Após vários ajustes seguidos as compras de animais terminados correm com mais dificuldade, sendo que em algumas praças os negócios literalmente travaram. Contudo, a frouxidão dos mercados de carne e couro impede a valorização da arroba.
Ao longo das duas últimas semanas, a cotação do couro verde em São Paulo caiu R$ 0,10/kg, ou 5,6%. Para o equivalente físico, o recuo foi de 7,4%, num ambiente de vendas extremamente fracas.
A defasagem do equivalente físico para a cotação da arroba do boi gordo paulista, que no final da primeira quinzena de novembro era de 12%, subiu para 17% (gráfico). Assim, os compradores de gado preconizam novos recuos para a arroba, mesmo com as ofertas em baixa.
Na Bahia e no Paraná, as ordens de compra recuaram mesmo, ainda que as escalas não superem os quatro dias. No Rio de Janeiro, acerta-se hoje a matança de amanhã, mas os agentes locais afirmam que o boi não sobe.
Se mesmo quem está apertado tem optado pela imposição de recuos, quem consegue formar escalas superiores a cinco dias não vacila para mexer nos preços. Foi o que aconteceu, por exemplo, no Mato Grosso do Sul, onde a cotação do boi gordo recuou R$ 3,00/@ nos últimos 15 dias (gráfico) e o deságio para animais não-rastreados aumentou para R$ 2,00/@.
Apesar de as escalas variarem muito, até os mais adiantados já não fecham negócios com facilidade. Contudo, os compradores avaliam que não há fôlego para pagar mais pelo boi.
As expectativas do setor se voltam para dezembro. A tendência é de mercado mais firme, por conta da provável redução da oferta de animais terminados (pouco gado de pasto e de cocho). A recuperação dos preços, porém, dependerá do aquecimento do atacado (o que é possível em função do pagamento do 13o salário) e da evolução das exportações.
Corre no mercado que dezembro é um mês em que tradicionalmente as vendas externas recuam, mas os números mostram que isso não é regra. Em 2002, por exemplo, dezembro foi o mês que registrou o maior volume (106,17 mil toneladas em equivalente carcaça) e o segundo maior faturamento do ano (US$ 112,61 milhões) com as exportações de carne bovina.