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Área de soja cresce 13,8% ao ano, principalmente sobre pastagens

O crescimento da área plantada da soja sofreu uma explosão nos últimos três anos, com expansão média anual de 13,8% – quatro vezes mais do que a média de 3,6% dos dez anos anteriores. O dado consta de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que conclui que um avanço tão rápido quanto este se deu, basicamente, em cima de “pastagens degradadas” e não de “áreas virgens”. Para 2005, contudo, o cenário é de perda de rentabilidade e crise financeira, com as quedas da cotação da soja.

Gervásio Castro de Rezende, um dos autores do documento, explica que o texto preparado tem o objetivo de demonstrar que, ao contrário dos ataques dos ambientalistas, o rápido crescimento da soja no País não ocorre por causa do desmatamento do cerrado e da floresta amazônica. “Nosso trabalho desafia essa facilidade com que se falam as coisas no Brasil. É fácil demonizar a soja, mas três anos não seriam suficientes para todo esse protesto de desmatamento. Isso é ignorância”, sustenta o pesquisador.

O pesquisador do Ipea cita dados do último Censo Agrícola feito pelo IBGE, referente a 1995/96, para mostrar que a área de lavoura da região Centro-Oeste é de 6 milhões de hectares, muito inferior aos 73 milhões hectares de área de pastagem. Os pecuaristas arrendam área para os agricultores que, segundo ele, já encontram solo preparado para o plantio. O avanço se dá basicamente na microrregião denominada “Nortão do Mato Grosso”, alvo de intensas denúncias de organizações não-governamentais (ONGs).

“O Nortão e o Vale do Araguaia foram desmatados na década de 70, durante o regime militar. O governo queria ocupar a Amazônia e a pecuária cresceu às custas dos subsídios oficiais. No município de Querência, por exemplo, não havia até pouco tempo nenhum produtor de soja, eram só pecuaristas. Agora há uma espécie de simbiose entre lavoura e pecuária. Mas quando a soja chegou não havia mais vegetação nativa. Aquela região é uma área onde há muitos interesses e pouca pesquisa séria”, declara Rezende.

Segundo o estudo, o crescimento do rebanho bovino da década de 1990 foi de 1,1% ao ano, taxa que nos últimos três anos praticamente quadruplicou, chegando a 4,3%. Castro de Rezende explica que o próprio avanço da pecuária exige a melhoria das pastagens, o que, em última análise, é possível com o plantio da soja. Na prática, o pecuarista arrenda a terra ao plantador, que prepara o terreno, paga o aluguel com sacas do produto e devolve a terra, três anos depois, numa condição melhor.

Fonte: Cruzeiro do Sul online, adaptado por Equipe BeefPoint

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