O mercado do boi teve uma nova semana de estabilidade, com preços variando muito pouco. O indicador boi gordo da Esalq/BM&F está cotado a R$ 48,77/@ praticamente inalterado durante as últimas quatro semanas e o do bezerro a R$ 365,95, queda de 0,6% na semana. A relação de troca subiu 0,6% na semana, valendo 2,20. No mês a alta é de 1%, mas acumula queda de 12,82% desde o início do ano.
O mercado futuro teve semana de pequena baixa. O pecuarista que vendeu contratos na bolsa em 02/01/2006, acumula ganho de 7,21% para contratos de junho/06 e 4,27% para outubro/06. Em 02/janeiro, o contrato para junho valia R$52,60/@ e o de outubro R$59,30/@. O spread entre junho e outubro (diferença de preços entre vencimentos) continua alto, apesar da queda de 1,85% na semana. Hoje esse spread é de R$7,96/@, período de quatro meses.
Gráfico 1: Valores negociados na BM&F, em 28/06/2006
No mercado físico, das 24 praças levantadas pelo Instituto FNP, valorização em Dourados/MS, Sul de GO, Maringá/PR e Porto Alegre/RS. Em Feira de Santana/BA houve redução de preços, como pode ser observado na tabela abaixo. No Brasil como o um todo as escalas estão em torno de 7 dias. Apenas no RS as escalas estão mais curtas, de até dois dias.
No mercado da carne bovina, a semana também foi de estabilidade, como pode ser observado no gráfico abaixo. No entanto, a diferença de preço entre o indicador Esalq/BM&F e o equivalente físico está alta, prejudicando o frigorífico. Segundo informações da Intercarnes, em 10/maio desse ano, a diferença era de R$1,12/@ (valor mínimo desde 27/04) e hoje está em R$5,15/@.
Gráfico 2: indicador Esalq/BM&F e equivalente físico
O IBGE divulgou dados da pesquisa trimestral de abates de bovinos no Brasil, nos meses de janeiro a março desse ano. Nesse período, os estabelecimentos que recebem inspeção municipal, estadual ou federal abateram 7,081 milhões de cabeças de bovinos, crescimento de 3,25% em relação ao quarto trimestre de 2005 e 9,84% em relação ao primeiro trimestre de 2005. Dos animais abatidos no período, 44% eram bois, 41% vacas, e 15% novilhos.
Em relação ao último trimestre de 2005, apenas o abate de vacas aumentou, assegurando o aumento total. Em relação ao primeiro trimestre de 2005, os abates aumentaram nas três categorias, com destaque para vacas, novamente.
O setor produtivo há muito espera por uma mudança de ciclo pecuário, com diminuição da oferta de bezerros e recuperação de preços do boi gordo. Em dólares, o preço do boi está dentro dos patamares históricos, mas em valores deflacionados, que é o que realmente conta para o pecuarista, a defasagem está muito grande. Em valores reais, deflacionados, o preço do boi gordo nunca esteve tão baixo.
No entanto, a grande capacidade de resposta da pecuária brasileira, que hoje tem inúmeras tecnologias (de baixo e também de alto custo, vale lembrar) para aumento de produtividade, pode impedir um significativo aumento de preços, com redução da oferta. Ao vislumbrar melhores preços do boi gordo, é possível aumentar a produção de forma rápida. A previsão de aumento dos 50 maiores confinamentos do Brasil para 2006 é um indicativo desse potencial.
Além disso, os frigoríficos tentarão ao máximo barrar o aumento de preços, que em dólares não estão muito baixos. Para o pecuarista, vale mirar nos preços negociados pela BM&F hoje e se possível travar na bolsa, além é claro, de gerenciar custos e buscar novas maneiras de negociação com frigoríficos, aumentando poder de barganha e buscando atender as demandas de qualidade. No mercado de hoje, dificilmente um maior volume, sem qualidade, conseguirá melhores preços.