Em um contexto de barreiras às exportações de carne impostas pelo Governo do país, os frigoríficos exportadores da Argentina encontraram uma estratégia para aumentar os lucros: privilegiar as exportações de cortes caros, como os incluídos na cota Hilton, frente aos de menor valor.
Em um contexto de barreiras às exportações de carne impostas pelo Governo do país, os frigoríficos exportadores da Argentina encontraram uma estratégia para aumentar os lucros: privilegiar as exportações de cortes caros, como os incluídos na cota Hilton, frente aos de menor valor.
Na semana passada, as 17 empresas do consórcio ABC, que concentra 90% das exportações de carne bovina, mantiveram reuniões com 42 embaixadores argentinos no exterior. A ideia destes encontros, supervisionados pelo vice-secretário de Comércio Internacional, Luis María Kreckler, é capturar os nichos de exportação desejados do mundo, relacionados com os cortes caros.
A estratégia permitiria, por exemplo, deixar de exportar cortes de baixo valor para vender carne resfriada a segmentos de alto poder aquisitivo de países como Rússia e Tunísia. “Junto com o embaixador estamos estudando abrir a possibilidade de vender cortes resfriados à Rússia. Isso permitiria tornar esse país um mercado para exportações de alto valor, quando hoje é um mercado de volume”, disse o presidente do consórcio ABC, Mario Ravettino.
Conseguir essa abertura significaria, segundo o ABC, passar de vender cortes de US$ 1.800 a US$ 3.000 a tonelada para cortes que valem hoje US$ 10.000, mas que nos momentos de altos preços internacionais chegaram a custar US$ 18.000.
“Há muitos nichos deste tipo para captar. Por isso, pedimos aos embaixadores ajuda institucional para manter e aumentar nossos destinos, sobretudo neste contexto de crise”, disse Ravettino, dizendo também que muitos empresários do consórcio aproveitaram o encontro para discutir situações particulares que determinados países apresentam na hora de concretizar exportações, como as exigências sanitárias.
Outro objetivo do encontro foi averiguar o estado do processo de reabertura das exportações de carne aos EUA, que fechou em 2000 após o foco de aftosa. Segundo um dos participantes do encontro, o embaixador nesse país, Héctor Timmerman, disse que, para 2010, poderia reabrir este mercado. “Não seria uma má notícia. Os EUA são a porta ao NAFTA. Quando exportávamos para lá, chegamos a ser o principal fornecedor de carne ao Canadá após somente quatro meses de começar a vender produtos a eles”.
Consultado sobre se a estratégia do ABC não poderia contrariar o Governo por sua política de restringir as exportações, Ravettino disse, “nós temos que trabalhar com a realidade que nos toca, de modo que se há limitações para exportar, teremos que exportar por um valor maior”.
A reportagem é do La Nación, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.