As restrições impostas pelo governo da Argentina às exportações de carne bovina permitiram que a indústria exportadora obtivesse em agosto a segunda maior receita de divisas dos últimos 12 meses, atingindo US$ 139 milhões, somente superando o recorde de US$ 160 milhões de novembro passado. Entretanto, a medida não beneficiou os produtores, que receberam preços até 13% menores, no caso das vacas, do que os pagos antes.
As restrições impostas pelo governo da Argentina às exportações de carne bovina permitiram que a indústria exportadora obtivesse em agosto a segunda maior receita de divisas dos últimos 12 meses, atingindo US$ 139 milhões, somente superando o recorde de US$ 160 milhões de novembro passado. Entretanto, a medida não beneficiou os produtores, que receberam preços até 13% menores, no caso das vacas, do que os pagos antes.
A medida oficial permitiu aos frigoríficos comprar a preços baixos no Mercado de Liniers. Além disso, o aumento dos preços internacionais contribuiu para gerar lucros. O volume exportado em agosto foi de 38.451 toneladas de cortes resfriados, congelados e processados. Considerando as exportações de miúdos, as exportações no mês passado se elevaram a US$ 150 milhões, 27% a mais comparado com 2005 e um aumento de 28% contra julho, ao vender 48,83 mil toneladas no total.
No entanto, o preço FOB de exportação por tonelada foi de US$ 7.932 para os cortes resfriados sem osso e de US$ 3.501 para a carne processada. Desta forma, em um trimestre o setor se afastou do piso que tinha chegado em maio, quando foram exportadas 4.312 toneladas de carne por US$ 30 milhões.
Segundo um informe do Instituto de Promoção da Carne Bovina (IPCV), apesar da melhora na receita evidenciada em agosto, o volume de exportações foi 2% menor do que no mesmo mês de 2005 (sem contar miúdos e vísceras). No entanto, esta queda pode ser considerada como quase nula considerando que em julho a baixa foi de 35% em comparação com 2005.
A importante melhora nos preços internacionais dos cortes bovinos argentinos ocorreu durante um mês no qual os envios da cota Hilton não têm muita incidência nos preços médios. O aumento nos valores internacionais para a carne argentina foi possível devido à flexibilização que permitiu a venda sem restrições de cortes caros de novilhos e de vacas em conserva.
Outra explicação é a forte expansão do mercado russo, cujas compras passaram de 13.538 toneladas por US$ 34,5 milhões em julho para 24.673 toneladas por US$ 60,9 milhões em agosto. Desta forma, a Rússia continua sendo o principal destino das carnes resfriadas, congeladas e processadas da Argentina, já que compra 46% do total, contra 18% da União Européia (UE).
Porém, o aumento das receitas para os frigoríficos exportadores não beneficiou os produtores. Neste sentido, durante o mês de agosto, os preços ao produtor foram até 13% menores, no caso das vacas, do que se pagava antes. Em média, o gado em pé, com destino tanto interno como de exportação, esteve 6% abaixo do que em agosto de 2005.
Há algum tempo os produtores insistem que os frigoríficos ficaram com parte de sua rentabilidade, aproveitando os melhores preços internacionais e pagando o gado com preço regulado (com a referência de 2,40 pesos, ou 77,58 centavos de dólar, o quilo do novilho no Mercado de Liniers).
A reportagem é do site de informações argentino Agritotal.