Com a desvalorização da moeda, a Argentina tem hoje amplas vantagens para reativar seu mercado de carnes, assim como a Austrália fez, após as modificações ocorridas no país referentes ao tipo de câmbio. Inclusive a Argentina poderia chegar a competir no mercado de exportação com a própria Austrália, segundo uma análise feita por um especialista australiano em agronegócios do Rabobank.
De acordo com a visão da Fiona Boal – especialista na indústria de carnes e consultora do Rabobank, entidade com sede na Holanda que financia empresas do setor em todo o mundo -, a Argentina precisa melhorar o acesso aos mercados, o que “está a caminho”, e aproveitar a desvalorização do peso argentino, que, no caso da Austrália, levou à expansão de seu comércio exterior.
A especialista, que se encontra desde sexta-feira em Buenos Aires, manteve contatos com empresários das indústrias argentinas de carne, com o objetivo de informá-los sobre a estrutura do setor na Austrália. Segundo Boal, apesar de ambos os mercados terem diferenças, também têm coincidências e, neste sentido, a Austrália vê a Argentina como um potencial competidor.
O status de livre de aftosa “é muito importante para as exportações da Austrália e, quando a Argentina for incluída novamente neste nível, será nosso competidor”, reconheceu Boal. “Quando a Argentina teve o status de livre de aftosa, prejudicou a Austrália no mercado canadense e no mercado de Taiwan”.
Boal destacou como um fator essencial para expandir as exportações argentinas de carne a desvalorização do peso, com base na experiência similar ocorrida na Austrália a partir de 1983. “A desvalorização vai ajudar na competitividade, e, no caso da Austrália, houve uma demonstração de como a depreciação do dólar australiano ajudou as exportações de carne”.
Fonte: E-campo, adaptado por Equipe BeefPoint