A chegada do frio nas regiões Sul e Sudeste levou a um ligeiro aumento na oferta de animais terminados no Paraná e São Paulo. Os compradores aproveitaram o momento para derrubarem os preços.
No entanto, as programações de abate não se estenderam para mais de 4 a 5 dias, o que deve inibir, ao menos a curto prazo, a imposição de novos recuos.
Em geral, o mercado é firme. As compras correm “no pingado”, pois está difícil de se encontrar lotes grandes. Ao que parece, a maioria do gado terminado em pastejo já foi negociada.
Situação nada cômoda vivem os compradores de Santa Catarina e Rio Grande do Sul que, mesmo com a queda brusca da temperatura, encontram ainda muita dificuldade para acertar as matanças.
No Rio Grande do Sul os preços chegaram a reagir, e em Santa Catarina muitos frigoríficos passaram a abater apenas 3 ou 4 dias na semana.
Essa redução brusca no volume de gado disponível para abate no Sul do país, principalmente nas terras gaúchas, deve-se especialmente ao avanço das áreas de agricultura sobre as áreas de pastagens, à baixa remuneração do produtor e ao alto custo de produção.
A arroba ou o quilo do boi gordo do Rio Grande do Sul está entre os mais baratos do Brasil, mas o custo de produção não para de subir. No último ano a cotação da semente de azevém, por exemplo, acumulou alta de 400%, passando de R$0,70/kg para R$3,50/kg.
O produtor não se sente estimulado a investir na pecuária, e passa a procurar outras alternativas de investimento, como arrendar pasto para soja. Segundo dados da Farsul, nos últimos dois anos a soja ocupou mais de 262 mil hectares antes destinados à pecuária, alterando a paisagem dos pampas.
Apesar de não haverem dados oficiais, o avanço da agricultura em detrimento da pecuária é visível também em outros Estados como Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e São Paulo, com destaque para as culturas de milho, soja e cana-de-açúcar.
Esse é um dos fatores que deve colaborar para a manutenção de preços firmes para o boi gordo ao longo dos próximos meses.