos negócios e preços estáveis.

Os compradores seguem retendo os animais em engorda, cadenciando as vendas e sustentando as cotações. O estado geral das pastagens ainda é bom, chove bem na maioria das praças pecuárias e o frio, excetuando-se os Estados do Sul, ainda não veio.

As programações de abate atendem 2 a 4 dias, porém, mesmo os compradores mais apertados relutam em mexer (positivamente) nos preços.

A resistência está embasada no recuo do dólar, que diminuiu a margem dos exportadores, e no fraco consumo de carne bovina.

No momento, a maior preocupação é que uma eventual queda do câmbio para baixo de R$3,00 por US$1,00 direcione para o mercado interno parte da carne bovina que seria exportada.

A arroba bovina brasileira já é uma das mais caras da América do Sul. O boi gordo paulista é negociado hoje a aproximadamente US$18,40/@, enquanto a média uruguaia é US$16,42/@, e a paraguaia US$11,50/@. A cotação do boi gordo argentino ainda é superior, US$18,70/@, porém essa diferença já foi bem maior.

Os frigoríficos nacionais estão perdendo margem de manobra, que era grande com o câmbio acima de R$3,30 por US$1,00, o que resultava em uma arroba próxima a US$16,00 no começo do ano. Os compradores adquiriam um animal barato, e assim podiam derrubar o preço de venda da carne, conquistando cada vez mais espaço internacionalmente (veja a evolução do preço da carne brasileira exportada no gráfico).

Gráfico: Evolução da cotação média da carne brasileira exportada

Internamente, o atacado chegou a operar em alta, porém o movimento somente foi possível graças à oferta comedida de carne, em função da paralisação dos abates. Independente do motivo, os preços das peças subiram, ajudando na sustentação da cotação do boi gordo.

Em síntese, as ofertas de animais terminados ainda são insuficientes para sustentar um forte movimento de baixa, mas o mercado de carne (frouxo) impede a valorização da arroba.

O mercado opera de olho no câmbio e no clima. Para o curto prazo, mantém-se a tendência de preços estáveis.