Argentina cria nova categoria bovina: macho inteiro jovem (MIJ)

Recentemente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina, através do Escritório Nacional de Controle Comercial Agropecuário (ONCCA), estabelece a criação de uma nova categoria de abate bovino: o Macho Inteiro Jovem (MIJ) – animal macho jovem inteiro (com testículos), com até dois dentes incisivos permanentes no momento do abate, cartilagens intervertebrais da região sacra com incipiente ossificação e músculo retrator do pênis presente.

Nas instalações do confinamento Conecar, localizado nas proximidades da cidade de Carcarañá, Santa Fé, realizaram-se e continuam em desenvolvimento uma série de ensaios com diferentes raças bovinas, que deram origem à nova categoria. O projeto surge por iniciativa da empresa Quickfood/Marfrig, junto com a Conecar S.A.

É sabido há tempos que o macho bovino inteiro cresce mais rápido, utiliza o alimento de forma mais eficiente e produz uma carcaça com maior rendimento e menos gordura que os castrados. Porém, as grandes desvantagens têm sido temperamento agressivo; menor maciez; cor escura da carne; menor cobertura de gordura e menor marmoreio.

Era necessário voltar a avaliar o macho inteiro e situá-lo nos sistemas produtivos atuais. Em vários países, há vários anos que se engordam os “Tourinhos”, por que não na Argentina?

Objetivo

Avaliação produtiva no confinamento e frigorífico de machos inteiros jovens engordados em curral.

Materiais e métodos

Foram utilizados lotes comparativos de novilhos e machos inteiros jovens dispostos na área de pesquisa do Conecar com 25 cabeças em média por curral. Foram usadas as raças Braford, Holando, Hereford e Angus.

O alimento utilizado é o que se oferece aos animais com destino à exportação dentro do confinamento, sem realizar modificação alguma. Trata-se de uma dieta à base de concentrados, com aporte de 10% de fibra efetiva a partir de feno de alfafa e casca de amendoim, resultando quimicamente com uma composição de 14% de proteína bruta e 2,9 Mcal. Foram realizadas durante o período de engorda pesagens controle mensais e se avaliou o comportamento por inspeção. A última etapa do estudo envolveu o abate dos animais, onde avaliaram as características industriais da carne.

Resultados

A seguir, detalham-se em termos relativos as diferenças produtivas entre machos inteiros e castrados classificados por raça:

• Peso prom. entrada: 180/200Kg.
• Peso prom. saída: 460/500Kg.

Discussão e conclusão

Apesar de se ter descrito comportamento agressivo do macho inteiro como desvantagem para sua utilização nos sistemas de produção de carne bovina, nesse estudo, não se apresentaram inconvenientes a esse respeito.

Os machos inteiros mostram maior velocidade de crescimento que os castrados, sendo em média 10,5% e uma diferença na relação de conversão alimentar de 15,7% a favor do M.I.J. Considera-se valor extremo o obtido ao comparar a conversão alimentar dos M.I.J. Bradford e novilhos da mesma raça. A razão é atribuível a sua genética, dado que os primeiros eram provenientes de Cabaña. É necessário voltar a avaliar.

A comparação do grão de terminação utilizando a escala de quatro valores (0, 1, 2 e 3) mostrou uma maior proporção de animais nas categorias de menor grau de gordura no caso dos M.I.J.

A avaliação da qualidade organoléptica da carne feita pelo Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI), (dados não informados) permitiu qualificar a carne dos machos inteiros jovens como carne que cumpre com os parâmetros sensoriais apreciados pelos consumidores.

Os resultados obtidos no presente trabalho coincidem com outros similares realizados em outros países e demonstram mais uma vez que em termos produtivos, o macho bovino inteiro é superior ao novilho, com melhores ganhos diários de peso que se traduzem em uma melhor relação de conversão alimentar, maior rendimento em frigorífico e uma terminação adequada à demanda de carne magra do mercado.

Esquemas

Sistemas de produção M.I.J. raças leiteiras.

Sistemas de produção M.I.J. raças de carne.

Benefícios do sistema de produção M.I.J.:

A importância da articulação público-privada

A interação constante entre os órgãos públicos e privados durante o desenvolvimento dos ensaios, somado aos resultados que avaliaram a viabilidade produtiva e de qualidade da carne dos animais no estudo, possibilitaram que o MINAGRI incorpore, por meio da resolução 4906/2010 a nova categoria bovina M.I.J. e pode ser fiscalizada pelo ONCCA e adotada pelo SENASA.

Estatísticas

A partir dos dados informados pelo ONNCA calculou-se:

Sobre o abate anual médio de novilhos na Argentina de 3,3 milhões de cabeças, se 20% fosse M.I.J.:

a. Seriam obtidas 6.000 toneladas adicionais de carne (20.000 meias carcaças)

b. Para produzi-las, seriam necessários aproximadamente 300.000 quilos de alimento balanceado.

c. Poderia abastecer o consumo de carne de 120.000 habitantes por ano.

Comentário BeefPoint: Interessante esse estudo, mas vale destacar que não é qualquer macho inteiro, mas macho inteiro jovem. Comente abaixo, deixe sua opinião sobre esse produto e as demandas atuais do mercado.

Publicações:

Morao, G.A.; Adrién R., M.J. (2010) “Desempeñoproductivo, tipificación y rendimiento a lafaena de machos enterosjóvenes engordados a corral”. Revista InVet – InvestigaciónVeterinaria – publicado bajo lacategoría COMUNICACIÓN CORTA.http://www.fvet.uba.ar/publicaciones/xindex.php y enla base onlineSciELO http://www.scielo.org.ar/scielo.php/script_sci_serial/pid_1668-3498/lng_es/nrm_iso

Departamento de investigación y desarrolloConecar S.A. – FeedlotConecar, Zona rural Correa.

Morao, Gustavo; AdriénRüegger, M. Julia; Gonsolin, Rodolfo; Di Pietro, Franco; Medina, Matías; Pianetti, Verónica. “Nueva categoría Bovina: M.E.J. (macho enterojóven). Dpto. Investigación y Desarrollo – CONECAR S.A. – Presentación 3º edicióndelCongreso Argentino de Nutrición Animal 2011, Centro de exposiciones Parque Norte de laCiudad Autónoma de Buenos Aires.

Adrien Rüegger, M. J.; Morao, G. A.; (2011) “Desempeñoproductivo, rendimiento y tipificación de M.E.J Hereford y BrafordenFeedlot”. Presentaciónenel 34° Congreso Argentino de Producción Animal (AAPA) y Asociacion Americana de Ciencia Animal (ASAS- American Society Animal Science), Mar del Plata – Buenos Aires.

Fonte: Conecar Ganadera, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.