O comportamento do mercado de couros na Argentina, concentrado em um reduzido número de curtumes, impede uma maior redução do preço da carne, iniciada após o acordo firmado entre os frigoríficos argentinos e a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação (SAGPyA), de acordo com a Câmara da Indústria e Comércio de Carnes da República Argentina (CICCRA).
“O acordo firmado pela indústria frigorífica com a SAGPyA em 15 de março permitiu baixar o preço da carne bovina no varejo nas duas primeiras semanas de abril, segundo dados provisórios do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC)”, disse a CICCRA, que agrupa as principais plantas abastecedoras do mercado interno.
No entanto, os frigoríficos destacaram a “preocupação de toda a cadeia de carne pela queda injustificada no preço do couro nos últimos seis meses, que baixou mais de 40% no mercado interno”.
A CICCRA disse que a baixa do preço do couro, em contradição com a sustentada demanda do mercado mundial, incide no preço da carne, já que o custo de produção deve ser repartido entre todos os componentes do animal.
Por este motivo, os frigoríficos insistiram em reclamar uma modificação do sistema de comercialização, que atualmente impede a exportação de couros sem curtir e que seja autorizada a exportação de um milhão de couros a fim de que a indústria conte com um preço de referência que sirva para deixar de transferir aos curtidores mais de US$ 100 milhões por ano.
As empresas reclamam a revisão do regime de proteção dos curtumes que já existe há duas décadas na Argentina e consiste na aplicação de elevadas retenções (de 15%) para o couro “cru”, a fim de permitir que a matéria-prima seja processada no país. Já de couros curtidos a Argentina exporta 80% da produção por US$ 900 milhões, ainda que 75% desses envios sejam concentrados em oito empresas. Há muitos anos os frigoríficos acusam os curtumes de fixar os preços de maneira unilateral sem considerar os sinais do mercado.
O informe da CICCRA assinala também que o aumento na oferta de bovinos correspondente à temporada de outono “elimina em curto prazo a possibilidade de aumentos nos preços do gado”.
Da mesma forma, a CICCRA disse que tanto a demanda interna como a externa de carne será mantida em curto e médio prazo, de forma que considerou “muito boa” a notícia de que o peso médio das cabeças de gado passou de 210 quilos em janeiro-fevereiro de 2004 para 218 quilos no primeiro bimestre de 2005.
Fonte: Infobae e Clarín, adaptado por Equipe BeefPoint