Pesquisadores apontam caminhos para a sustentabilidade do agronegócio no país, mas também expõem os dilemas da atividade quando o assunto é o combate ao desmatamento ilegal e a redução das emissões dos gases do efeito-estufa. A não adoção das medidas recomendadas pela comunidade científica pode representar perda de 2,5% do PIB agrícola devido ao aquecimento global. Não é pouco para um setor que responde por cerca de 30% da economia nacional.
Pesquisadores apontam caminhos para a sustentabilidade do agronegócio no país, mas também expõem os dilemas da atividade quando o assunto é o combate ao desmatamento ilegal e a redução das emissões dos gases do efeito-estufa. A não adoção das medidas recomendadas pela comunidade científica pode representar perda de 2,5% do PIB agrícola devido ao aquecimento global. Não é pouco para um setor que responde por cerca de 30% da economia nacional.
“O prejuízo ao agronegócio brasileiro atingiu R$ 10 bilhões só na safra de 2013 devido a problemas climáticos”, diz Eduardo Assad, coordenador do grupo de pesquisa de mudanças climáticas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Segundo ele, o Brasil fez um esforço mundial para a redução das emissões dos gases do efeito-estufa. “Mas chegar a 4 mil quilômetros quadrados de desmatamento por ano e voltar a crescer para 6 mil quilômetros quadrados, como aconteceu no ano passado, é um absurdo. Avança-se com os agricultores e pecuaristas, mas as madeireiras recrudescem”, diz. “Os discursos no governo federal são conflitantes. O Ministério do Meio Ambiente tenta avançar, mas o rodízio de ministros no Ministério da Agricultura não ajuda.”
O aumento da temperatura vai provocar fenômenos meteorológicos que vão prejudicar mais fortemente a população pobre, mas também a perda de volume das bacias hidrográficas que abastecem os grandes centros urbanos. As cidades da costa brasileira também vão sofrer com o aumento das ressacas marítimas e dos ventos causados pelo mar mais aquecido.
Uma pesquisa da Unicamp em parceria com nove unidades da Embrapa constatou que há 11 milhões de hectares de pastagens ociosas na região Norte que poderiam abrigar 15 milhões de cabeças – quase 20% do rebanho de cerca da 80 milhões de cabeças da Amazônia Legal. A adoção do programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do Ministério da Agricultura, como a integração lavoura-pecuária-floresta, poderia fornecer ainda um ganho no estoque de carbono, reduzindo as emissões de gases de efeito-estufa.
Em outra frente há os ganhos de produtividade. Pesquisas da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) indicam que um aumento de 1,2 para 1,7 cabeça por hectare liberaria 60 milhões de hectares para a agricultura e para o reflorestamento.
É nisso que aposta o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável. Formado por mais de 60 associados – entre indústrias, produtores, varejistas, bancos, centros de pesquisa e universidades – com o objetivo de fomentar a harmonização da atividade com o meio ambiente, o GTPS desenvolve o Programa Pecuária Sustentável na Prática em cinco Estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e Bahia.
Fonte: Jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.