Mercado de lado. O telefone dos compradores pouco tocou ao longo da última semana. Comportamento normal para o período.
Foram registradas algumas alterações, mas nada que sinalizasse qualquer tendência. Na verdade, os preços se modificaram de acordo com situações bastante particulares de oferta e demanda. Acompanhe as oscilações da arroba na tabela 1.
Tabela 1. Oscilações da arroba do boi gordo, em R$ a prazo, ao longo da semana
O sentimento geral é de que o ano terminará sem muitas novidades. No entanto, pairam dúvidas com relação a 2006.
Para o primeiro semestre, a firmeza do mercado irá depender da reversão dos embargos à carne brasileira e da “vontade” do produtor em cadenciar as ofertas. Como é safra e o dólar provavelmente permanecerá baixo, os frigoríficos, se encontrarem espaço, derrubarão os preços.
No entanto é preciso considerar que, muito provavelmente, em função dos 3 anos de abate de matrizes e redução de investimentos, essa será uma safra mais enxuta. Os preços até podem recuar, mas muito provavelmente não tanto quanto na safra anterior. De novembro de 2004 a maio de 2005, a cotação do boi gordo, em São Paulo, por exemplo, despencou 12%.
Detalhe: em 2005 o mercado se manteve em baixa até setembro.
Mas para o segundo semestre de 2006, as perspectivas são melhores. Espera-se que a grande maioria dos embargos já tenha sido revertida; que o mercado interno se aqueça, em função do aumento dos gastos do governo e do reajuste do salário mínimo; e que o dólar reaja um pouco, graças às especulações típicas de anos eleitorais e ao recuo da taxa de juros.
Fora isso, deve haver um ajuste de oferta, fruto do comportamento do ciclo pecuário. Além de ser entressafra, claro.
É lógico que qualquer alteração política, econômica, sanitária, etc. pode invalidar o cenário exposto. O mercado é extremamente dinâmico, e costuma pregar peças.
Um exemplo que serve de alerta. Hoje, na coluna do jornalista Clóvis Rossi (Folha de São Paulo), foi estampado o tamanho da mancada da maioria dos analistas de mercado, no que se refere aos prognósticos que haviam feito para a economia brasileira este ano.
Com relação à cotação do dólar para o final do ano “as consultorias cometeram um ligeiro equívoco de 22,7%. Erro parecido se deu no lançamento de búzios sobre o crescimento econômico: 29,14%.”
E continua. “Nos juros, o erro ficou em “apenas” 12,5%. Em compensação, na balança comercial, o equívoco foi poderoso: 66,6%. Mas não espante ainda: erraram por impressionantes 390% a previsão sobre o superávit externo. O melhor resultado foi o erro de 10% no superávit fiscal primário.”
É… Já dizia Neils Böhr, físico consagrado, que lutou contra a construção da bomba atômica: “fazer previsões é difícil, sobretudo sobre o futuro”.
Feliz ano novo a todos. Paz, saúde e sucesso. Como disse um pecuarista, cliente da Scot Consultoria, “que 2006 seja melhor que essa b… de 2005!”