Depois do tombo nos preços das commodities, outros indicadores mostram que, junto com a recessão americana, os países em desenvolvimento estão a caminho de desacelaração, o Brasil não ficará imune à essa contaminação.
Depois do tombo nos preços das commodities, outros indicadores mostram que, junto com a recessão americana, os países em desenvolvimento estão a caminho de desacelaração, o Brasil não ficará imune à essa contaminação.
Os preços dos fretes marítimos do porto de Santos até o Mar Negro estão em queda livre, indicando que a demanda por commodities está arrefecendo também nos mercados asiáticos (além do europeu e africano). O lado bom é que o menor custo desse transporte poderá diminuir também os descontos nos preços pagos ao produtor.
O recuo nos preços dos fretes marítimos, o “derretimento” do valor das commodities agrícolas e minerais e o menor consumo de combustível só são indícios da retrocesso que está por vir, na opinião de Fábio Silveira, economista da RC Consultores. “E o Brasil não ficará livre disso. Passamos por um movimento de queda global de preços em função da recessão que se aproxima dos países desenvolvidos e do quadro de desaceleração do crescimento dos países emergentes”, avalia.
Para o economista Emílio Garófalo, ex-diretor do Banco Central, ainda é cedo para quantificar o impacto para o País e para a agricultura brasileira. “As pontas estavam amarradas com o petróleo a US$ 100, e agora ele caminha para níveis abaixo dos U$ 90”, justifica Garófalo. Mas, é evidente que o Brasil terá menor volume de venda nas exportações no seu comércio exterior. “Os países da Europa e os Estados Unidos estão reconhecendo que terão retração em sua economia”, acrescenta Garófalo.
O retrocesso da balança comercial do agronegócio trará dificuldades ao País que já está com problemas no seu balanço de pagamentos, segundo José Maria da Silveira, do Instituo de Economia da Universidade de Campinas. “A balança brasileira é superavitária graças às exportações do agronegócio”, completa.
“Pode ser que o consumo de alimentos continue o mesmo com as pessoas comendo a mesma quantidade por um preço menor”, completa o ex-diretor do BC. Dessa forma, as cotações mais baixas das commodities agrícolas podem provocar um novo aumento de demanda, talvez já para 2009. “Esses preços menores podem fazer ressurgir interesse por fechamento de contratos para o próximo ano, reativando a demanda, que recuou por causa dos preços muito elevados”.
A matéria é de Fabiana Batista, publicada na Gazeta Mercantil, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.