Ainda que considere o Plano Safra 2019/20 “melhor do que esperado”, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) avalia que o Moderfrota, principal linha de crédito para a compra de máquinas agrícolas do país, precisaria de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões adicionais para atender à demanda, que está aquecida.
“Isso sem contar o crescimento estimado de 10,9% nas vendas para este ano, o que demandará um volume ainda maior de recursos”, afirmou Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da entidade. O go verno reservou R$ 9,6 bilhões para a linha neste ciclo, ante R$ 8,9 bilhões em 2018/19. Os juros aumentaram um ponto percentual, para entre 8,5% e 10,5%.
A posição da Anfavea é parecida com a da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que calculou que seriam necessários cerca de R$ 15 bilhões em 2019/20 para o Moderfrota, que tem taxas de juros controladas e é alimentado com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Por tudo o que foi dito pelo Ministério da Agricultura, esperávamos menos recursos ao grande produtor, já que o governo afirmou que a intenção era colocar foco no pequeno. Quando vimos as taxas de juros e a carência, nos pareceu bastante positivos”, ponderou Miguel Neto. “Isso não significa que o volume de recursos será suficiente para este ano-safra. Já faltou [dinheiro] no ano passado e, provavelmente, vai faltar neste também. Mas, no momento, achamos o plano excelente”, disse.
Segundo ele, nos próximos meses a associação deverá revisar as projeções para o segmento, especialmente no que diz respeito às vendas no mercado interno.
“Acho muito difícil que o aumento das vendas seja menor que os 10,9% previstos”, indicou. Ele destacou que os produtores rurais, especialmente os de grande porte, estão se adequando ao ambiente de menor oferta de juros controlados, e devem recorrer aos financiamentos a taxas livres, principalmente diante da perspectiva de queda da Selic.
“Acredito que vamos retomar, no segundo semestre, o ritmo de crescimento que vimos no começo do ano”, afirmou. No primeiro semestre, as vendas de máquinas no mercado doméstico somaram 19,8 mil unidades, mesmo patamar de janeiro a junho de 2018.
As exportações ficaram em 6,1 mil unidades, queda de 2% na mesma comparação. “Há muita esperança de que o setor agrícola da Argentina tenha uma retomada, então vamos aguardar”, disse Miguel Neto. O vizinho é o principal destino das máquinas agrícolas brasileiras no exterior. Respondeu por 37% das exportações no ano passado.
De janeiro a junho, a produção somou 24,8 mil unidades, queda de 7,9% ante ao primeiro semestre do ano passado. Ele atribuiu a queda da produção ao elevado estoque nas fabricantes. “Como houve uma redução nas vendas no período da Agrishow [feira em Ribeirão Preto], por falta de recursos, chega uma hora que é preciso equilibrar esse estoque reduzindo a produção”.
Fonte: Valor Econômico.