O pecuarista do Mato Grosso do Sul, André Bartocci, fala sobre a dificuldade em vender lotes de bois inteiros para os frigoríficos e comenta que a comunicação entre indústria e pecuaristas precisa ser melhorada.
“Mais uma vez estamos presenciando a incrível falta de comunicação entre o setor produtivo e a indústria”
“No início deste ano os frigoríficos compravam sem problemas animais inteiros, desde que apresentassem um carcaça boa, com bom acabamento, mas nos últimos dias todas as indústrias passaram a penalizar este tipo de animal em mais ou menos R$ 5,00 por arroba”.
“O grande problema é que para nós pecuaristas castrarmos ou não esses animais precisamos tomar essa atitude pelo menos 6 meses antes do abate”.
“Esses assunto tem que ser revisto por ambas as partes, os compradores precisam sinalizar o tipo de animais que eles estão dispostos a pagar”.
No início de fevereiro, tivemos uma discussão bastante rica e interessante sobre a viabilidade de castração ou não dos animais.
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Temos vendido animais inteiros sem dificuldades ou descontos. Mas animais nelore inteiros e a pasto tem dificuldade de acabamento. Por isto fornecemos ração na fase de acabamento (últimos 45/60 kg).
A vantagem em se engordar um boi inteiro é grande para o produtor, o desenvolvimento dele supera em muito o do castrado e no abate animais castrados e inteiros tem uma diferença entre 1 e 2 @ em igualdade de condições e idade a favor do inteiro. Existem claro algumas diferenças em manejo ja que os lotes de bois inteiros quando misturados numa vacina provoca muitas brigas, mais acidentes, estragos em cercas e “pelador” nos pastos na area do cocho mas que compensa economicamente ( vendendo a @ dois do mesmo preço é claro).
Essa vantagem que o produtor tem na engorda do inteiro, ja é uma desvantagem para o frigorífico pois nunca vimos alguém buscar no supermercado uma picanha ou um contra filé magro, isso é sem cobertura de gordura. Os frigoríficos tem linhas de produtos “GRILL” e não “LIGTH”.
O grande problema é que em grande parte das vezes os bois inteiros vem para o abate magros ( eles tem uma maior dificuldade no acabamento, principalmente alguns cruzamentos industriais ) e isso é terrível para a venda da carne.
Se os produtores fizerem como o colega José Ricardo do Grupo Rezende, se preocupando com o acabamento dos bois inteiros mandando animais para o frigorifico com a carcaça “cheia”, bem acabada, os problemas com comercialização vão se amenizar.
Cara…..dificil demais essa luta Produtor X Frigorífico…….Qdo eu aprendo as lições mudam-se as regras. F….
A famosa Lei da OFERTA/PROCURA vai ditar as regras de comercialização dos animais que tem acabamento daqueles que não tem. Independentemente do que está sendo pago na hora da venda, quem tem animais ´de bom acabamento, sempre tem mercado garantido, ao passo que animais inteiros (principalmente a pasto) terá que se sujeitar aos tempos de escassez de oferta para vende-los ao preço normal de boi. Detalhe: nosso grande comprador que é o Mercado Interno, quer carcaças com acabamento…..não tem nada melhor do que ter a mercadoria que todos querem comprar.
Sds
Estas imposições de regras imprevisíveis e draconianas, por mais incrível que isso possa parecer, são típicas de organizações cuja administração é ralizada dentro de padrões totalmente amadores. Impor regras unilaterais que resultam em perdas para seus fornecedores demonstra, unicamente, que o segmento industrial da carne no Brasil, não importa o quão maduro e consolidado possa parecer, ainda está longe de conduzir esta relação dentro de critérios técnicos e profissionais. Falar em marketing dentro destas organizações é uma verdadeira heresia.
Realmente os frigorificos mudaram, antes compravam sem problemas os animais inteiros, anteontem vendi os animais inteiros e ja na mangueira, o comprador falava, os proximos deveram ser capados, ja tem casos de R$ 4,00 a menos por arroba, os capados engordam mais…, eu respondia, ta faltando boi e ainda querem impor mais esta, só pode ser pela concentraçao do mercado…,
pagaram ser problemas
Será que capo os proximos
srs,
faço semi-confinamento durante todo ano, raçao a base de milho, farelo de soja e demais complementos necessários ( sal mineral, sodomia, vermifugo etc,etc,) tenho obtido excelente acabamento de carga. nao tenho problemas na comercializaçao dos bois inteiros
Gostaria de reforçar o que disse na entrevista:
Primeiro quero mostrar uma grande falta de comunicacao e compromisso entre a indústria e a Produção e os prejuisos para todos os elos da cadeia que esse desentrosamento pode causar (E SILENCIOSAMENTE TEM CAUSADO). Sei que ela pode mudar e beneficiar as 4 partes envolvidas: Produção, Indústria, Varejo e Consumo.
Depois gostaria de lembrar que produzo no sul do MS onde estão as plantas frigoríficas mais exigentes do Brasil, e quando falo de um boi inteiro, estou falando de um novilho (Tn, T2 ou T4) com cobertura de gordura de 3mm a 6mm, pesando de 17@ a 19@. Este acabamento pode ser conseguido com genética, excelentes pastagens, ou suplementação para terminação. Animal que, com estas caracteristicas de carcaça, produzirá uma boa carne para todos mercados.
Então quero deixar claro que frigoríficos estão impondo uma classificação arbitrária ao animal (INTEIRO) e não o produto. Com isso a indústria conta com a grande oportunidade de comprar bois já classificados (por um preço inferior somente por ser inteiro) e levar carcaças de qualidade.
Parabéns André pela iniciativa de levar em público seu descontentamento, todos nós que produzimos bois de alta qualidade, mesmo inteiros ou castrados , estamos nos sentindo lesados pelas industrias que nem se quer nos avisou para nos prepararmos para o que esta acontecendo, mais tenho certeza que isso logo sera reavaliado pelas industrias que retornarão as compras de bois inteiros com acabamento pelo mesmo preço de boi castrado.
Grande Abraço !
Caro André,
Concordo plenamente que a classificação deva ser da carcaça. E fico preocupado com seu relato. Mas por enquanto, aqui no MT, pelo menos nas praças onde atuo, consigo vender animais inteiros, desde que muito bem acabados (6 mm), para JBS, Marfrig e BRFOODS sem problemas. E com bom rendimento (cerca de 54%). Infelizmente suspeito pelo seu relato que não temos um padrão único de classificação das carcaças nem dentro do mesmo grupo. E acredito que estas exigências variem muito conforme a oferta de animais: quanto mais oferta maior exigência!
Pessoal,
Essa questão é muito complexa pois existem outros mercados que podemos estar direcionando estas carcaças com baixa cobertura de gordura que valem mais do que se vender uma peça classificada como GRILL, como por exemplo o mercado do Chile que esta comprando muita carne in natura do Brasil e o padrão dos seus cortes exige que suas peças tenham uma cobertura máxima de 3% de gordura. Portanto os Frigorificos não tem o porque de estar prejudicando os pecuáristas, e também como diz nosso colega Andre Ribeiro Bertocci que eles não podem estar classificando uma carcaça de um animal INTEIRO inferior antes de estar analizando a mesma.
Senhores pecuáristas lutem por isso pois vocês tem direito.
Com a palavra os senhores acima Renato Morbin e Renato Galindo, muito bom o comentário de voceis ! Um falou de acabamento e o segundo da eterna lei da oferta e procura, muito bom !
Hoje muitas unidades frigoríficas tem vantagens sobre a aquisição de animais sem cobertura. E portanto não tem justificativa para a adoção de penalidades ao produtor. Tudo depende dos mercados a que cada unidade frigorífica direciona seus produtos finais. Se levarmos em consideração as exportações para o mercado europeu e venda interna com distribuição às regiões sudeste, oeste e sul do Brasil a cobertura e marmoreio é fundamental para satisfazer o consumidor final.
Porém muitas unidades frigoríficas no Brasil tem suas vendas direcionadas à mercados como Líbano, Emirados Árabes e demais países de origem mulsumanas, que exigem peças vermelhas, e outros mercado como por exemplo o Chile que exige produtos com no máximo 3% de gordura visível e nestas condições de mercado o boi inteiro representa uma boa matéria prima para alcançar metas de produtividade como o indicador de rendimento por peça durante a desossa.
Portanto cada unidade frigorífica terá sua preferência de matéria-prima com base ao mercado que seus produtos são destinado e é de extrema importância que o produtor saiba qual a pretenção final do frigorífico ao comprar o seu animal.
Para acabamento de carcaça de melhor qualidade e manter as vantagens dos animais inteiros, os produtores podem utilizar algumas estratégias. O cruzamento entre animais zebuinos para manter a rusticidade, com animais de raças européias como o angus, de maior precocidade, pode ajudar a minimizar essa eterna briga entre produtores x frigoríficos.
Boa tarde, Na minha opinião animais mal acabados devem ser sempre penalizados, independente de ser castrado ou inteiro, Na minha passagem pela compra de boi de frigorífico ja vi animais inteiros chegarem melhor para abate do que lotes castrados. Se ao invés de penalizar o boi inteiro porque não premiar o boi castrado e o boi inteiro bem acabado. Fazendo com que isso fique bom para ambas as partes, O pecuarista fazendo valer o investimento para melhor acabar seu Boi e a indústrias pagando um pouco a mais para receber uma melhor matéria prima.
abraços.
Os frigoríficos só fazem isso para lucrar o mais possível. Se prejudicando o pecuarista eles ganham mais , eles o farão , afinal , qual o problema de se prejudicar um ou outro pecuarista? Se esse não vender , outro vende e é simples assim. Só mudaria se existisse uma associação forte de pecuaristas e eles ficassem sem o produto se quisessem prejudicar…
Enquanto não se implantar um SISTEMA BRASILEIRO DE TIPIFICAÇÃO DE CARCAÇA, nunca se chegara a um entendimento já que, na minha opinião, as unicas exigências do frigorífico e assim também os objetivos dos pecuaristas deveriam ser: Produzir animais JOVENS e BEM ACABADOS. Não importando aí o sistema de produção. Os pecuaristas deveriam direcionar seus esforços em PRODUZIR carne de qualidade e o frigorífico em COMPRAR carne de qualidade.
Acho que assim se chegaria a um entendimento e sairíamos desse cabo de guerra sem fim.
Concordo com o colega Renato Morbin. O consumidor procura qualidade e na maioria os casos o boi inteiro não corresponde com a qualidade. Sendo assim, essa carne sobra no mercado. A culpa não é do frigorífico, pois ele não produz carne somente processa.
Produtor quando abate um animal na fazenda para levar a carne pra casa, procura uma novilha jovem e gorda. nunca vi ninguem abater um boi inteiro de 3 anos acabado a pasto.
Concordo que o boi inteiro seja mais viavel na produção de carne, mas ele falta na questão de acabamento e hoje o consumidor procura carne com cobertura de gordura.
Srs,
O Marcelo tem razão.Um sistema de tipificação de carcaça que ja esta pronto desde 2002 dentro do Ministerio da Agricultura e Pecuaria(MAPA) resolveria a disputa.Os colegas pecuaristas, Associações de Criadores e Institutos de Pesquisa deveriam unir -se em torno desta causa e acabar com esta arbitrariedade.Os Estados Unidos utilizam desde a decada de 10 do sec XX!Outros paises tambem utilizam.Porque o maior exportador de carne bovina, não?!
Premiação por qualidade incentivaria melhores praticas de manejo, alimentação e melhoramento genetico dos pecuaristas, maximizando ganhos de quem emprega tecnologia, independente de escala.
A quem interessa esta situação?
Óbvio demais…
Concordoi que é de inteira responsabilidade e dever do produtor buscar sempre a qualidade e acompanhar tendências de consumo em qualquer atividade.
Porém o que deveria acontecer em uma cadeia de producão NORMAL, é o elo da frente(no caso o FRIGORIFICO) sinalizar e definir claramente o que quer para a producão. Mas parece que FRIGORIFICOS se esquecem que um bife leva no minimo 3 anos para ser produzido( da concepcão ao abate).E os contratos comerciais podem variar a cada mês.
FRIGORIFICOS mudam de direcao como jetski e a PRODUCAO anda de transatlântico, mesmo assim tentamos acompanha-los!
Se fosse pra seguir tendência de mercado os frigoríficos iriam aceitar o animal inteiro, desde que com bom acabamento de carcaça, sem penalização nenhuma e digo ainda que o produtor que não castra seus animais deveria ser bonificado, a tendência é o animal sofrer cada vez menos durante o processo de produção, correto? A castração bate de frente com o manejo humanitário, manejo esse que, logo logo, se tornará exigência de mercados consumidores com consciência apurada. As dificuldades de manejo de animais inteiros podem ser sanadas com treinamento e produtos específicos já disponíveis no mercado, a solução é investir em tecnologia para facilitar o processo. Agora, se a classe produtora não se organizar em relação a possíveis arbitrariedades da indústria, a questão da penalização só irá se agravar!
Caro André Bartocci,
No início do mês de dezembro passado, escrevi um artigo para este site invocando um debate sobre o conceito jurídico da venda a rendimento de carcaça, ou seja, que se alcançe um conceito jurídico exequível sobre esta modalidade de venda, devido a extrema concentração dos frigoríficos compradores.
A tua indignação manifestada também neste espaço, vem exatamente de encontro com as posições que manifestei naquela ocasião, a inexistência de uma regulamentação específica nas relações produtoresxfrigoríficos, no que diz respeito a remuneração e as posições arbitrárias adotadas pela indústria. Quanto a estes fatos insisto que devemos provocar nossas lideranças sindicais e políticas para obter um regulamento que clareie as regras do jogo.
E me pemita numa linguagem chula, dizer o seguinte: Quanto as bolas dos teu boi (Que para nós aqui no Rio Grande do Sul é touro) elas valiam até dois anos atrás, muito bem, na exportação para China (via Hong Kong) hoje não sei como está o mercado, peço a manifetação dos traders que aqui colaboram, mas acredito que esteja agora valendo menos para os frigoríficos lhes penalizarem. Utilizo o pronome "lhes" porque no RS só é boi o que é castrado.
Abraços e continuemos nesta luta.
Prezado Igor Siciliano,
Muito obrigado por trazer um tema tao importante que até agora passava em branco o BEM ESTAR ANIMAL.Acredito que este tema será, se já não é, o grande desafio para a produção animal.
Talvez, por se tratar de um site frequentado por pessoas ligadas a cadeia da da carne, o fato de falar sobre CASTRAÇÃO e não lembrar nos danos causados ao animal parece normal.Porém como disse acima, os elos da cadeia devem ter opinioes claras e transparentes para o bem comum
Acho que uma castração SEM NECESSIDADE(diga-se de passagem, sem anestesia, antinflamatórios e em alguns casos com muita brutalidade) seria muito indigesta para a maioria dos consumidores!
Não sabemos se temos direitos sobre a vida de outras espécies, então se o abate é inevitável, que eles tenham uma vida digna.
Prezado André, como vai?
Tive a oportunidade de conhecer de perto seu produto… Tn, T2 ou T4 com cobertura de gordura de 3mm a 6mm, pesando de 17@ a 19@, realmente não há o que penalizar, aliás deveria ser o inverso.
Mas como diz uma sabia citação que aprendi com o Pedroso. "Quando tínhamos as respostas, mudaram as perguntas".
Sinceramente, não sei se isso um dia vai mudar… quem sabe???
Grande abraço!
Prezado Cézar Burim,
Muito boa sua observação.
Sei que você conhece e tem bastante experiência.
E sei também que TRANSPARENCIA entre os elos não é a grande qualidade desta nossa complexa cadeia!
Um abraço
André Bartocci.
Boi tem que ser castrado, acho que as indústrias estão certa disso pois o boi inteiro é mais precoce na engorda , mais em contra partida não da o acabamento esperado……
Temos NNNNNNNNNN exemplos de sucesso com boi inteiro no Brasil. Tudo depende do objetivo do produtor x seu sistema de produção…
Sabemos que não é tão simples, mas na verdade o que importa é a carcaça (idade x conformação x peso x acabamento), temos que pensar no produto final que vai à mesa do consumidor: carne de qualidade. Se é inteiro, castrado, branco, preto, zebuíno, continental, britânico, etc., não importa.
Carne de qualidade, é isso que vale.