Vários alertas foram dados recentemente sobre a velocidade assustadora do aquecimento global e seus efeitos prováveis no meio ambiente mundial nas conferências de Nairobi em Quênia e nos encontros quase simultaneamente aqui no Brasil sobre a desertificação e o mapa da pobreza.
Nota do autor: Durante a elaboração deste artigo, o Carlos Arthur Ortenblad publicou no BeefPoint seus brilhantes artigos “O Inferno sobe a terra I e II”, e quero parabenizar o autor pelos trabalhos.
Considere o meu artigo a seguir como continuação do aprofundamento nos problemas ambientais existentes no mundo e aqui no Brasil, e algumas idéias de como tentar reverter este quadro no Brasil.
Neste mês de dezembro fazemos um balanço sobre que passou e selamos um compromisso com o futuro e nada melhor do que ver numa festa do fim do ano na escola construtivista a alegria e esperança das crianças e a emoção das professoras e pais em ver a juventude se divertir.
Por nós e por eles vale a pena ir fundo e resgatar o bem, a alegria de viver e a esperança para um futuro melhor.
Desejo para você meu caro leitor um Próspero Ano Novo, cheio de realizações e alegria.
Vários alertas foram dados recentemente sobre a velocidade assustadora do aquecimento global e seus efeitos prováveis no meio ambiente mundial nas conferências de Nairobi em Quênia e nos encontros quase simultaneamente aqui no Brasil sobre a desertificação e o mapa da pobreza. Não deixamos de sentir um certo arrepio, mas ao mesmo tempo também uma admiração ao descobrir que os temas destes encontros são interligados como causa (aquecimento global) e seus efeitos (desertificação e pobreza).
Fica claro também que o aquecimento global já tem uma história longa com a humanidade e só recentemente entrou num verdadeiro vendaval de acelerarão e já chegou na fase laranja do perigo, com aumentos significativos nas temperaturas tanto na terra como no mar, num curto período de tempo em todas as zonas climáticas, incluindo a polar.
Infelizmente não foi visível nestes encontros uma participação decisiva da área científica agrícola sobre como de fato vamos ter que agir para que o planeta Terra e o Brasil possam ser preservados com as suas riquezas e condições para a vida humana. As ciências agrícolas e biológicas são, por enquanto, as grandes ausentes em propor através de estudos o que de fato deve ser feito na prática, no dia-dia, no curto, médio e longo prazo, na legislação e na fiscalização.
Toda a discussão fica presa no histórico, análise e diagnóstico e projeções futurísticas, mas a falta de propostas concretas sobre como devemos agir como sociedades e governos é gritante. O que é mais preocupante, parece não haver conhecimento, ou vontade política, para elaborar os projetos para começar a construir as defesas integradas contra os avanços cada vez mais rápidos do aquecimento global, a desertificação e a pobreza.
O que se viu aqui no Brasil foi a Bolsa Família e algum programa de fornecimento de água via cisternas e estes, sem dúvida, aonde chegaram amenizaram os piores problemas da miséria. Mas infelizmente até o governo Lula falhou até agora em não ter concebido e implantado um programa de ações integradas e contundentes para o nordeste, esta região tão sofrida e tão abusada politicamente durante séculos. A Sudene ainda não re-apareceu.
Não quero deixar nenhuma dúvida sobre o papel primordial que as ciências que lidam com a natureza têm neste assunto; as indústrias e cidades podem e devem restringir ao máximo as ações poluidoras, o que requer grandes investimentos na infra-estrutura do saneamento básico, nas indústrias, na educação, na criação de áreas e cinturões verdes e numa fiscalização contundente. Porém, acima de tudo, tem que ter a vontade e determinação política para fazer estes investimentos, mas é “só isto”.
A efetiva restauração dos equilíbrios na natureza será feita através de mudanças na maneira de explorar a terra e suas riquezas naturais com a volta das árvores em grande escala nas cidades e nas fazendas, como armas poderosas a serem usadas contra o aquecimento global, a desertificação e a pobreza por vias indiretas.
O reflorestamento obrigatório das margens dos rios e aguadas, a proteção adequada das nascentes pode ajudar a manter os nossos recursos hídricos, mas precisam ser incentivados e fiscalizados no país inteiro.
Cada município tem que mapear e fiscalizar os seus recursos hídricos e florestais e evitar que a poluição e o desmatamento das margens aconteçam. Onde o estrago já foi feito a despoluição e reflorestamentos devem ser feitos.
Quase sempre há na natureza as respostas para todos os problemas que precisam ser resolvidos, mas infelizmente a nossa prepotência já nos deixa armados até os dentes quando se menciona a palavra Meio Ambiente e do seu suposto zelador, o Ibama e o da, no meu ver, corajosa ministra Marina Silva e infelizmente até o Presidente Lula pelo jeito entrou nesta quando exigiu mais flexibilidade da ministra nas exigências ambientais para que os projetos para a melhoria da infra-estrutura e os investimentos possam andar mais depressa.
Obviamente precisamos avançar com a implantação e melhoraria da infra-estrutura e fazer mais investimentos mesmo quando isto tem restrições e provoca até danos ambientais, mas também temos que ser muito mais criativos em minimizar estes estragos e procurar compensações ambientais em outras áreas que podem diminuir e até neutralizar os inevitáveis danos causados em prol do progresso.
Esta criatividade ambiental precisa ser “cultivada” na iniciativa privada e liderada pelo Ministério do Meio Ambiente que vai assim facilitar a tramitação de projeto.
No fim isto não passa de uma contabilidade com créditos e débitos ambientais como os que temos atualmente sobre o seqüestro de carbono, mas obviamente o campo é muito maior do que isto.
Hoje indústrias e países poluidores podem comprar créditos de Carbono no mercado mundial para compensar os débitos que eles causam com as atividades poluidoras e este mesmo raciocínio de compensações podemos ter dentro do Brasil e isto vai ser a grande avalanca para um crescimento sustentável em termos ambientais.
A missão de facilitar o bem-estar da sociedade ao máximo deve ser a principal obrigação de todos os serviços públicos e privados e do governo nos níveis municipal, estadual e federal.
O passo ambiental quase mágico
A implantação e exploração em grande escala do Jatropha curcas (o pinhão manso) para a produção do biodiesel pode dar ao Brasil um diferencial enorme em termos de crescimento econômico, industrial, agrícola, social e principalmente ambiental, por ser uma árvore que depois de dois anos após o seu plantio vai produzir por uns 50 anos e ainda produzir frutos com um teor de óleo de 43%, o que é um sonho para a produção do Biodiesel. Além disto a Jatropha curcas pode e vai gerar também enormes créditos de seqüestro de carbono.
Infelizmente faltam estudos e pesquisas aqui no Brasil sobre o pinhão manso e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) que poderia fazer os trabalhos está sem recursos financeiros e humanos. O assunto é tão importante que o BNDES deve contratar os serviços e financiar as pesquisas e depois a implantação de plantações e indústrias, de preferência num modelo cooperativista.
Estamos perdendo tempo precioso para desenvolver as variedades, neste campo a Holanda está na frente e aparentemente a África do Sul já tem mais de alguns milhares de hectares plantados com o pinhão manso. O pessoal da cana que se cuide, porque vai aí um concorrente que vai causar uma verdadeira revolução no campo e no país. No meu ver o biodiesel no futuro vai tomar o lugar do álcool e gasolina por ser muito mais econômico.
A batalha contra a desertificação
Em primeiro lugar temos que convencer a sociedade que os problemas tem que ser equacionados e que a sobrevivência de todos realmente está correndo um perigo real e até previsível.
É preocupante ver reações do tipo “pouco me importa porque estamos bem aqui no Brasil”; esta indiferença e omissão vão ter um custo altíssimo para todos e por isto mesmo temos que estar alertas e combater este pensamento negativo e omisso com toda força em cada momento.
Quem só se preocupa com as linhas de frente numa guerra vai perder como Napoleão e Hitler vieram nas invasões da Rússia e os americanos sentiram na pele em Vietnã e Iraque e, caro leitor, não se engane, nos já estamos em plena guerra ambiental onde o aquecimento global, desertificação e a pobreza são as frentes de combate.
As defesas precisam ser construídas nas áreas ainda fora do combate e onde ainda há chuva e outros recursos suficientes para permitir uma vegetação e alguma exploração viável e sustentável.
Aí temos que entrar com projetos de reflorestamento massivo com espécies adaptadas nestas condições, viabilizar culturas de sustentação para a população rural, e trabalhar em regime de cooperativas.
Este é o primeiro passo de estancar os avanços de desertificação, aquecimento global e da pobreza por tabela e, como o Deus parece ser pelo menos parcialmente brasileiro, a Jatropha curcas se enquadra perfeitamente como opção inteligente e rentável para a produção de biodiesel.
Com o presente modelo agrário não vamos a lugar nenhum no nordeste, que vai continuar requerer gastos enormes com as primeiras necessidades, mas continua a ser totalmente dependente do governo. Progresso só é possível quando a viabilidade e sustentabilidade econômica retornem a estas regiões e se criam atividades e renda para o seu povo.
O zoneamento com base nas chuvas anuais precisa ser melhor estudado e fracionado, mas podemos pensar nos seguintes termos gerais.
Os proprietários das terras devem obrigatoriamente se unir em cooperativas, porque só assim podemos conseguir os recursos necessários para levantar o nível de exploração para um patamar sustentável e ter o acesso aos financiamentos para a exploração como também para a infra-estrutura básica e educacional nestas áreas onde atualmente ainda reina a fome, sede, desinformação e a corrupção.
Não é uma reforma agrária mais sim uma reforma de exploração e gestão através de cooperativas e este modelo quando der certo vai valorizar e muito as terras e vilarejos tão carentes hoje apesar das Bolsas Família e Cisternas de Água e podem abrir a tão sonhada porta da saída para o povo nordestino.
O mais importante é o reflorestamento nestas áreas com espécies adaptadas à região e no mesmo tempo produtivas, como por exemplo a Jatropha curcas (pinhão manso).
Desta maneira fixaremos os homens e as famílias na terra, erguemos uma barreira fantástica contra o avanço da desertificação e podemos começar a induzir a mudança do clima com mais chuvas e assim dar um grande passo em melhorar as condições nestas regiões de maneira digna e sustentável onde somente os políticos corruptos serão os grandes perdedores.
8 Comments
Acho que poderemos mudar a história do mundo. Colaborarmos para diminuir o aquecimento global, e de quebra valorizar a preço justo nossas commodites agrícolas e pecuárias e ainda lucrarmos com a venda das madeiras.
A árvore de reflorestamento Teca, é altamente produtiva, já podendo ser aproveitada comercialmente aos 10 anos do plantio. Aos 20 anos em diante o valor comercial p/ exportação ultrapassa os US$5.000,00, dependendo da época e do mercado, pode ser mais.
Se todos os fazendeiros, agricultores e pecuaristas reduzirem suas áreas plantadas em pelo menos 50%, reflorestando com Teca, todos os preços, desde arroba boi, passando pelo porco, aves, soja milho, arroz algodão etc vão valorizar.
Com isto estaremos recebendo o justo pela nossas commodites, e colaborando com o mundo diminuindo o aquecimento global, o que os senhores acham?
Prezado Sr. de Geer,
Muito elegante a forma como o senhor inicia seu artigo sobre aquecimento global e desertificação, ao mencionar e elogiar artigos que o precederam, de minha autoria.
Realmente, o tema de nossos escritos é, em sua maior parte, coincidente. E nem teria como ser diferente, já que o problema é basicamente o mesmo.
Mas a razão principal desta carta é parabenizar o seu artigo, não apenas pela excelência do conteúdo, como também por alguns aspectos singulares de sua análise, e soluções propostas.
Atenciosamente,
Carlos Arthur Ortenblad
Rio de Janeiro – RJ
Este texto é 10! Tenho certeza que o amigo Geer tem mais a falar… escreva mais. É de textos assim que precisamos.
Senhor Luiz Pascal de Geer:
No evento Rio/92 realizado pela ONU no Rio de Janeiro no ano de 1992 se discutiu bastante o tema meio ambiente, quando começaram também a preocupação e discussão sobre aquecimento global, pobreza, miséria e a necessidade de um desenvolvimento consistente capaz da minimização desses efeitos. Por força de decisão e assinatura de 170 países surgiu o documento denominado Agenda 21, que nada mais é do que a diretriz do Desenvolvimento Sustentado que se fundamenta em:
– Desenvolvimento Socialmente Perfeito quando toda a comunidade participa e beneficia com harmonia da prosperidade socioeconômica do lugar com respeito e preservação do meio ambiente.
– Desenvolvimento Economicamente Justo quando um empreendimento traz prosperidade à comunidade e proporciona remuneração justa aos que participam da cadeia produtiva para sua digna sobrevivência econômica com respeito ao meio ambiente.
– Desenvolvimento Ecologicamente Correto quando desenvolvimento desperta no cidadão a consciência da preservação e recuperação do meio ambiente para sobrevivência das futuras gerações.
Para pecuária brasileira continuar a conquistar o mercados mais exigentes e atraente global é preciso se enquadrar dentro dos preceitos do desenvolvimento sustentado preconizado pela Agenda 21 assinados por 170 países. Uma das barreiras comerciais mais difíceis de serem compreendidas pelos pecuaristas, mas infelizmente já batem as portas da pecuária brasileira.
Prezados senhores,
Gostei muito do artigo sobre este tema super atual do aquecimento global. Realmente todos nós do campo temos que começar a pensar em medidas que possam vir a amenizar este iminente problema mundial.
Sem dúvida reflorestar seria uma das medidas que aliviariam a situação e manteria a renda agrícola. Em tempo, gostaria de poder saber mais sôbre o Pinhão Manso, onde conseguir sementes e literatura? Podem me ajudar? Obrigado.
Parabéns por publicar um artigo para chamar tanto a atenção para um dos grandes problemas futuros da humanidade.
Abraços.
Francisco J Jacintho
Mais uma vez o nosso reconhecimento ao importante papel do BeefPoint, a medida que proporciona a oportunidade de pronunciamentos e manifestações como estas realizadas a partir deste brilhante artigo. UFRRJ/IZ/DPA- Prof. José Paulo de Oliveira
Brilhante artigo e muito esclarecedor sobre aquecimento global e desertificação . Precisamos de pessoas com conhecimento de causa e sobretudo com pontos de vista de solução bem fortes ;como forma de sensibilizar fortemente as autoridades brasileiras e consequentemente mundiais a respeito de assunto tão sério .
Sem comentários sobre a desertificação, ela é real, e fruto da ação humana, mas o tal aquecimento global é no mínimo controverso… Frentes frias varrem a Europa, com temperaturas abaixo dos -30º… os profetas do calor nada mencionam sobre isso…
Me parece haver mais que simples “angu” nesta panela…