A última semana se caracterizou pelos preços estáveis no mercado físico do boi gordo. Tudo ia muito bem, até que alguns acontecimentos vieram tumultuar o mercado.
A descoberta de um foco de febre aftosa em Monte Alegre (PA) mancha a reputação brasileira, justamente num momento propício à conquista de novos mercados para a carne bovina nacional, em função da saída dos Estados Unidos do mercado depois do caso da vaca louca. Uma pena.
Fora isso, não era de se esperar nenhum entrave muito grave. Monte Alegre fica no Noroeste do Pará, região isolada, de difícil acesso, fora do circuito de exportação, a cerca de 700 km das áreas livres de aftosa. Além do mais, o Rio Amazonas serve de barreira natural à propagação da doença, e o governo federal agiu rápido no isolamento da área.
Ainda assim, a Rússia resolveu cancelar as importações de carnes brasileiras. Depois, quando esse problema dava sinais de ser resolvido, foi a vez da Argentina promover um embargo.
Deve-se considerar que foram só 2 dos 104 clientes brasileiros que tomaram tal atitude. Além do mais, os argentinos não compram quase nada. Quanto aos russos, que compram muito, tudo não teria passado de uma confusão entre Pará e Paraná, já esclarecida.
Mas isso foi suficiente para dar início, internamente, à pressões baixistas, principalmente em São Paulo e no Mato Grosso do Sul. Além dos problemas com as exportações, a oferta de animais sul mato-grossenses melhorou significativamente, pois os pastos começam a secar e o frio incomoda os animais.
Em São Paulo já não tem muito boi pra sair. Mas, buscando gado em outros Estados, principalmente no MS, os compradores locais também conseguiram alongar as escalas, e tentam derrubar a cotação da arroba em pelo menos R$1,00.
Já os produtores rondonienses sofrem com a paralisação de cerca de 70% da capacidade de abate do Estado, em função da venda da maior rede de frigoríficos de Rondônia. Sobra boi para quem está abatendo, e a cotação da arroba despencou (gráfico).
Desconsiderando esse fato, e acreditando na rápida resolução das pendências internacionais, a tendência, para o mercado físico do boi gordo, ainda é de preços estáveis para a maioria das praças.
Realmente é possível que ocorram alguns ajustes em regiões onde as escalas estão mais adiantadas. Contudo, daqui para frente a oferta de animais terminados em pastejo tende a se reduzir gradativamente (entressafra), e o mercado logo deve voltar a trabalhar em alta.