Diante das pressões cada vez maiores do Brasil e da União Europeia, a Argentina deu sinais de que pode flexibilizar a implantação de barreiras contra alimentos importados. As restrições devem entrar em vigência no dia 1º de junho. Em encontro com grandes importadores, o secretário de Comércio Interior e autor da medida, Guillermo Moreno, afirmou aos empresários que analisará "caso a caso" a aplicação de barreiras contra a entrada de produtos estrangeiros com similares nacionais.
Diante das pressões cada vez maiores do Brasil e da União Europeia, a Argentina deu sinais de que pode flexibilizar a implantação de barreiras contra alimentos importados. As restrições devem entrar em vigência no dia 1º de junho. Em encontro com grandes importadores, o secretário de Comércio Interior e autor da medida, Guillermo Moreno, afirmou aos empresários que analisará “caso a caso” a aplicação de barreiras contra a entrada de produtos estrangeiros com similares nacionais.
A intenção de Moreno, conforme ele informou aos representantes da Câmara de Importadores da República Argentina, é reduzir em pelo menos US$ 300 milhões as compras de alimentos do exterior. No ano passado, as importações do setor chegaram a US$ 1,2 bilhão, segundo estatísticas apresentadas pelo secretário no encontro.
O governo brasileiro rejeita a flexibilização sinalizada por Moreno e deixou claro que espera que a medida não seja implementada. Paralelamente, embaixadores dos países da União Europeia manifestaram ontem (13), em visita à Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o repúdio do bloco às barreiras. O embaixador da Espanha, Rafael Estrella, disse confiar que a Argentina “irá cumprir plenamente seus compromissos e as normas da Organização Mundial do Comércio”.
Segundo a ministra da Produção, Débora Giorgi, “tudo o que o mercado demandar em matéria de alimentos importados estará disponível nos supermercados do nosso país”, disse a ministra. Ela prometeu que a Argentina seguirá as regras internacionais. “Trabalhamos dentro das normas da OMC, tanto no que diz respeito às licenças não automáticas quanto às medidas antidumping”, disse.
Para Ricardo Martins, diretor do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a atitude do governo argentino de anunciar a barreira não foi surpresa. “Já estamos acostumados com essa postura da Argentina, de primeiro bater para depois negociar”, disse ele.
Para o executivo, a flexibilização sinalizada pela Argentina é resultado das reclamações, mas não é motivo para comemorar. Ele teme as complicações que a medida cause para a entrada do produto brasileiro independentemente de ele estar ou não entre os barrados, causando uma barreira burocrática. Segundo Martins, apesar da medida ainda não estar em vigor, os importadores argentinos já suspenderam pelo menos 60% dos embarques de alimentos brasileiros processados. Há caso até de uma empresa binacional que está com produtos parados. Para o diretor da Fiesp, isso é reflexo da dúvida dos importadores sobre o conteúdo da medida.
A matéria é de Daniel Rittner e Samantha Maia, publicada no Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.